“Eles não fazem músicas boas como antigamente”. Toda banda de rock com carreira longeva já ouviu algum comentário jocoso do tipo, e certamente não foi diferente com o Scorpions depois de cinco décadas na estrada.
Com profissionalismo demais para se deixar abalar pelos haters, foi uma pergunta sincera de um fã que desafiou a banda no processo criativo do novo álbum Rock Believer. Certo dia, depois de um show, surgiu o questionamento de um admirador dedicado: Por que não fazer um álbum com a sonoridade do clássico Blackout (1982) mais uma vez?
O desafio não é nada simples: 40 anos de história e transformações, pessoais e no grupo, dividem esses dois momentos da história. Daquela formação, segue o trio imparável da fase de maior sucesso do Scorpions: Rudolf Schenker, Klaus Meine e Matthias Jabs estão firmes, agora acompanhados por Paweł Mąciwoda no baixo e Mikkey Dee na bateria.
“Ah, que isso! Faz muito tempo, é fácil falar isso”, foi a primeira reação do vocalista ao comentário do fã, conforme contou em Q&A do YouTube Premium. “Mas então, foi como se ele lançasse um desafio para nós, de certa forma”.
Não é como se eles precisassem recuperar público, pelo contrário: todos os anos, gerações mais jovens se acotovelam nas grades dos shows da banda, motivo suficiente para fazê-los desistir da ideia de aposentadoria algumas vezes. Mesmo assim, a conduta de respeito pelo público e paixão pelo trabalho falou mais alto e a banda mergulhou no projeto, apesar das dificuldades da pandemia.
“Não gravamos esse álbum para entrar nas paradas de sucesso – se isso acontecer, tudo bem, mas esse álbum foi feito para nossos fãs e para fazer algo mais pesado”, resumiu Jabs na mesma entrevista.
Com nova formação e experiência invejável, a banda focou no desafio de voltar às raízes e encontrar o “DNA do Scorpions”, buscando uma sonoridade mais pesada dos velhos tempos – e conseguiram surpreender em “Seventh Sun”.
Se “Peacemaker” e “Rock Believer” ainda eram mais alinhadas ao Return to Forever (2015), álbum de inéditas mais recentes da banda, o novo single prova que o Scorpions consegue fazer rock como antigamente: com atmosfera tempestuosa e marcada, ao estilo de “The Zoo”, a música traz riffs densos, vocais proféticos e harmonias grandiosas, com solos noturnos e nostálgicos que transportam o ouvinte no espaço e tempo.
O resultado final da empreitada de renovação do pacto com o rock e a história de amor e cumplicidade com os fãs ao redor do mundo só poderá ser ouvido em 25 de fevereiro, quando Rock Believer for lançado na íntegra, mas os quase seis minutos de “Seventh Sun” já mostram que eles não brincavam quando prometeram um retorno às raízes.
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