A The River Is Rising Tour finalmente chegou ao Brasil na última segunda-feira, em Belo Horizonte, com o primeiro show do giro pelo país. Na noite da última quarta, 31, foi a vez de São Paulo sentir o poder de Slash feat. Myles Kennedy and The Conspirators.
Em uma turnê de promoção de seu álbum mais recente, 4 (2022), a performance aconteceu no Espaço Unimed, localizado próximo ao terminal Barra Funda, em uma noite que entrou para a história.
Velvet Chains
Aconteceram dois shows na noite. O primeiro deles, o de abertura, ficou a cargo da banda estadunidense Velvet Chains, que também será a responsável pelos outros shows aqui no Brasil.
Com previsão de início às 20h, alguns minutos antes disso, a banda subiu ao palco. Em uma apresentação regada à potência, bons solos de guitarra e até mesmo frases em português, a banda entregou um bom show de abertura, com direito a uma música nova, intitulada “Enemy”.
O Velvet Chains também fez até um cover versão hard rock do clássico “Suspicious Mind”, de Elvis Presley, que adquiriu uma face completamente diferente. Com um setlist curto — em torno de 30 minutos — o grupo fez um show que com certeza poderia ter sido mais longo.
Slash feat. Myles Kennedy and The Conspirators
Também iniciando alguns minutos antes, acordes de baixo puderam ser ouvidos às 20:57 e então, Slash, Myles Kennedy (vocais), Todd Kerns (baixo), Brent Fitz (bateria) e Frank Sidoris (guitarra) subiram ao palco e o show começou.
Logo com “The River Is Rising”, do novo álbum do grupo, a banda já mostrou a que veio, com os ótimos vocais de Kennedy e o primeiro solo de Slash na noite.
Emendando logo em seguida a empolgada “Driving Rain” fez as pessoas levantarem suas mãos em uma performance muito boa e eletrizante.
A primeira faixa do álbum Apocalyptic Love (2012) foi “Halo”, com uma iluminação mais baixa e focalizada nos integrantes. Eles não deixaram o ritmo cair e entregaram uma performance excelente.
Provocando o público, o SMKC trouxe uma surpresa no set, com “Too Far Gone”, que, em geral, não empolgou muito a audiência.
Em compensação, o riff inicial de “Back From Cali” já levou as pessoas a gritarem. Em um ritmo cadenciado, a faixa faz parte do álbum Slash (2010).
Com a boa introdução de bateria de Brent Fitz, ela é o grande destaque de “Whatever Gets You By”, que seguiu o ritmo menos frenético, mas ainda assim, potente. A música não está entre as de maior destaque do 4, mas ainda assim, muito bem executada ao vivo.
Após uma fala de Kennedy ao público, ele introduziu “C’est La Vie”, esta sim, um grande momento do álbum, — talvez a melhor — com o refrão pegajoso e Slash, que entrega também o bom solo da faixa com emoção.
Cantando sobre ações falarem mais alto que palavras, a banda seguiu com “Actions Speak Louder Than Words”, com um riff que é um espetáculo à parte, dançante e viciante, com um solo muito bem construído. A bateria também é um dos grandes destaques da faixa.
Agora foi a vez de Kerns assumir os vocais, instigando o público a fazer barulho. Com Slash dando início, “Always On The Run” de Lenny Kravitz, veio em seguida. Em uma versão mais pesada e, obviamente, com guitarras mais pesadas, a escolha foi uma ótima pedida, com Slash realizando um solo longo que complementou a música.
O ritmo acelerado diminuiu, com a linda “Bent To Fly” do álbum World On Fire (2014). Iniciando calma, a música eleva o nível em seu refrão, com Kennedy fazendo uma performance excepcional e Slash também entregando uma ótima performance.
As luzes seguiram o ritmo de “Sugar Cane”, e a banda performou a última faixa do álbum Living The Dream da noite, sendo muito aplaudidos pelo público. O riff característico de “Spirit Love” se iniciou, e um palco iluminado de vermelho, com mistura de luzes brancas frenéticas, a acompanhou.
Com a velocidade característica do grupo, “Speed Parade” do Slash’s Snakepit seguiu, mais uma vez, com a boa bateria de Fitz. Não sei se é uma música tão necessária no setlist, mas ainda assim, é bom ter algo deste outro projeto do guitarrista nos shows.
“Deep cuts, deep cuts here today” foi dito por Kennedy antes de “We Will Roam”.
Àqueles que vêm ao show do SMKC esperando ouvir muitas músicas do Guns N’ Roses, se enganam. A única do grupo, também um deep cut, foi “Don’t Damn Me”, do Use Your Illusion I (1991). Kerns volta a assumir os vocais, com boa execução, em uma faixa eletrizante.
Kennedy reassume seu posto em “Starlight”, não antes de elogiar a performance da banda. Com uma iluminação mais intimista, foi a vez das lanternas subirem. A música, até então calma, torna-se alta e potente no refrão, em uma belíssima balada.
Com as famosas palminhas, a sensacional “Wicked Stone” se iniciou. Muito melódica e uma música que deveria sempre integrar os setlists do grupo, Slash solou ao lado esquerdo do palco, em uma performance longa e simplesmente excepcional, mostrando o por quê de ser considerado um dos grandes nomes da guitarra.
“April Fool” antecedeu “Fill My World”, ambas do álbum mais recente do grupo. A música, que já é muito boa em estúdio, fica ainda mais bonita. Com uma letra emocionante, e um solo de alto nível, a faixa é mais um ponto de destaque do trabalho.
Voltando no tempo, a banda executou “Doctor Alibi” também de Slash. Originalmente cantada por Lemmy Kilmister, o responsável pela tarefa foi Kerns, em mais uma apresentação exemplar, embalada pelo instrumental potente e acelerado.
“You’re a Lie” passa como um rolo compressor, angariando palminhas nos momentos iniciais. Com um solo incrível de Slash, a música anima até os mais cansados.
A empolgação se manteve a mesma com a excelente “World On Fire”. A apresentação estava alinhada em mais uma performance eletrizante do SMKC. Um solo antecedeu o último refrão da música, igualmente bom quanto o restante da música.
Após uma mudança no setup do palco, a banda retornou para o bis, com Fitz assumindo os teclados no segundo cover da noite, “Rocket Man”, de Elton John. É seguro dizer que esse foi o único momento tranquilo do show, com Kennedy em uma performance simplesmente impecável, mostrando seus vocais suaves e tranquilos.
“Anastasia” tem, talvez, um dos riffs de guitarra mais espetaculares de toda a discografia de Slash. Após a introdução, ele simplesmente destrói tudo e todos pela frente. Ouvir ao vivo é ainda mais emocionante. O show finalizou da melhor maneira possível: com mais um solo lendário de Slash.
Com mais de duas horas de apresentação, a noite se encerrou da mesma forma como se iniciou. O Slash feat. Myles Kennedy and The Conspirators é uma banda com muita química, e isso é evidente quando tocam ao vivo. Eles fazem um show empolgante, cheio de grandes momentos e emoções. É também, sem a menor sombra de dúvida, um show essencial a qualquer um que curta hard rock.
Nossa colaboradora Jéssica Marinho esteve no show e registrou a noite. Confira nossa galeria de fotos logo abaixo.
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