Texto por Ana Clara Martins

É possível imaginar que um dos momentos mais memoráveis da história do hardcore/punk em solo carioca ocorreu em pleno primeiro dia útil da semana? Foi exatamente o que aconteceu durante a noite da última segunda-feira, 15, em que a banda norte-americana Turnstile se apresentou no espaço Sacadura 154, no centro do Rio de Janeiro. 

Antes mesmo do horário programado para o início do espetáculo, ainda sem qualquer sinal do grupo subir ao palco, o público já mostrava estar repleto de energia, iniciando as primeiras ondas de crowd surfing. A música de fundo foi ficando cada vez mais alta e a casa cada vez mais cheia, quando finalmente foi possível escutar em altíssimo volume “I Wanna Dance with Somebody”, de Whitney Houston, canção que tem sido tocada como introdução de todos os shows da turnê, o que repercutiu em passinhos coreografados e nas primeiras rodinhas. 

Após o fim da canção, Brendan Yates (vocal e percussão), Daniel Fang (bateria),  Franz Lyons (baixo) e Pat McCrory (guitarra principal) sobem ao palco com Meg Mills assumindo a guitarra rítmica. Franz aparece com seu potente baixo precision enquanto veste uma camisa do Flamengo — praticamente um carioca! 

“Mystery”, música que abre o renomado álbum GLOW ON (2021), também foi responsável por abrir o setlist. Trata-se de uma ótima escolha, já que consiste em uma faixa que mostra outras facetas da banda para além do hardcore. É justamente por isso que Turnstile é um ponto fora da curva dentro do gênero, já que o grupo mistura elementos de variados estilos, como rock alternativo, grunge, metal, shoegaze e até mesmo funk e soul, unindo o baixo e a bateria com ritmos groovados

Os sucessos do GLOW ON marcaram presença no show, que englobaram maior parte do setlist, como “ENDLESS”, “NEW HEART DESIGN”, “DON’T PLAY” e “WILD WRLD”. No entanto, o restante da discografia não ficou de fora: a banda passou por músicas de discos mais antigos, como as fervorosas “Drop”, “Big Smile” e “Real Thing”. Em certo momento, Daniel Fang protagonizou um solo de bateria que durou vários minutos, deixando muitos fãs boquiabertos. 

Todos os membros da banda aparentavam estar se divertindo, dançando e entregando muita energia, sobretudo Brendan. Em meio a sua voz penetrante, o público também conduziu um verdadeiro espetáculo seguindo de forma contínua e ao mesmo tempo desgovernada gritando todas as letras e pulando durante o mosh e as ondas de crowd surfing — que duraram praticamente o show inteiro, a não ser em músicas mais calmas, como “UNDERWATER BOI” e “ALIEN LOVE CALL”. 

Um dos pontos altos da noite foi a transição de “ALIEN LOVE CALL”, uma música suave e lenta, para “HOLIDAY”, que possui vocais e guitarras carregados de fúria. A apresentação foi encerrada com “T.L.C. (TURNSTILE LOVE CONNECTION)”, com todos vociferando “I want to thank you for letting me be myself”.

Turnstile provou que a comunidade do hardcore/punk está mais viva do que nunca, ao contrário do que os tiozões saudosistas pensam. É indiscutível que o rock não morreu e segue influenciando fortemente a geração atual.

Nosso colaborador Bruno Fernandes também foi ao show e registrou a noite. Confira nossa galeria de fotos logo abaixo.

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