Texto por Patricia C. Figueiredo
O Sepultura recentemente deu início à sua última turnê Celebrating Life Through Death e passou pela capital gaúcha no último dia 21 com um show eloquente e que levou o público à loucura. Os ingressos estavam esgotados há alguns meses desde que a banda anunciou o seu fim de carreira.
Muitos fãs devem ter pensado se o show realmente aconteceria, uma vez que Porto Alegre foi novamente atingida por um forte temporal que deixou cerca de um milhão de casas e estabelecimentos sem energia elétrica, mas o dia passou e o show estava confirmado no Auditório Araújo Vianna. A casa foi enchendo aos poucos, o trânsito caótico da cidade em dias de chuva com certeza foi um transtorno, mas por volta das 20h30 o local já estava tomado por fãs ansiosos.
A percussão inicial de “Refuse/Resist” acompanhada pelo piscar rítmico das luzes estroboscópicas e a visão de apenas as silhuetas dos integrantes no palco foi uma combinação certeira para o clímax da espera pelo show. O público vibrou euforicamente e recebeu a banda aos gritos de “Sepultura! Sepultura! Sepultura!” entre as faixas iniciais “Territory” e “Slave New Word”.
Por conta da estrutura de auditório com fileiras de cadeiras, a maioria do público tinha lugar marcado, mas foi disponibilizado um espaço para quem quisesse ficar em pé na frente do palco, inclusive em frente à plateia gold. Esse espaço pôde ser ocupado por qualquer pessoa, independente do ingresso que foi comprado. Com certeza esses foram os que curtiram o show como um show do Sepultura deve ser curtido: pulando muito, fazendo moshes e rolou até crowd surfing no pequeno espaço.
Apesar da plateia com espaço limitado, o palco do Araújo Vianna foi ideal para a estrutura da turnê, que conta com seis telões. As imagens transmitidas variam entre closes do show ao vivo com efeitos visuais como bordas no vídeo ou efeitos de animação, e cenas que ilustravam as músicas, como o rosto de uma criatura aparentemente mutante em “Attitude”, e soldados em um tabuleiro de xadrez em “Mind War”.
O vocalista americano Derrick Green aproveita alguns intervalos entre as músicas para animar a galera com o seu bom português, e Andreas Kisser apresenta Greyson Nekrutman na bateria como substituto de Eloy Casagrande, que deixou a banda inesperadamente dias antes do início da turnê. Greyson tem realmente impressionado por parecer tão integrado com o grupo durante o show e por dominar completamente seu papel no palco, nem parecendo que teve apenas uma semana para aprender as músicas do setlist.
Entre grandes hits cantados em coro pelo público como “Kairos”, “Cut-Throat” e “Choke”, tivemos também momentos belos. Em “Guardians of Earth”, um spot de luz destaca Kisser no violão durante a introdução acústica, e uma atmosfera intensa tomou conta com os coros líricos na melodia. Já a instrumental “Kaiowas” é tão dinâmica, e ao vivo traz também muito vigor ao show, com todos os integrantes fazendo a percussão da música. Com “Sepulnation” e “Biotech Is Godzilla”, o show pareceu atingir um nível ainda mais alto de energia e fúria. E não faltaram os clássicos “Troops of Doom”, “Inner Self” e “Arise” para agitar o público.
O bis ficou por conta de “Ratamahatta” e a bandeira do Brasil com o ‘s’ de Sepultura no centro, um visual que encheu os fãs de orgulho da maior potência brasileira do metal no mundo. E claro, “Roots Bloody Roots” encerrou o setlist, apesar de que neste momento, a sensação era de que dava para curtir mais algumas músicas, como se o show de duas horas fosse apenas um pedacinho de tudo que o Sepultura tem pra oferecer.
Este pode ter sido o último show do Sepultura para muitos dos que estavam lá, e agora fica aquela pontinha de esperança para que ainda haja oportunidade de encaixar a cidade mais uma vez nesta turnê de despedida que recém começou. Os 40 anos de história com certeza nunca perderão sua relevância, e não importa como essa despedida ainda possa se desenrolar, o Sepultura sempre há de ser um dos maiores nomes do metal mundial.
Nossa colaboradora Sophia Velho também esteve no show e registrou a noite. Confira nossa galeria de fotos logo abaixo.
A turnê tem produção de 30e e os ingressos para os shows em São Paulo estão disponíveis no site da Eventim.