Texto por: Marcelo Gomes
A nova turnê brasileira dos americanos do Agnostic Front passou por Piracicaba (SP) no sábado, 04, e chegou à capital paulista no domingo, 05. A clássica banda norte-americana retornou ao Brasil após 7 anos para se apresentar no Fabrique Club, em São Paulo.
O One True Reason, banda de hardcore de São Paulo, foi a primeira a se apresentar. Com 20 anos de estrada, o quarteto subiu ao palco do Fabrique Club às 19h. O público que ainda estava chegando no local pôde acompanhar a banda apresentando material dos seus 3 discos de estúdio e do mais recente EP, Reality Is Wound, num volume altíssimo que chegou a incomodar mas não ofuscar a qualidade do quarteto que tocou por 30 minutos.
Com 20 minutos de intervalo, o espírito punk ‘Do It Yourself’ foi confirmado já na troca de palco feita pelos próprios músicos do Agnostic Front pouco antes da apresentação. Com tudo ajustado, às 20h a introdução “The Good, The Bad And The Ugly” do Ennio Morricone, muito famosa antes de iniciar os shows dos Ramones, deu o tom do que estava por vir, ou seja, o melhor do punk/hardcore nova iorquino. Vinnie Stigma (guitarra), Craig Silverman (guitarra), Mike Gallo (baixo) e Danny Lamagna (bateria) subiram ao palco para a instrumental “AF Stomp”. Roger Miret (vocal) surgiu a seguir pedindo uma roda para “The Eliminator”. Não precisou muito para que as rodas e o caos tomassem conta do lugar.
Os caras chegaram com tudo, na sequência vieram “Dead To Me e “A Mi Manera”, com seu refrão cantado por todos. O vocalista Roger Miret comandava a festa e a todo momento pedia rodas. Nem precisava, mas ele fazia questão de incitar ainda mais o público que estava pegando fogo. Seguiram-se “My Life My Way”, “Only In America” e “Old New York”, na qual Roger dedicou a sua cidade enquanto Stigma levantava sua guitarra com seu nome.
A comunhão entre banda e fãs só aumentava a cada música. Isso ficou evidente no que veio a seguir. “For My Family”, “Friend Or Foe”, “Victim In Pain”, “Your Mistake” e “Blind Justice” foram de tirar o fôlego, era como fogo e gasolina incendiando a casa. A banda se divertindo no palco e os fãs celebrando a festa e fazendo stage diving, mantendo a tradição hardcore.
A apresentação avançava e o Agnostic Front não mostrava sinais que iria aliviar. O vocalista pediu para que os fãs se aproximassem mais do palco antes de tocarem “Never Walk Alone” e “Peace”. Um breve descanso para o vocalista Roger e o carismático guitarrista Stigma assumiu os vocais em “Pauly The Dog” e “Power” em versões viscerais de arrepiar. Miret retornou no cover do Iron Cross, “Crucified”.
A parte final do show começou com Roger agradecendo a presença de todos e dizendo que é sempre bom retornar a São Paulo. Bastou que ele mencionasse os primeiros versos de “Gotta go” para que os fãs entoassem o hino como se fosse um mantra. O show atingiu seu ápice. Se parasse por aí já estaria de bom tamanho, mas os caras ainda tinham algumas cartas na manga. Vieram “Police State”, “Addiction” e, para fechar com chave de ouro, “Blitzkrieg Bop” dos Ramones, descrita por Roger Miret como uma das mais importantes do set. A festa estava completa, os fãs ensandecidos como poucas vezes vi.
Não chegou a 1 hora de show mas foi tão intenso que quando acabou, o público estava em choque tentando entender o que havia acontecido. As luzes demoraram para serem acesas, todo mundo estava ainda atordoado esperando que a banda voltasse. Celebrando mais de 40 anos de carreira, o Agnostic Front apresentou músicas do último trabalho, Get Loud, além de outros clássicos numa performance que mais parecia um rolo compressor desenfreado. Os fãs saíram de alma lavada numa noite que ficará para a história.
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