Mesmo sendo uma das bandas mais subestimadas do thrash metal americano, o Testament se destacou com grandes trabalhos durante sua história, que começaram em The Legacy (1987) e já mostravam uma banda altamente técnica, feroz e pronta para ser maior. Com isso, a banda deu seu próximo passo e em 1988 lançou seu segundo disco, The New Order, que os catapultou para os olhos do público.
Apesar de ter sido exigido com pressa devido aos contratos com as gravadoras Atlantic e Megaforce, a banda mostrou uma maturidade tremenda em comparação ao álbum de estreia. Podemos ouvir uma das duplas de guitarras mais aclamadas da história do metal, com Eric Peterson e Alex Skolnick, o primeiro proporcionando excelentes partes rítmicas, e o último apresentando um virtuosismo subestimado e profundo conhecimento de seu instrumento. Na verdade, no início dos anos 2000, Skolnick formou seu próprio trio de jazz, um gênero notoriamente complexo de interpretar em praticamente qualquer instrumento.
The New Order é uma vitrine completa de guitarras do início ao fim; desde a introdução da primeira faixa “Eerie Inhabitants”, a introdução de “Disciples Of The Watch”, até o interlúdio “Hypnosis”, e até mesmo encerrando com a rápida instrumental “Musical Death (A Dirge)”, em que a introdução apresenta arpejos reminiscente do estilo clássico.
A execução vocal de Chuck Billy em The New Order é particularmente digna de nota, apresentando um vocalista que aprimorou sua técnica ao longo dos anos, aventurando-se inclusive em territórios guturais, como evidenciado em álbuns como Demonic (1997). Em The New Order, ouvimos um estilo vocal que lembra James Hetfield do Metallica, mas com “esteroides”, com uma velocidade intrigante que aumenta o tom thrashiness do álbum. A presença do baixo é bem marcante, proporcionando estabilidade a toda a banda, graças ao excelente trabalho de Greg Christian, ousando inclusive executar um breve solo em músicas como “Disciples Of The Watch”, destaque também em “The Preacher” e “Trial by Fire”, em que ele assume o papel principal em todos os versos. Já Louie Clemente apresenta uma atuação sólida na bateria, estabelecendo a sonoridade clássica de bateria do Testament em seus cinco primeiros álbuns.
Apesar do álbum ter sido composto em meio à primeira turnê do Testament, recheada de pressões, o resultado foi primoroso. The New Order é sem dúvida um dos clássicos do thrash metal; ótimos solos, ótimos riffs e, acima de tudo, ótimas composições que exigiam um altíssimo nível de musicalidade para serem executadas corretamente. The New Order demonstra que o Testament sempre mereceu mais dentro da cena thrash metal; se pudéssemos relacioná-los com alguma banda, com certeza seria o Megadeth, pela sua técnica e profundidade musical, duas bandas que nunca se contentaram com faixas medíocres, e quando tiveram contratempos, imediatamente os compensaram.
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