Quando o Slipknot anunciou o sétimo álbum da carreira, The End, So Far, lançado nesta sexta-feira, 30, os maggots (fan base do grupo) foram à loucura acreditando, com motivo, que este seria o último da banda. Corey Taylor levou alguns dias para explicar que o grupo estava longe de colocar um fim à sua carreira, mas que um ciclo estava se fechando para dar a oportunidade a um novo. The End, So Far é o último álbum do Slipknot com a Roadrunner Records, gravadora que assinou o grupo em 1998.

A parceria teve seus altos e baixos, assim como quase tudo na carreira e vida pessoal da banda e seus integrantes. Abusos, perdas, lutos, overdoses, divórcios, términos… A lista é imensa. Todas essas dificuldades e os demônios que as acompanharam se transformaram em música na voz de Taylor. Com canções extremamente pessoais, o som e o tom viscerais do Slipknot são reconhecíveis a quilômetros de distância.

Pois bem, agora a banda aperta o botão de reset e testa novos limites. As letras que um dia foram inspiradas em experiências pessoais dos integrantes da banda, se transformam em algo maior que eles. The End, So Far traz letras sobre os fãs e seus desejos, sobre os sentimentos mais comuns em nós, seres humanos, e nossos maiores defeitos.

Essa mudança pode ter sido influenciada pelo fato de que a banda, em muito tempo ou até mesmo pela primeira vez, se encontra em uma fase boa e pacífica. Os integrantes trabalharam nos relacionamentos internos da banda e estão bem em suas vidas pessoais. Corey disse em uma entrevista ao The Zane Lowe Show que a banda pôde enxergar cada integrante como realmente é e se aceitar com o amor que foi construído durante todos esses anos. Em The End, So Far temos, pela primeira vez, um Slipknot livre de dramas, tanto pessoais quanto profissionais.

A sonoridade caótica da banda ainda se mantém pesada e coerente neste trabalho, mas agora traz um tom mais organizado e até melódico, como na faixa que abre o disco, “Adderall”. A abertura é suave e poderia te preparar para o que vem pela frente, mas Slipknot, em sua forma mais madura, sabe mais que nunca como surpreender o ouvinte.

Logo em seguida vem a tríade de singles já divulgados anteriormente “The Dying Song (Time to Sing)”, uma porrada em seu ouvido, “The Chapeltown Rag”, que celebra o legado da banda em uma clássica sonoridade Slipknot, e “Yen”, uma pesada, sombria e catártica música de amor, que, segundo o próprio vocalista (via The Zane Lowe Show), foi inspirada por seu primeiro relacionamento saudável, o com sua atual esposa Alicia Dove.

Taylor disse em diversas entrevistas que The End, So Far, é uma continuação mais pesada de Vol. 3: (The Subliminal Verses). E de fato as sonoridades presentes no terceiro álbum de estúdio do grupo retornam neste sétimo álbum, mas por outro lado a sonoridade aqui traz um tom visceral que o Slipknot ainda não havia explorado. Por exemplo “Acidic”, que mostra como esse tempo longe do Slipknot, transportou o vocalista para outros projetos, como seu trabalho solo e até mesmo o Stone Sour, que atualmente está em hiato, e trouxe a suavidade e flexibilidade de sua voz.

Outra canção que mostra a pluralidade e peso inexplorado até agora do grupo é “H377”, que aparece quase no final do álbum como a 10ª canção de 12 faixas. Frenética, poderosa e potencialmente o novo caminho que a banda deve levar daqui em diante.

Ainda não se sabe o que acontecerá com o grupo, apenas que este não é o fim do Slipknot. Com uma nova gravadora ou com produção independente, a banda provou com The End, So Far, que tem muito o que experimentar até a próxima novidade.

Sempre ocupados, os nove integrantes da banda estão agora em turnê e se preparam para vir à América Latina em dezembro para o Knotfest, e finalizando esta turnê, daqui um tempo, será possível enxergar quem realmente a banda escolheu ser e como esse ciclo será encerrado definitivamente.

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Categorias: Notícias Resenhas

Jornalista musical há 8 anos, é editora do Wikimetal, onde une suas duas grandes paixões: música e escrita. Acredita que a música pesada merece estar em todos os lugares e busca tornar isso realidade. Slipknot, Evanescence e Bring Me The Horizon não podem faltar na sua playlist.