A aguardada primeira edição do festival alemão Summer Breeze Open Air no Brasil aconteceu no último final de semana em São Paulo. E o saldo desses dois dias de uma maratona de shows incríveis e uma experiência que abre portas para um novo patamar de festivais de rock e metal no país.

Com uma ótima estrutura acomodada no Memorial da América Latina, o festival trouxe uma proposta completamente diferente de todos os grandes festivais de música pesada existentes no Brasil, mesmo se considerarmos o recém-chegado Knotfest, que terá nova edição no final de 2023, e o Monsters of Rock, cujo retorno foi confirmado após a edição deste ano. 

No caso do Summer Breeze Brasil, realizado nos dias 29 e 30 de abril, a experiência europeia de 25 anos resultou em um festival para além dos palcos, devidamente enriquecido com espaços de ativações relevantes ao público, da Feira Geek à Horror Expo, com lojinhas de acessórios, feira de tatuagem, palco de palestras e oportunidade de autógrafos e encontros com artistas: a imersão vai além da grade intensa de shows.

A equipe do Wikimetal esteve presente nos dois dias de evento e trazemos aqui um resumo de como foi o festival.

Resumo do Summer Breeze Brasil: line-up acertado, som alto demais e os palcos 

Quando o line-up do Summer Breeze Brasil foi anunciado, a quantidade de fãs satisfeitos provavelmente foi proporcional aos que reclamaram, especialmente sobre headliners. Mas ao final do evento, é possível afirmar com absoluta certeza: as atrações foram muito bem escolhidas e o grande público aglomerado em frente aos palcos principais nos dois dias prova isso. Foi incrível ver tanta gente reunida em um festival que não trouxe nenhum dos nomes batidos que, apesar de amados, sempre se repetem nas escalações por aqui.

Lamb of God no Summer Breeze Brasil
Lamb of God no Summer Breeze Brasil. Crédito: Leca Suzuki

Seguindo a lógica do mercado no exterior, o Summer Breeze trouxe bandas queridas pelos brasileiros, mas que nunca fizeram shows tão grandes no Brasil, como bem notou o vocalista do Kreator durante a apresentação da banda no último domingo, 30. 

E mesmo acreditando que algumas bandas foram colocadas em horários não condizentes do seu tamanho diante da realidade dos fãs daqui, no final do dia, o Summer Breeze provou ter feito escolhas acertadas.

Na questão de palcos, a dinâmica dos vizinhos Ice e Hot Stage funcionou muito bem: quem queria esperar na grade por uma atração específica em um deles podia assistir ao show ao lado nos telões, que proporcionaram uma ótima visão para pessoas em ambos os lados. Os intervalos curtos entre shows, geralmente de cinco minutos, foram suficientes para o deslocamento em nossa experiência, até mesmo para atravessar o Memorial e chegar ao Sun Stage. 

A divisão de setores na pista do evento, que contava com uma pequena área premium aos fãs com ingressos do tipo Summer Lounge, pareceu justa. A área exclusiva existia apenas nos palcos principais e era curta na parte frontal, com mais espaço à direita do Hot Stage, mas sem prejudicar o público geral. Nesses palcos, era possível ter uma boa visão de vários ângulos. 

Infelizmente, os elogios não se repetem no Sun Stage. O menor palco aberto ao público geral recebeu grandes nomes do metal, de Crypta e Napalm Death a Accept e Stratovarius. Sem telões, o palco ficou pequeno para essas atrações e, apesar de fazer sentido para nomes menores e projetos diferentes, seria interessante ver esse palco repensado nas próximas edições.

Kreator no Summer Breeze Brasil. Crédito: Leca Suzuki
Kreator no Summer Breeze Brasil. Crédito: Leca Suzuki

Outro aspecto que ficou a desejar foi o som do evento. Quem chegava na estação Barra Funda já podia escutar claramente o som dos shows dos palcos principais, mas quem estava dentro do evento sofreu. De modo geral, em ambos os dias e em todos os palcos, o volume era exagerado e não era raro ver pessoas tampando os ouvidos na falta de proteção auricular. 

Por experiência própria, esse recurso foi necessário por dois motivos: proteger a audição das violentas ondas emanadas pelas caixas e procurar o som das guitarras e vocais, já que todo esse volume destacava apenas os sons graves da bateria e baixo, enquanto outros elementos ficaram perdidos. Mesmo na nossa passagem pelo Waves Stage na cobertura do Vixen, o som no auditório seguiu essa lógica. Definitivamente, esse é um ponto de melhoria crucial para as próximas edições.

Apesar de pouco tempo para explorar as demais áreas do evento sem perder shows incríveis, motivo pelo qual boa parte do público não deve ter explorado as áreas mais remotas do festival, a experiência do Summer Breeze Brasil no quesito ativações foi surpreendente: as marcas presentes faziam completo sentido e a presença da Horror Expo foi uma ótima parceria, proporcionando muitas fotos de headbangers com ícones do terror e cenas inusitadas, como ver Regan McNeil, de O Exorcista, curtindo shows entre uma sessão de exorcismo e outra.

Próximo ao Waves Stage, o pavilhão mais distante do Sun Stage tinha ainda uma feirinha de tatuagem e mais lojas de camiseta de banda e instrumentos. Em nossa passagem pelo local, o movimento era moderado, passando a impressão de que a galera ainda precisa conhecer o Summer Breeze na totalidade, algo que o tempo e a familiaridade com as possibilidades do festival devem resolver.

O saldo final é completamente positivo e a brisa alemã de verão é mais do que bem vinda no circuito de festivais de rock e metal no Brasil, que promete se consolidar nos próximos anos. Ficou provado que existe público para além do mainstream explorado no Rock In Rio – e o Summer Breeze Brasil tem tudo para se tornar um dos maiores festivais do gênero no país.

Crypta no Summer Breeze Brasil. Crédito Leca Suzuki (1)
Crypta no Summer Breeze Brasil. Crédito: Leca Suzuki

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