Texto por Marcelo Gomes
A 15ª edição do Festival Setembro Negro aconteceu nos dias 7, 8, 9 e 10 de setembro no Carioca Club em São Paulo. O festival voltou com força total e mais uma vez foi uma grande celebração da música extrema.
Durante 4 dias, os fãs puderam ver desde bandas mais undergrounds até um representante do Big Four alemão, o Sodom. A experiência que esse festival proporciona é fantástica porque leva o fã a uma verdadeira imersão dentro desse mundo da música pesada.
O primeiro dia aconteceu no feriado da independência do Brasil. Na verdade, foi uma pré-festa com um número um pouco menor de bandas que teve o Voivod como headliner.
Pontualmente às 15:55, a banda Erasy deu o pontapé inicial ao evento. Nada melhor que um belo doom para começar o festival. O pessoal que ainda estava chegando pode conferir a sonoridade sabbathica que a banda faz. O guitarrista Leandro D´Carvalho com seu chapéu de bruxo de quase um metro de altura, despejou riffs que deixariam o criador de tudo isso, Tony Iommi, orgulhoso. Baita apresentação!
Quem curte um som mais extremo, ficou feliz em ver os gaúchos do Burn The Manking tocando death metal com muita técnica e pegada. Impressionante como o Brasil vem sendo um seleiro de bandas extremas desde os anos 80 e se depender dessa nova safra, estamos muito bem representados.
E não foi diferente com o Warshipper que veio a seguir. Formado em Sorocaba (SP), o quarteto faz um thrash/death competente que ganhou o respeito dos presentes.
O próximo foi o Leviaethan, mais um representante dos pampas que está completando 40 anos de estrada. Liderada pelo Flavio Soares, os gaúchos apresentaram músicas dos dois álbuns lançados nos anos 90 (Smile e Disturbed Mind) e duas composições mais recentes, “Hell Is Here” e ” The Time Has Come Yours”. Baseado nesses dois sons e na boa recepção, deu para perceber que a banda ainda tem muita lenha para queimar.
A penúltima banda a se apresentar foi o In The Woods. Com o tempo estipulado de 50 minutos, os noruegueses apresentaram seis longas faixas que preencheram todo o tempo. As músicas trazem uma melancolia, vários climas que chamam a atenção pelo gosto e excelente performance da banda. Uma faixa que resume bem tudo isso é a “299 796 km/s”. A música com quase 15 minutos de duração têm várias passagens sonoras que criam imagens cinematográficas transportando os presentes à outra dimensão. Ótimo show e uma bela estreia no Brasil.
Para encerrar a primeira noite, vieram os canadenses do Voivod que nesse ano estão celebrando 40 aos de existência. E bastaram as duas primeiras musicas, “Killing Technology” e “Absolete Beings”, para que tivessem seu o nome gritado. Eles não vieram muito para cá, essa foi a terceira vez, o que justifica ter sido o show mais cheio do dia. O setlist foi bem escolhido e passou por diversas fases da banda. Sons como “Syncro Anarchy”, “Rise”, “Nuage Fractal”, “Pre-Ignition” foram apresentados com uma intensidade fenomenal que somente uma banda que faz um som tão ímpar conseguiria executar.
O vocalista Dennis “Snake” Bellanger falou que durante essas 4 décadas, eles passaram por muita coisa e fez questão de relembrar o ex-companheiro de banda, o guitarrista Dennis “Piggy” D´Amour, que faleceu em 2005 em decorrência de uma câncer. Snake falou ainda que vieram pouco para a América do Sul e que vão corrigir isso. Fecham com “Fix My Heart”. As cortinas se fecharam mas o público ainda queria mais. Com muitos pedidos, a banda retornou para delírio geral e fecharam com o clássico que leva o nome da banda, “Voivod”.
Durante a apresentação, ficou nítida a conexão com os fãs que estavam envolvidos com os ritmos intricados das músicas. Goste ou não, o Voivod é um farol de autenticidade e inovação no meio de tanta coisa genérica. O show celebrou com dignidade as 4 décadas de história da banda.