E sobre a História e a ética do Wikimetal”
Por Daniel Dystyler
Criamos o Wikimetal em Janeiro de 2011.
Liguei pro Rafa e depois pro Nando que imediatamente toparam e desde então temos trilhado essa difícil trajetória de defender o Rock e o Heavy Metal no nosso país.
Tudo tem dado muito certo nestes 7 anos.
Nossa audiência segue crescendo consistentemente e bateu todos os recordes no mês passado. Nossa equipe (agora somos 11), nossos clientes, nossos resultados, tudo têm crescido de forma que 2017 foi nosso melhor ano sob qualquer aspecto.
Temos tentado ao máximo evitar “atalhos”. Descartamos coisas que facilmente trariam pageviews, porém sem valor. E isso é um exercício muito difícil e que tem que ser monitorado diariamente. A cada momento, aparece uma tentação que se fizermos de um jeito vai dar mais resultado, mas talvez não seja o jeito correto.
Existem um zilhão de exemplos que eu poderia dar, mas só pra me ater ao mais recente:
Esta semana a enorme maioria dos veículos de música publicou o novo som do Angra com a Sandy. Isso saiu no UOL e em diversos veículos relevantes que falam de música (a maioria editou seus posts depois que a banda foi obrigada a soltar um teaser de 1 minuto por conta do vazamento ilegal ou mantiveram o post que agora mostra um vergonhoso vídeo que dá erro).
O Wikimetal foi um dos poucos veículos que não deu a noticia. Não porque não sabíamos da música, mas sim porque sabíamos da forma como ela foi divulgada.
Certamente nós do Wikimetal deixamos de ganhar views, porém seguimos construindo nosso caminho, sem atalhos, mais difícil e mais longo.
Muitas vezes, números apenas não conseguem contar toda a história.
Pode ser que o Angra (que por sinal, nos convidou para a audição oficial do álbum antes de seu lançamento) e as pessoas super competentes que fazem a Assessoria de Imprensa da banda, enxerguem o Wikimetal de forma diferenciada por conta dessa nossa atitude. Pode ser que não.
Mesmo que eles não percebam, ao menos, eu durmo com a consciência tranquila de ter tentado fazer o correto.
No ano passado, criamos uma sessão de humor no site do Wikimetal chamada FakeMetal. O nome já diz bastante sobre a idéia de produzir notícias fictícias, as chamadas “Fake News”. como se fosse um “Sensacionalista”, porém focando exclusivamente em notícias fictícias de Rock e Heavy Metal.
É como se fosse aquela sessão de humor que os jornais, revistas ou sites trazem para ter um momento de descontração e dar algumas risadas no meio do nosso dia tão atribulado.
Na última quinta-feira, o FakeMetal fez um post (portanto fictício) relatando que existia o movimento “Tô Cagando pro Carnaval”, convidando as pessoas que não curtem o Carnaval a participar, postando uma foto sentada em uma privada fazendo com a mão o símbolo do Metal. No dia seguinte, anunciamos que premiaríamos a melhor foto com DVDs e CDs do Black Sabbath e Ozzy.
O post não falava nada sobre quem gosta de Carnaval, muito menos criticava quem curte a festa. Não entrava no mérito sobre a relevância do Carnaval que se por um lado movimenta milhões de pessoas e aquece uma parte da economia, por outro lado paralisa o país inteiro por 3 dias ou mais, traz inúmeros reportes de assédio sexual, depredação de patrimônio público entre outros inúmeros problemas principalmente nas capitais.
Portanto, sem entrar no mérito se o Carnaval de fato é bom ou não, o post do FakeMetal (relembrando: a sessão de humor que só posta notícias fictícias) convidava as pessoas que não gostam de Carnaval a participarem da suposta campanha.
Ricardo Seelig do site Collector’s Room, que por sinal eu nunca tive a oportunidade de conhecer, conversar ou ao menos trocar alguma mensagem, postou em suas redes sociais:
“Mais um exemplo de como a cena metal brasileira está tomada de quarentões preconceituosos que parecem crianças mimadas” (leia mais aqui)
“Piada que prega preconceito contra uma festa popular que mobiliza milhões de pessoas pelo Brasil e é linda em vários sentidos não é piada, é falta de noção” (leia mais aqui)
“Questionei o site sobre essa ideia tão desastrosa, que parece saída da mente de uma criança de 8 anos e não de um dos maiores sites brasileiros sobre heavy metal e que é tocado por homens adultos na faixa dos 40 anos” (leia mais aqui)
Ao ler o que ele postou, eu fiquei muito na dúvida sobre o que nós do Wikimetal (em especial, eu) tinhamos feito.
Se eu tinha de fato cruzado uma linha indevida ou não. Sempre me vejo como “fator causal” de qualquer coisa que ocorra e tento ver o que eu podia ter feito diferente. Tanto que tirei a premiação do ar somente para diminuir o barulho.
E apesar de tirar a premiação, não consegui ver aonde fomos “preconceituosos ou crianças mimadas”. Aliás o termo “quarentões” e a conclusão que “o Wikimetal é tocado por homens adultos na faixa dos 40 anos”, isso sim me parece além de muito desnecessária, super preconceituosa, sem falar que é totalmente errada, uma vez que apesar de Nando, Rafa e eu sermos os fundadores, o conteúdo do Wikimetal sempre foi feito por pessoas que têm menos de 30 anos.
Por sinal, todas mulheres. Desde 2012.
Obrigado (em ordem cronológica) Julia, Erica, Iza e Anna.
Achei uma reação totalmente desproporcional. Nos chamar de preconceituosos? De espalhar ódio?
What? Que coisa mais sem noção…
Incontáveis as vezes que nos posicionamos (dentro e fora do site) contra o machismo na cena, contra homofobia, contra abusos, defendendo um ambiente com diversidade (dentro e fora do site), enfim…
Mas independente disso, fiquei pensando se valia a pena responder ou não, afinal é uma opinião de uma pessoa que eu não conheço, nunca conversei, nunca tentou conversar comigo, não conhece o Wikimetal e portanto claramente não tem a menor ideia do que está falando. Por outro lado, essas opiniões geraram um certo barulho na rede.
Vale a pena tentar esclarecer? De fato, não sei… Se eu tivesse a certeza que valeria a pena, ao invés de escrever este texto, eu teria entrado em contato com ele. Mas tenho dúvidas se vale o esforço.
De coração, agradeço imensamente às diversas manifestações nas redes sociais que demonstraram entender claramente quem somos e a nossa História.
Tenho dúvidas sobre como concluir exatamente este texto.
Acho que mais importante que ter uma conclusão, é toda a história de ética, integridade, diversidade e inclusão que o Wikimetal vem construindo.
Nossos resultados (e a forma como os temos conseguido) falam por si.
Adoraria que a nossa campanha tivesse sido criticada por alguém relevante que banca o Carnaval (como a Rede Globo) que tivesse se ofendido. Teria valido mais a pena.
E se por acaso, alguém achar que a campanha que entregaria 2 DVDs + 1 CD do Black Sabbath e Ozzy pra foto mais criativa de alguém sentado numa privada fazendo o símbolo do Metal era uma coisa legal… ahm… bem… a Internet é livre e você pode postar o que quiser, inclusive uma foto dessas com a hashtag #ToCagandoProCarnaval.
Quem sabe, os prêmios aparecem na sua casa…