O grupo Zeal & Ardor lançou recentemente o quarto álbum de estúdio, GREIF. Em uma mistura de rock, blues, gospel e metal extremo, o trabalho mostra uma evolução no som da banda que veio acompanhado de letras bastante pessoais e sombrias.

GREIF foi inspirado por uma tradição anual na cidade natal do vocalista e líder Manuel Gagneux, Gagneux, em Basel, na Suíça, onde uma criatura híbrida mítica desfila pelas ruas para as crianças, simbolizando o descontentamento do povo trabalhador de Basel em relação à elite opressora do outro lado.

O álbum é o primeiro do Zeal & Ardor que conta com a banda completa – o guitarrista Tiziano Volante, os backing vocals Marc Obrist e Denis Wagner, o baixista Lukas Kurmann e o baterista Marco Von Allmen – no estúdio, ao invés de Gagneux gravar tudo sozinho.

O Wikimetal conversou com Gagneux sobre o lançamento, o processo criativo, o envolvimento da banda e mais. Confira a entrevista completa logo abaixo.

Wikimetal: Como foi o processo de criação deste álbum?

Manuel Gagneux: Criar GREIF foi uma experiência transformadora. Foi intenso, catártico e, às vezes, caótico, mas sempre profundamente gratificante. Nos permitimos ser mais abertos, deixando que cada emoção, cada pensamento, fluísse para a música. O processo de gravação foi uma extensão disso, capturando a energia e o espírito cru que alimentaram o álbum.

WM: O processo criativo e de gravação foi diferente desta vez. Você convidou os outros membros da banda para participar do processo de gravação, enquanto antes tudo era feito por você. Qual foi o motivo dessa mudança?

MG: No passado, o Zeal & Ardor era muito uma visão singular, mas desta vez, senti que era necessário evoluir, abraçar os talentos e perspectivas dos outros membros. Esta não era apenas a minha história para contar; era uma expressão coletiva, e trazê-los para o processo de gravação foi uma forma de honrar isso.

    WM: Como foi essa experiência?

    MG: Foi libertador e revigorante. Todos trouxeram sua própria energia única, o que criou um ambiente onde as ideias fluíam livremente. Houve momentos de fricção, claro, mas isso apenas nos empurrou a cavar mais fundo e criar algo que realmente representa quem somos agora como banda.

    WM: O álbum tem uma música que representa essa mudança na banda?

    MG: “To My Ilk” se destaca como uma faixa que encapsula essa mudança. É uma música que não existiria em nosso trabalho anterior, um resultado da colaboração e da disposição de explorar novos territórios juntos.

    WM: Olhando para trás agora, você pode nos dizer se há um tema claro no álbum?

    MG: O tema de GREIF é a dualidade da dor e do poder, do luto e da resistência. É sobre enfrentar a escuridão, mas também encontrar força dentro dela. Cada faixa reflete uma faceta diferente dessa luta, seja ela pessoal, social ou existencial.

    WM: GRIEF soa como uma mudança de direção para vocês. Isso está certo?

    MG: Sim, GREIF representa uma mudança. É mais colaborativo, mais variado em suas influências e mais brutalmente honesto. Este álbum nos faz ultrapassar os limites do que o Zeal & Ardor pode ser.

    WM: Algumas das músicas têm uma profundidade emocional forte. Existem eventos pessoais incorporados ao álbum?

    MG: Com certeza. Há muita experiência pessoal entrelaçada na essência deste álbum. Nem sempre é explícito, mas as emoções, as lutas e as reflexões são muito reais e muitas vezes derivam de nossas próprias vidas.

    WM: Agora, algumas perguntas para que os leitores e fãs possam conhecê-lo melhor: suas bandas favoritas?

    MG: Somos inspirados por uma ampla gama de artistas, mas bandas como Nine Inch Nails, Meshuggah e Swans tiveram um impacto profundo em nós.

      WM: Seus álbuns favoritos de todos os tempos?

      MG: Álbuns como The Downward Spiral. do Nine Inch Nails, Catch Thirty Three, do Meshuggah. e Soundtracks for the Blind. do Swans. são alguns que consideramos de alta estima.

      WM: O que você tem escutado ultimamente?

      MG: Ultimamente, temos mergulhado em uma mistura de antigo e novo – de tudo, desde Black Midi até Liturgy e alguns discos de gospel obscuros. É tudo sobre encontrar aquela faísca em lugares inesperados.