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Ver a banda toda tocando e o Bruce entrando para cantar Aces High gerou um sentimento que estou certo de que vai me deixar louco daquele jeito sempre, não importa quantas vezes eu veja isso na minha vida.”
Por Mauricio Oliveira
Por minha pouca idade e por morar em uma cidade que não possui um público muito grande para metal e nem muitas opções de local para shows, tive poucas oportunidades para ir em grandes apresentações até hoje, já que a solução é viajar para grandes cidades e aí o bolso aperta. Mas headbanger que é headbanger não deixa isso impedir de ver seus grandes ídolos ao vivo.
Assim sendo, fui numa excursão em 2008 para Curitiba, que fica a aproximadamente 4 horas de ônibus daqui de Florianópolis, para ver o Iron Maiden. Foi meu primeiro show grande (na casa de dezenas de milhares de pessoas) e fiquei na pista comum, sendo empurrado de um lado para o outro durante o show, mas curtindo cada momento. Mas depois dessa apresentação, eu queria mais. Queria ver de novo uma das bandas mais importantes do Heavy Metal de todos os tempos. E foi aí que decidi, no ano seguinte, investir mais ainda no Iron Maiden.
Ainda na turnê Somewhere Back in Time, que, diga-se de passagem, continha um setlist que não podia ser um presente maior para os fãs da banda, o Iron ia passar de novo pelo Brasil no ano seguinte, 2009. Dessa vez eu meti a mão no bolso e comprei área VIP, para ficar ainda mais perto do palco. Além disso, a viagem para São Paulo saiu um pouco mais cara que para Curitiba, mas no final valeu muito a pena.
Nunca tinha sentido uma emoção tão grande. Para quem não sabe, o show foi no autódromo de Interlagos, e o caminho até o palco era bem longo. Longo, porém animado. A galera foi agitando o percurso inteiro, ainda algumas horas antes do show começar, fazendo coros clássicos como “Olê, olê, olê, olê, Maiden, Maiden”, e deu pra sentir o tamanho da paixão e da expectativa compartilhada por todos os headbangers presentes. Aliás, vale lembrar que esse show em Interlagos foi o maior público da banda em show solo (fora de festivais), 63 mil pessoas.
Já dentro da área Vip e de frente para o palco, ainda restavam 1 ou 2 horas para o show começar, e a agitação do público não diminuía. Eu vi homens e mulheres, gente mais velha e mais nova, carecas e cabeludos, pessoas sozinhas, em grupos ou com a família… uma legião de fãs muito diversificada que poucas bandas conseguem manter. E novamente, o cansaço pouco importava para quem estava lá, todos estavam ali para ver o Iron Maiden e ninguém ia reclamar de nada.
E o dia foi virando noite, e começou a banda de abertura. Mesmo sendo a filha do grande Steve Harris, o que já deixava um ar de que o Iron já estava presente, a expectativa de antes se tornava uma ansiedade estranha… a cada música que acabava vinha uma vontade de ter sido a última para poder ver logo a atração principal. E eis que acaba a apresentação de Lauren Harris e a ansiedade dá lugar a alguns minutos angustiantes esperando o início do grande show. E então um sinal muito claro do que estava por vir: Doctor Doctor.
A adrenalina que me encheu nos momentos finais de Doctor Doctor só não fez meu coração bater mais rápido que as primeiras notas de Aces High. Foi algo inexplicável, e tenho certeza que todos os que estavam ali sentiram o mesmo. Ver a banda toda tocando e o Bruce entrando para cantar essa música gerou um sentimento que estou certo de que vai me deixar louco daquele jeito, não importa quantas vezes eu veja isso na minha vida.
Apesar de todo o cansaço da viagem (da qual fiz boa parte acordado por conta da ansiedade em ver o show) e das horas em pé na frente do palco, a cada música eu reunia forças de algum lugar para pular, gritar, cantar e headbangear ao som de grandes clássicos da banda. A energia que cercava a banda e o público era capaz de fazer qualquer pessoa entrar nesse estado de frenesi, sendo fã ou não da banda.
O show inteiro foi fantástico, cada uma das músicas do setlist. Mas é claro que alguns momentos, embora parecesse impossível, conseguiram me animar mais ainda: o boneco do Eddie no palco e o gigantesco Eddie múmia com olhos pirotécnicos. Por mais que a música seja tão boa com ou sem recursos externos, não tem como negar que uma performance dessas não engrandeça a apresentação. E falando em performance, quero um pouco do fôlego do Bruce… cantar daquele jeito e correndo com 50 anos de idade não é para muitos. Ainda não vi pessoalmente um frontman mais empolgante que ele.
E depois do bis o show acabou. Eu ainda estava com adrenalina a mil, e fiz o caminho de saída do autódromo sem saber direito por onde andava e para onde ia, só sei que eu estava coberto de lama até metade da canela. De algum jeito eu consegui chegar de volta no ônibus da minha excursão e encontrei várias pessoas no mesmo estado de êxtase em que eu estava. As pessoas se olhavam, sorriam, comentavam qualquer coisa e você concordava sem nem saber o que tinham falado. Foi tudo muito incrível. Para fechar a noite, só percebi que estava morrendo de fome quando chegaram algumas pizzas que a excursão incluía no pacote. Enquanto comia e entrava no ônibus a emoção foi baixando e finalmente senti o cansaço no corpo todo, e dormi praticamente as 11 horas de volta até em casa.
Se você ainda não foi em algum show do Iron Maiden, não perca tempo e vá no próximo. Se você já foi, vá de novo.
Foi muito emocionante e tenho certeza que nunca vou esquecer desse show, e sei que sempre vou sentir aquela mesma energia nos próximos que eu for.
Abraço!
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