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Capas dos discos Iowa e We Are Not Your Kind, do Slipknot

Capas dos discos Iowa e We Are Not Your Kind, do Slipknot. Créditos: Divulgação

Slipknot: Afinal, é justo comparar ‘We Are Not Your Kind’ e ‘Iowa’?

O disco Iowa completa hoje 18 anos, dias depois do lançamento de We Are Not Your Kind

Lá em meados de maio deste ano, o vocalista Corey Taylor deu uma declaração que deixou os maggots ainda mais animados para We Are Not Your Kind, álbum que seria lançado alguns meses depois. Em agradecimento ao apoio pela faixa “Unsainted”, Taylor tuitou a seguinte frase: “O novo álbum tem momentos Iowa”, em referência ao segundo disco do Slipknot. Iowa, pra quem não sabe, é um dos discos de metal mais celebrados da década.

Veio então o guitarrista Jim Root jogar um balde de água fria, falando que “Não compararia [os dois discos] nem em um milhão de anos”. Ele defendeu que a banda é outra e que o som também. Mas, afinal, We Are Not Your Kind é ou não é comparável a Iowa, o Opus Magnum do Slipknot?

Se a comparação for pelo sucesso de público, esta se torna totalmente justificável e certeira. WANYK desbancou o Ed Sheeran e chegou ao primeiro lugar dos Official Charts britânicos. Isso não acontecia desde, veja só, o lançamento de Iowa, em 2001.

Em questões sonoras, as coisas parecem mudar um pouquinho de figura. Numa primeira audição, todo o experimentalismo do novo disco afasta a banda de seu trabalho do início da década. Pra começo de conversa, WANYK tem três faixas introdutórias, uma para cada “parte” do álbum. Além disso, o lado melódico do Slipknot está muito mais presente aqui, com verdadeiras baladas.

O mais próximo de uma balada em Iowa era “Left Behind”, indicada ao Grammy de Melhor Performance de Metal, com alguns vocais limpos e um ar um pouco mais radiofônico. A faixa, inclusive, tem ramificações em “A Liar’s Funeral”, do novo disco, por exemplo.

Mas, parando para analisar, existem sim outras semelhanças. O primeiro disco, autointitulado, era muito mais calcado no nu-metal. Foi só no segundo álbum da banda que outras influências apareceram mais. Jim Root e o segundo guitarrista Mick Thomson eram muito mais ligados ao thrash e ao death metal. O lançamento de 2019 explora essas influências muito bem.

O riff inicial de “Red Flag”, por exemplo, lembra muito o novo Metallica, do Hardwired… to Self-Destruct. Já as guitarras de “Critical Darling” têm um quê de Anthrax. O vocal meio hip-hop dessa faixa também pode ser comparado com “I Am Hated”, do antigo sucesso. Ambas trazem muito da influência do rap.

Iowa é, em essência, um álbum raivoso sobre depravação e miséria. O percussionista Shawn “Clown” Crahan chegou a dizer que xingava quem pedia um novo disco como aquele. “Nós quase morremos todos fazendo aquele disco. Foi assim divertido! Todos nós quase morremos”, explicou em entrevista.

Toda a gravação da obra foi feita num clima de miséria e destruição. Os músicos estavam exaustos da turnê do disco inicial e ainda não recebiam dinheiro o suficiente para se manter. Muitos deles, incluindo Corey Taylor, afundaram-se nas drogas como forma de lidar com doenças psicológicas.

“Eu só me lembro de muita escuridão e raiva”, comentou Taylor sobre a época. “Eu me cortava enquanto gravávamos e sangrava por todos os lugares. Então, eu passava mal e vomitava. Eu só queria sentir alguma coisa”. O vocalista havia acabado de sair de um relacionamento tóxico e passava por um dos períodos mais difíceis de sua depressão.

E, neste ponto, os dois álbuns se aproximam muito: em como os momentos difíceis criaram algumas das letras mais misantrópicas e negativas da carreira. We Are Not Your Kind foi feito enquanto a banda ainda lidava com a morte de Paul Gray, a saída de Joey Jordison e a briga com Chris Fehn. Corey ainda havia acabado de se divorciar de sua esposa. É desses períodos de desesperança total que o Slipknot parece tirar o melhor de suas pretensões artísticas. Pode-se dizer, então, que We Are Not Your Kind carrega a mesma agressividade lírica e a descontentamento em suas letras que carregava Iowa. A diferença é que, 18 anos depois, a banda continua expandindo seus alcances sonoros e utiliza-se de artimanhas experimentais para alcançar todo o clima de miséria que o tão festejado segundo disco trazia.

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