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Slash e Myles Kennedy and The Conspirators

Slash e Myles Kennedy and The Conspirators. Crédito: Reprodução/Facebook

Entrevista e resenha: Slash nos convida ao estúdio em ‘4’, novo álbum com Myles Kennedy and The Conspirators

Gravado todo ao vivo no estúdio, o novo álbum marca o quarto do guitarrista ao lado de Myles Kennedy – e ele nos conta como foi a gravação!

Slash fez algo impensável para muita gente. Em pleno 2021, o guitarrista conseguiu se reunir com o produtor Dave Cobb e com seus colegas de longa data Myles Kennedy e The Conspirators em uma sala de estúdio em Nashville. O resultado disso é 4, quarto álbum de estúdio de Slash ft Myles Kennedy and The Conspirators, e o quinto de Slash solo, longe do Guns N’ Roses.

Lançado nesta sexta, 11, o álbum – que você pode ouvir no fim dessa matéria – é composto por dez faixas orgânicas e objetivas. 4 não super produz suas faixas e nem as sobrecarrega com grandes elementos. É puro rock and roll feito por um grupo de músicos tocando juntos – ao mesmo tempo em uma única sala no estúdio. Isso quer dizer que, ao ouvir o álbum, o fã é automaticamente transportado para o estúdio em que eles gravaram. Todos os instrumentos estão em equilíbrio completo, apesar de as primeiras faixas poderem soar estranhas para os desavisados.

Às vésperas do lançamento, Slash conversou com jornalistas de todo o mundo em uma coletiva por Zoom. Por lá, ele falou sobre ter usado um sitar pela primeira vez no estúdio, explicou porque resolveu gravar todo o álbum ao vivo no estúdio, e mais.

Primeiro, Slash foi questionado por um veículo europeu: por que gravar ao vivo no estúdio? E o guitarrista explicou: “Sempre quis fazer isso, colocar todo mundo em uma sala com os amplificadores e tocando ao vivo desse jeito. E o produtor, Dave Cobb, aceitou a ideia.”

A mágica de 4 está justamente na força do grupo reunido em uma sala de estúdio. O álbum não traz surpresas ou qualquer outra inovação, mas faz o papel de continuar nos surpreendendo com a genialidade de Slash e a conexão que encontrou com Myles.

O Wikimetal pôde perguntar a Slash como ele se mantém energizado para continuar fazendo música de tantas formas diferentes, como é no caso de 4. Para isso ele respondeu: “Sabe, eu tenho uma grande paixão pelo que eu comecei a fazer e continuo fazendo. Eu amo a guitarra, eu amo o rock and roll, eu amo tudo que tem a ver com tudo isso. Ainda me empolga — talvez até mais agora do que quando eu comecei — e é uma jornada que nunca acaba, sempre há coisas novas para fazer com isso.

Não é nem uma questão de me reinventar. Eu ainda estou no processo de me inventar, pra começo de conversa. Então eu meio que estou só seguindo com as aspirações do começo e tentando ficar bom nisso e naquilo em termos de música. E só no que diz respeito a tocar guitarra… isso também é uma jornada sem fim, porque sempre haverá novas coisas para aprender até que eu esteja morto.

Então eu só me divirto com essa coisa toda. E você tem que trabalhar duro nisso, porque há tantos obstáculos que estão ali para te tirar da sua trajetória [risos]. Então eu sempre aprendi que você tem que perseverar, e isso virou parte da minha natureza. Enfim, eu amo o que eu faço e eu não consigo me imaginar parando.”

O álbum abre com “The River is Rising”, que já havia sido lançada como single. A faixa tem riffs pesados, um solo explosivo e mostra o vocal de Kennedy perfeitamente em sintonia, mostrando um pouco do que virá.

Se a canção de abertura foi um rock and roll clássico, a segunda, “Whatever Gets You By” é um blues inspirado no som do The Doors. Após essa ambientação, o fã já sabe o que esperar: grandes influências de Slash, que vão de rock clássico a southern rock, passando pelo blues. E então vem “C’est la vie”, uma explosão de música, que eleva o nível para as próximas faixas. Com Slash não cedendo nem um segundo, a canção apresenta um solo impecável do guitarrista.

A energia sentida nesta faixa pode ser sentida também quando Slash fala sobre seu amor por música. Na coletiva, ao falar sobre suas inspirações, suas ideias e quando relembra bons momentos com Myles, um sorriso tímido surge, ele se joga para trás em sua cadeira e tenta, mais uma vez, professar o quanto ama o que faz.

Mergulhando nessas inspirações, “The Path Less Followed” é algo que poderia ter vindo direto dos anos 70, década em que Slash pega bastante influências. O mesmo pode ser dito da próxima faixa, “Spirit Love”, uma forte e potente canção, que consegue destacar o trabalho de cada um dos integrantes.

É uma canção que flerta com colocar o pé no freio, mas explode logo em seguida com um dos solos mais carregados de Slash e o mais surpreendente: um sitar, famoso e tradicional instrumento indiano. Durante a coletiva, o guitarrista contou que a faixa começou apenas com uma guitarra, mas os planos mudaram rapidamente:

“Comprei um sitar elétrico nos anos 90 e nunca usei, pois são clichês demais. Nunca quis fazer algo que pareça ser os Beatles ou qualquer outra coisa dos anos 60 com sitar. Quando compus ‘Spirit Love’, a introdução nasceu na guitarra e até aí estava ok. Mas quando estávamos nos preparando para ir a Nashville, pensei que aquela parte da música ficaria ótima com o sitar, então a levei… Gravei inicialmente com a guitarra, mas aí liguei o sitar no meu Marshall, toquei e achei legal. Não achei que soava como Beatles ou Ravi Shankar [músico e compositor indiano que tinha como instrumento principal o sitar]. Foi assim que rolou. Beatles são ótimos, mas muita gente já havia feito isso”, comentou ele.

Seguindo para a última parte do álbum, “Fill My World” e “April Fool” funcionam perfeitamente como sequência, já que a primeira poderia muito bem ser uma power ballad de uma das bandas que Slash admira, e a segunda uma grande faixa vinda direto dos anos 1990, de quando o guitarrista já havia alcançado grande sucesso.

“Call Off The Dogs”, outro single que já havia sido lançado anteriormente, acelera um pouco mais o passo, antes de finalizar o álbum. Aqui, a guitarra e a bateria se conectam como se fossem um só e então Myles entra para equilibrar perfeitamente.

O álbum termina com “Fall Back To Earth”, uma power ballad com toque de rock progressivo e com mais de seis minutos, a faixa mais longa de 4. A música nos leva ao fim da jornada com um verso melódico, que nos surpreende com um solo cinematográfico. Slash, inclusive, conta durante a coletiva que a canção foi inspirada em filmes que gosta de assistir, mas tímido, não revelou quais são.

Com as dez faixas, Slash, Myles Kennedy e os Conspirators nos mostram mais uma vez o que são capazes, porém dessa vez temos lugar especial no camarote para ouvir tudo isso. 4 é um ótimo álbum de rock and roll que traz todos os elementos clássicos do gênero, mas com certeza o destaque é a experiência de ouvir esse rock como se fosse ao vivo, nos aproximando um pouco mais dos músicos e especialmente do tímido Slash.

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