Texto por Marcelo Gomes
A 15ª edição do Festival Setembro Negro aconteceu nos dias 7, 8, 9 e 10 de setembro no Carioca Club em São Paulo. O primeiro dia contou com Voivod, Erasy e mais – confira aqui como foi.
Como o segundo dia foi numa sexta-feira, dia útil, acabei perdendo as apresentações das bandas Podridão, Parasital Existence, Pantáculo Místico, Mercyless, Torture Squad e Pugatory. Conversei com algumas pessoas que estavam desde o início do festival que falaram que os shows foram bons mas que se apresentaram para um público reduzido. Certamente muita gente estava trabalhando quando o festival começou às 14h.
Com a casa mais cheia, os suecos do Defleshed mostraram que não estavam para brincadeira. O público testemunhou incrédulo a habilidade musical do trio que fez um show que mais pareceu um ataque sem piedade aos sentidos, deixando os fãs atordoados e querendo mais.
Os gregos do Nightfall chegaram com tudo para sua estreia no Brasil. Munido de um pedestal com uma faca na ponta e um figurino com capa, capuz e parte do rosto coberto, o vocalista Efthimis Karadimas mais que cantou, incorporou elementos teatrais e deu um ar dramático à apresentação.
Os representantes do mediterrâneo basearam sua apresentação no álbum mais recente, At Night We Prey. Desse disco executaram cinco faixas ao vivo, entre elas, “She Loved The Twilight” e “Killing Moon” que deram início ao espetáculo. A atuação da banda deixou o público fascinado com músicas que proporcionaram uma verdadeira viagem ao reino da escuridão e melancolia.
A última parte do show contou com “Ambassador Of Mass”, “The Sheer Misfit” e “Ishtar”, sons que fazem parte de outras fases da carreira da banda e fez o público bater cabeça. Para uma primeira impressão, o Nightfall conseguiu criar uma paisagem sonora junto aos vocais assustadores do Efthimis culminando numa performance hipnotizante.
O Immolation foi a atração mais esperada da noite, a casa estava tomada e o calor fazia o lugar parecer um inferno. Tomando o centro do palco, Ross Dolan (vocal/baixo), Robert Vigna (guitarra), Alex Bouks (guitarra) e Steve Shalaty (bateria) iniciaram com duas do mais recente trabalho, “Acts Of God” (2022), “An Act Of God” e “Age Of No Light”. Todas as bandas até então fizeram grandes shows mas quando as lendas do death metal subiram ao palco com toda sua brutalidade, fizeram um pandemônio na terra.
Impressiona a precisão e a consistência em músicas tão técnicas. O guitarrista Robert Vigna faz movimentos que levam a crer que ele está em uma luta enquanto toca riffs cabulosos e solos sinistros. Sem muita conversa durante a apresentação, o quarteto aproveitou para fazer o que melhor sabe, tocar death metal como poucos. Incluíram músicas como “Blooded”, “World Agony”, “Noose Of Thorns” que fizeram a alegria da galera. Não demorou muito para serem ovacionados.
Tocaram ainda “Destructive Currents”, “Providence” e terminam com “Let The Darkness In”. A sensação foi que passou um rolo compressor pelo Carioca Club e ficou evidente que o Immolation estava lá para destruir tímpanos e almas.
Nesse intervalo, uma parte do público foi embora e sem dúvidas perdeu um dos grandes shows do dia. Para quem gosta de metal mais tradicional, a apresentação do Picture foi uma aula. Com os riffs poderosos de “Griffons Guard The Gold” deram inicio ao show que teve o clássico “Message From Hell” na sequência.
A sonoridade crua e a presença de palco cativante não decepcionaram, era o heavy metal em sua essência. O vocalista Peter Strykes que entrou recentemente fez um ótimo trabalho e nem mesmo os problemas no microfone abalaram a performance do cantor. Outra mudança na formação com entrada do guitarrista Len Ruygrok que veio substituindo o Jan Bechtum. A cozinha é a clássica com o baterista Laurens Bakker e o baixista Rinus Vreugdenhil.
Com um time desses e um setlist repleto de clássicos, não tem como dar errado. Não faltaram músicas como “Line Of Life”, “Diamond Dreamer”, “Eternal Dark” que fizeram os fãs viajarem no tempo. A banda estava tão a vontade que no meio de “Bombers”, o baixista Rinus desceu do palco e tocou a parte mais lenta da música no meio da pista.
Os caras esbanjam simpatia pelo Brasil, Laurens (bateria) estava com uma bermuda e camiseta do Brasil, isso sem falar que na última passagem deles por aqui, gravaram um DVD em São Paulo. Para finalizar, tocaram “Heavy Metal Years” , “Lady Lightning” na qual fizeram uma versão estendida com um dueto de guitarra , “The Hangman” e se despediram com “Unemployed”.