Quando o primeiro álbum, autointitulado, do System Of A Down saiu, o mundo conheceu o estilo meio pirado do quarteto armênio-americano. Uma mistura de metal alternativo, música armênia, nu metal e uma áurea circense, meio maluca como um episódio do ‘Looney Tunes’. As letras, com muito fundo político e social, despertaram a vontade do público de uma versão metal do Rage Against The Machine. Mas essa nunca foi a intenção de Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan.
No dia 04 de setembro de 2001, 18 anos atrás, veio o segundo e definitivo álbum do System, Toxicity. Com uma produção muito mais afinada, méritos também do produtor/lenda Rick Rubin, essa é a obra prima da banda. Em termos de audiência, Toxicity chegou ao topo da parada da Billboard 200 em sua primeira semana, vendendo 220.000 unidades.
Sonicamente, o álbum é muito mais complexo e conciso. A banda experimentou uma variedade de estilos além do metal agressivo, incluindo jazz e melodias alongadas. “Eu queria colocar um pouco mais de harmonia nas músicas e isso requeria uma mixagem mais saborosa das guitarras leves no meio das pesadas”, disse Malakian em entrevista a Loudwire.
Tematicamente, a obra parte da relação de amor e ódio dos músicos por Los Angeles, mas também aborda o encarceramento em massa, suicídio, vício em drogas e até sexo grupal. As letras são comumente enigmáticas e essa é a intenção. Serj Tankian sempre disse não gostar de perguntas de sobre o que as músicas são. “Eu não sei o que significa, mas eu sei como faz com que eu me sinta”, disse Rick Rubin sobre a faixa-título. Existe todo um paralelo da forma de escrita da banda com o rock dos anos 60, como de Neil Young. “As letras não necessariamente fazem sentido, mas elas te dão um sentimento de que tem algo acontecendo”.
Outra inspiração polêmica é o assassino serial Charles Manson. “ATWA”, escrita por Malakian, tirou o título do movimento de Manson, acrônimo de “Air, Trees, Water, Animals” (“Ar, Árvores, Água, Animais”). “Quando se mostra alguns segundos do que Manson dizia, algo tipo ‘Se eu fosse matar, eu mataria todo mundo’, eles não mostram o que ele falou por uma hora antes dessa frase”, disse o guitarrista. “Existe todo um outro lado de Manson que não é ruim, mas na verdade é justo e certo”.
“Chop Suey!” foi eleita pelo Loudwire a Melhor Música de Rock Pesado do século 21. Esta é provavelmente a música tema da banda, aquela em que você pensa em primeiro lugar quando ouve o nome System Of A Down. Curiosamente, mesmo sendo o principal single do álbum, ela foi proibida e censurada de diversas rádios após o 11 de setembro, sendo considerada “suspeita”. É assim que a vida imita a arte, quando a hipervigilância norte-americana proibiu uma música de um grupo que luta constantemente contra o preconceito, o abuso de autoridade e o fascismo.
Toxicity é, afinal, um álbum tematicamente relevante, com um senso maníaco de peso e uma liricidade absurda. A declaração oficial de uma banda disposta a quebrar todo e qualquer obstáculo criativo em prol da arte e de seus ideais.