Ícone do site Wikimetal
Turnstile - Glow On

Turnstile. Créditos: Divulgação/Jimmy Fontaine

Turnstile abandona rótulos e abraça transformações em ‘Glow On’

O quarto álbum de estúdio da banda mistura um pouco de tudo para criar um ambiente vivo e próspero

O mundo não é mais o mesmo de alguns anos atrás. Muito mudou em pouco tempo, inclusive a direção que o punk e o hardcore estão tomando. A banda Turnstile lançou seu quarto álbum de estúdio, Glow On, em 27 de agosto, se tornando o carro chefe da cena atual. 

O quinteto, composto por Brady Ebert, Daniel Fang, Brendan Yates, Franz Lyons e Pat McCrory, retomou aos trabalhos após três anos. O objetivo do novo álbum não era continuar o que estava sendo feito em Time & Space, de 2018, mas sim de misturar elementos novos com a energia do hardcore que sempre esteve com eles.

Os que estão familiarizados com a banda sabem que quaisquer canções deles incentivam o movimento. Não importa sobre o que as letras falam, se é feliz ou triste. Turnstile é uma das poucas bandas de hardcore que te pede para dançar. Em Glow On, isso é ainda mais enfatizado com a inserção de gêneros diferentes nas canções.

“Mystery”, a faixa de abertura, chega com alguns segundos de synth para preparar o terreno, com as guitarras e o eco do vocalista, Brendan Yates, em seguida. É um prefácio do que está por vir, da vivacidade e energia carregada ao longo do álbum. 

Em “Blackout”, Yates entende que ser o frontman da banda mais popular do hardcore atualmente significa que ele também precisa entreter, além de ser apenas o artista. Ele canta: “Oh yeah, and if it makes you feel alive/Well then I’m happy I provide/And when you see me on the floor/It’s just a part of my show”.

Dessa forma, ter que entreter também significa inovar. Em “Don’t Play”, Turnstile abraça o latin soul completamente, sem deixar de lado os clássicos breakdowns do hardcore. A execução geral da música foi tão boa que é impossível não imaginar o tipo de força que ela vai exercer sobre os fãs durante um show ao vivo. Novamente, Turnstile mostra ao que veio, dançando, incentivando o ouvinte a fazer o mesmo.

Já na faixa seguinte, o rumo se torna mais melódico e calmo. “Underwater Boi” aproveita para trazer um mix com shoegaze e dream pop, algo relativamente mais comum entre as bandas de hardcore nos últimos anos. Um grande exemplo é o álbum Hyperview, do Title Fight, que utilizou muito esse recurso. 

E apesar de ser um grande risco desacelerar desta forma, com um público que antecipava desesperadamente algo novo vindo de uma banda que tem histórico de pegar pesado em qualquer lançamento, “Underwater Boi” foi bem aceita e se tornou uma das favoritas.

Entre os singles lançados desde o início do ano, “Holiday” veio para reforçar o sentimento de vivacidade, calor e vontade de intensificar a vida. Yates grita “Too bright to live/Too bright to die/I wanna celebrate!”, sem precisar se justificar, sem precisar seguir uma direção única. A faixa demanda sua atenção, quer mostrar que Turnstile está simplesmente feliz por estar aqui.

Outras canções, como “Humanoid/Shake It Up” e “Endless” foram pensadas de forma que ajuda o álbum a ficar completo. Elas são curtas, energéticas e entram na temática e sensação geral da lista completa, mas suas composições são simples, de menor impacto. 

“Fly Again” abre com um toque gentil no piano, homenageando o avô de Yates, que era um pianista de jazz. Com a pegada lírica mais pesada, a música se torna a central de riffs do disco. 

Em “Alien Love Connection”, Turnstile se junta com Blood Orange para criar um som melódico, cheio de reverb, totalmente diferente do que havia feito pela banda até então, durante toda a carreira. Na canção final, “Lonely Dezires”, também com o artista britânico, a sensação de vertigem vai e volta nos últimos três minutos com diversos filtros de bandas punk mais antigas.

Ainda explorando a temática intensa do que é viver e como aproveitar o máximo do seu tempo na Terra, “Dance-Off” experimenta efeitos diferentes por cima da camada padronizada de bateria, questionando: é o mundo que está mudando ou eu que estou diferente?

“New Heart Design” facilmente se encaixaria numa banda de indie rock, com exceção dos gritos de Yates aqui e ali. O reverb solto nas linhas da guitarra, que já tem sua própria sensação mais californiana, junto com o playback falado no final mostra uma fórmula comum. No contexto de Turnstile, isso é novidade.

“T.L.C. (Turnstile Love Connection)” é a faixa mais “truzona” do álbum, mais clássica e apegada ao hardcore já conhecido. A batida frenética, os gritos, a rapidez e mudanças dentro de um pouco mais de um minuto e meio. ”No Surprises”, com os vocais do baixista Franz Lyons, é o último respiro antes da música final, quase como se fosse um adeus antes da festa de despedida.

A produção do álbum foi feita por Mike Elizondo, um veterano na indústria com um portfólio que vai de Mastodon a Jonas Brothers. A direção dele levou Glow On a um novo patamar, com a roupagem que precisava e com detalhes mais refinados. 

No total, são 15 faixas que vieram na data e hora certas, com uma banda já amadurecida e decidida com o rumo que quer tomar, mesmo que isso signifique abandonar rótulos típicos do hardcore punk. No fim, fãs mais jovens e que estão entrando na cena agora já não se importam com isso, eles só querem experimentar a transformação do gênero e dançar.

LEIA TAMBÉM: Ouvimos Senjutsu! Confira tudo sobre o melhor álbum do Iron Maiden em quase 30 anos!

Sair da versão mobile