No último dia 14, o The Puro, projeto do Noel Hogan (co-fundador, guitarrista e compositor do The Cranberries) e da cantora brasileira Mell Peck, estreou com o EP Law of Return.
A colaboração entre os dois surgiu depois que Noel descobriu covers de Mell no YouTube, em 2019, por indicação de várias pessoas que recomendaram o trabalho da cantora, que hoje mora em Porto Alegre.
“Nós nos conhecemos e nas conversas surgiu a ideia de compor juntos. Desde então, nós não paramos, e as ideias estão sempre vindo”, conta ela. Os dois trabalham a distância e com ajuda de tradutores, já que Mell não fala inglês fluente.
Agora, nesse EP, Noel e Mell definem o som único do The Puro com três músicas inéditas, disponíveis em inglês e português. Exclusivo para o Wikimetal, a dupla passou faixa a faixa do EP e explicou a história por trás de cada uma delas e como foi o processo de criação. Confira abaixo!
“Law Of Return” / “Lei do Retorno”
Mell Peck: O que me levou a escrever “Lei do Retorno” foi o fato de vivermos em um mundo onde estamos cercados de energias, tanto positivas quanto negativas. Estamos propensos a viver, às vezes perto ou longe de pessoas, que muitas vezes, sem te conhecer, ou mesmo por simples inveja, te desejam mal, te ofendem. Quando vejo isso acontecendo, acabo, nesses momentos de reflexão, traduzindo essa tristeza de saber que estamos cercados por tudo isso.
E por isso só vejo uma solução, ou seja, colocar tudo nas mãos de Deus e como bem sabemos “nós colhemos o que plantamos”. Eu acredito fortemente na Lei do Retorno.
Noel Hogan: Esta é a primeira música que escrevi no piano. Eu não queria usar nenhuma guitarra na faixa, estava curioso para ver se escrever dessa maneira me faria escrever de forma diferente. Uma vez que os primeiros acordes começaram a surgir,a música foi criando forma. Musicalmente a faixa foi inspirada no disco dos anos 70, particularmente nas partes das cordas. A música acabou se tornando algo muito maior do que eu imaginava.
A bateria em especial foi inspirada na música “Running Up That Hill”, de Kate Bush. Eu gostei de como a bateria naquela música era constante e enérgica, então pedi ao nosso baterista uma batida que fizesse algo parecido com isso.
“Shortcuts” / “Atalhos”
Mell Peck: Minhas letras estão sempre ligadas aos fatos da realidade e um pouco da minha imaginação, ou mesmo de minhas vontades reprimidas. Pode ser algo que acabei de criar, ou, como imagino muitas outras pessoas que podem estar vivendo ou criando, algo dos dois mundos.
Quantas vezes queremos sair de nós mesmos e neste universo desconhecido fazer o que você não pode fazer na vida real. Grite, permita -se, seja você mesmo, cometa erros sem pressão, cruze essa linha que divide os paradigmas de certo, errado, pecado ou não.
Na verdade, vejo nesta letra como um grito que cada um de nós mantém dentro de si e, por preconceito, acabamos vivendo de uma maneira “presos dentro de nós mesmos”.
Noel Hogan: Esta é a faixa mais antiga de todas que trabalhei com Mell. Já existe em diferentes formas há algum tempo, e acabou sendo uma das nossas músicas mais pesadas. Eu gosto do refrão, do jeito pesado quase staccato que é tocado. A faixa é uma mistura de punk e grunge.
“Renascer”
Mell Peck: Quando eu estava escrevendo essa letra era como se eu estivesse retratando cada momento pós-morte de uma experiência vivida quando eu estava em um estado de “transe”.
“Renascer” tem o significado de alguém que passou por uma experiência após a morte e se depara com si mesmo. E, em algum momento, termina, aceitando tudo e começa, vendo um novo começo.