Texto por Marcelo Gomes
Desde que foi anunciada a turnê Titãs Encontro, na qual os integrantes originais da banda participariam, a ansiedade tomou conta dos fãs que aguardavam por esse momento há muitos anos. Os shows marcados para lugares enormes denunciavam a grandiosidade que estava por vir. São Paulo, a casa dos caras, não ganhou somente um show mas três no Allianz Parque e com ingressos esgotados.
Com um palco digno de qualquer grande atração internacional, Paulo Miklos, Tony Belloto, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin, Sérgio Britto, Branco Mello e Liminha, se apresentaram para um estádio que parecia ter mais gente que a capacidade. Marcado inicialmente para às 20h30, o show começou somente 20 minutos depois, tamanho o fluxo de pessoas que ainda adentravam o estádio no horário marcado para o início.
Com cinco telões no palco e com uma ótima direção de câmera, a banda proporcionou um grande espetáculo para os fãs que puderam acompanhar de qualquer canto do estádio, todos os movimentos de seus ídolos. “Diversão”, “Lugar Nenhum” e “Desordem” deram início a apresentação e logo a nostalgia foi tomando conta do público. Os veteranos resgataram tudo aquilo que ainda povoa as mentes dos seus fãs que além das músicas, sempre tiveram performances bem peculiares.
Quando Branco Mello assumiu os microfones falando de sua superação, felicidade de estar curado e estar com seus amigos de longa data, recebeu aplausos calorosos. Sua voz rouca em “To Cansado” não incomodou, todos respeitaram e entenderam a situação do cantor que teve um câncer de faringe recentemente. A grande curiosidade era como o Arnaldo e o Nando soariam com a banda depois de tanto tempo. Felizmente quem viu pode conferir que estão em alta forma e ainda carregam o espírito “titã” com eles.
Antes de tocar “Comida”, Arnaldo diz que é muito especial estar de volta, ainda mais na cidade onde tudo começou. Por sua vez, Nando diz que estão de volta para reiterar o que sempre disseram para então anunciar “Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas”. Além de estar cantando muito bem, não deixou nada a desejar no baixo que estava com um som excelente.
Após “Cabeça Dinossauro”, apresentaram um breve vídeo com imagens antigas da banda. Sendo ovacionados, voltam ao palco com uma configuração acústica. Sob as luzes dos celulares, abriram essa parte com “Epitáfio” que já se transformou num dos momentos mais emocionantes da noite seguida por “Os Cegos Do Castelo” e “Pra Dizer Adeus”. Um momento especial foi quando a filha do Marcelo Fromer, Alice, foi convidada para cantar “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar” representando muito bem o saudoso pai. Antes de encerrarem o momento acústico, fizeram uma bela homenagem à Rita Lee, com a música “Ovelha Negra”, clássico da banda Tutti Frutti.
Depois de ser apresentado pelo guitarrista Tony Belloto, Liminha (ex-baixista dos Mutantes e produtor musical) que foi convidado para fazer as partes do Fromer nessa turnê, diz o quanto especial é tocar naquele local, já que os Mutantes ensaiavam à um quarteirão dali. Terminou dizendo que o bairro da Pompéia é o berço do rock de São Paulo para então retomaram o show que nessa última parte contou com mais uma enxurrada de hits da banda. Dentre elas, “Família”, “Go Back”, “Flores”, “Polícia”, “Bichos Escrotos”, entre outras que foram entoadas como hinos de uma geração. Com quase 2h30 de apresentação, encerram com “Marvin” e “Sonífera Ilha”.
A sensação que fica é que não importa quais os motivos que levaram os Titãs a se reunirem. Com uma performance incrível, a banda mostrou que as diferenças foram superadas e que no final, o importante é a música que continua emocionando os fãs. Certamente, esses momentos vividos no show é que são levados para sempre na memória de todos, fazendo tudo isso valer a pena.