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Serj Tankian, do System of a Down, no documentário 'Truth to Power'

Serj Tankian, do System of a Down, no documentário 'Truth to Power'. Crédito: Reprodução/YouTube

Político e popular, System of a Down reflete sobre o poder da música em mudar o mundo no documentário ‘Truth to Power’

Documentário explora a importância do ativismo da banda na Armênia

Você acredita que a música tem o poder de mudar o mundo? Uma pergunta aparentemente simples pode trazer à mesa algumas reflexões e entre elas, surge Truth to Power, documentário sobre Serj Tankian, a música de System of a Down e seu ativismo.

Lançado em abril de 2020 durante o Tribeca Film Festival e, em fevereiro deste ano, disponibilizado aos fãs por streaming, o filme explora a trajetória de Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan na luta pelo reconhecimento do genocídio armênio que aconteceu em 1915. Na época o local era dominado pelo Império Otomano e, na busca pela independência, o povo armênio foi massacrado. Até hoje, a Turquia, o Estado sucessor do império, nega o termo “genocídio” como uma definição para o que aconteceu. Entre os diversos protestos e lutas a favor do reconhecimento do massacre, criou-se o System of a Down e é essa a história que vemos em Truth to Power.

Dirigido por Garin Hovannisian, cineasta armênio-americano responsável pela obras sobre o assunto (I Am Not Alone e 1915), o documentário foi criado a partir de declarações, gravações e filmagens do próprio vocalista do SOAD, além de declarações dos demais integrantes. Tom Morello, grande ativista e amigo de Serj, e o icônico produtor Rick Rubin também aparecem no longa, contando um pouco sobre a jornada da banda.

Entre lembranças sobre a formação da banda, sucesso de vendas dos discos e shows feitos ao redor do mundo, o documentário mostra momentos históricos da trajetória do grupo, e especialmente de Serj, na luta ativista da Armênia, incluindo o papel fundamental do cantor nos protestos pacíficos da Revolução Armênia em 2018, que derrubou o regime oligárquico de Serge Sarkissian.

Na época, Serj apoiou os protestos pacíficos anti-governamentais que Nikol Pachinian, atual primeiro-ministro da Armênia, liderou contra o governo de Sarkissian. Os protestos concentraram-se na frustração com a pobreza generalizada e a corrupção no país, assim como com as manobras políticas de Sarkissian de permanecer indefinidamente como líder do país.

A tensão entre os integrantes da banda é óbvia e isso se deve às diferenças criativas e até políticas de cada um – como a escolha de John Dolmayan em apoiar Donald Trump durante seu mandato presidencial nos Estados Unidos, algo que Serj discorda totalmente. Porém a banda trata isso com naturalidade ao não fazer menção às escolhas políticas individuais e falar abertamente sobre as dificuldades que sofrem ao tentar fazer um novo álbum juntos. Inclusive algo que é bastante tratado durante os 79 minutos do longa é a divergência de visões entre os integrantes.

Serj Tankian faz de sua missão de vida lutar pelo reconhecimento do genocídio armênio e pela defesa dos direitos humanos e ambientais, enquanto seus colegas dedicam suas vidas à música, a usando apenas como uma das ferramentas para essas lutas. As duas missões são louváveis e merecem todo o nosso apoio, especialmente por mostrar a todos nós a força que a música tem de unir as mais diversas crenças, credos e lutas em prol de algo maior.

A mensagem do documentário é clara: a música tem força de mudar uma cultura e essa sim tem força de mudar o mundo. Mas uma mensagem que não deve ser deixada de lado é a de união. A música, e mais precisamente aqui o heavy metal, uniu quatro garotos que sonhavam em mudar o mundo e torná-lo mais justo. E com hits na Billboard, shows nos quatro cantos do mundo e muita paixão, eles realizaram esse sonho.

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