Texto por Marcelo Gomes
A 15ª edição do Festival Setembro Negro aconteceu nos dias 7, 8, 9 e 10 de setembro no Carioca Club em São Paulo. O segundo dia contou com Torture Squad, Pugatory, Immolation e mais – confira aqui como foi.
Para abrir o festival, a banda Open The Coffin vindos de Natal (RN) direto para o palco do Setembro Negro. E nada melhor do que depois do almoço ouvir um death metal bem trabalhado, não é? O vocalista Claudio Nascimento estava com um crânio e uma pá enquanto profanava o sábado. Com boa aceitação, os caras abriram a tampa do caixão para o que viria a seguir.
Os dinamarqueses do Thorium fazem um death metal competente mas parece que não empolgou muito. Não são muito conhecidos por aqui e aliado ao publico reduzido que ainda chegava ao festival, talvez tenha sido o show mais morno do dia.
O Violentor veio direto da Itália para destilar sua ira sobre as terras brasileiras. Fazendo um thrash metal/speed crítico cantado em italiano, apresentaram músicas do mais recente trabalho, “Manifesto Di Odio” . Apesar de não muito conhecidos por aqui, o trio italiano conseguiu uma ótima recepção e várias rodas na pista.
Chegou a hora do Test, duo brasileiro formado por João Kombi (vocal/guitarra) e Barata (bateria) que mostrou porque é referência dentro do grindcore. Eles tomaram o palco de assalto e o público pode sentir a fúria do som deles que em determinados momentos contou com partes mais experimentais e até mesmo doom. Mais um ótimo show.
Nossos irmãos portugueses do Holocausto Canibal apresentaram seu grindcore com pitadas de death para o público brasileiro. Como era de se esperar o som dos caras é bem agressivo e conseguiram algumas rodas durante o show. Mesmo com o sotaque arrastado de Portugal, o vocalista Ricardo S. conseguiu entreter bem a plateia.
Vulcano fez um dos shows especiais do festival. Depois de tocar alguns clássicos da banda como “Witch Sabbath” e “Total Destruição”, os veteranos de Santos receberam a presença do vocalista original, Angel, para cantar músicas do álbum de estreia, “Bloody Vengeance” de 1986. Angel cantou “Dominios Of Death” junto ao atual vocalista, Luiz Carlos Louzada. Depois seguiu sozinho em “Spirits Of Evil”, “Holocaust” e “Incubus”. Em seguida, Louzada volta e finalizam juntos a clássica “Bloody Vengeance”. Quem esteve lá pôde testemunhar de perto parte importante da história do metal brasileiro.
O que dizer do Sadistic Intent? Eles resumem bem a essência do festival, para dizer o mínimo. O show trouxe uma brutalidade sonora impar. Diretamente de Los Angeles, a banda liderada pelos irmãos Cortez, Bay (vocal/baixo) e Rick (guitarra), fez um setlist baseado em seus diversos EPs que massacrou impiedosamente os tímpanos da galera.
O show do Sacramentum também foi muito esperado. Nisse Karlén, vocalista da banda, é um personagem intrigante. Assim que começou a introdução, fazia movimentos que chamavam a atenção do público. Seus vocais são assustadoramente poderosos e sua presença de palco enigmática. De postos apenas de um colete, logo na segunda música já havia tirado, tamanho o calor que fazia.
Apesar de curto, o setlist baseado em seus três álbuns de estúdio agradou bastante os fãs. A performance da banda criou uma parede sonora intensa. Destaque para a presença feminina no baixo da Julia Von que deu o peso necessário para o som dos suecos.
Logo que a banda italiana Bulldozer subiu ao palco, já ganhou de cara o público. Iniciaram com “Cut-Throat” e “Insurrection Of The Living Damned”. O vocalista e baixista AC Wild trajado de Drácula comandou com maestria a apresentação do trio.
O setlist da banda revistou algumas de suas músicas mais icônicas da carreira como “Fallen Angel”, “Mad Man” e “The final Separation”. A apresentação dos italianos foi uma aula de metal extremo, cada música parecia despertar o sentimento mais primitivo dos presentes que reagiram de maneira calorosa.
A expectativa estava enorme para o Sodom, afinal foram 10 anos desde a última visita ao Brasil. E a ansiedade aumentou ainda mais por conta de um atraso de 20 minutos para a troca de palco. O Carioca Club estava em sua lotação máxima sob um calor infernal. O que eu posso dizer é que um verdadeiro fã de thrash não deveria ter perdido o show dos alemães que provaram ter seu lugar garantido dentro da cena de thrash metal mundial.
Os representantes do Big Four alemão trouxeram fogo ao palco. A energia deles foi absolutamente insana e tocaram seus clássicos com uma ferocidade incomparável. Quem desconfiava que o show poderia ser morno por conta da idade dos caras ficou surpreso com a pegada da banda. A volta do guitarrista Frank Blackfire junto com Yorch (guitarra) e Toni (bateria) deram um gás novo a banda.
O setlist foi uma jornada brutal em sua discografia. Com uma bandeira do Brasil customizada com o nome da banda no palco, tocaram clássicos como “Agent Orange”, Sodomy And Lust”, “Sodomized”, “Outbreak Of Evil”, entre outras. Muitas vezes o guitarrista Franck Blackfire vinha ao microfone para conversar em português com os fãs. Aliás foi um dos pontos altos do show que além de uma excelente performance de palco incrível, ainda se comunicava muito bem com o público. Para quem não sabe, Blackfire morou no Brasil durante alguns anos. E o que falar do Tom Angelripper, o cara continua mandando suas linhas insanas de baixo e cantando como nunca.
O show que inicialmente estava previsto para ter 1 hora de duração, teve 1h35. Tocaram ainda “Surfin Bird”, cover conhecido mundialmente pelos Ramones e “Iron Fist” do Motorhead. Fecharam com “Ausgebombt” e “Bombenhagel”.
É necessário dizer o Sodom continua a ser um dos grandes nomes da música pesada e esse show foi a consagração do seu legado inabalável.