Texto escrito por Indy Lopes, Joe Ribeiro e Dênis Lapuente, do coletivo Preto No Metal

O quadro Um Músico Por Dia do Preto No Metal nasceu meio inocente e diria que até meio sem noção.

Vou explicar…

Primeiro, o que é o Um Músico Por Dia? O quadro tem a única finalidade de exaltar e divulgar artistas não brancos. O UMPD tem como objetivo aproximar o público de bandas que normalmente não teriam visibilidade, e funciona muito bem, pois o retorno que temos é sempre positivo.

Ele começou há um tempo e lá no início a gente tinha a ideia de fazer uma publicação todo santo dia, mas logo percebemos não ser tão simples.

Os posts são feitos alguns dias da semana, mas é muito complicado conseguir ter artistas a disposição. É preciso ser feito um trabalho de pesquisa, e quando esse feito, a gente se depara com a falta de informações dos artistas em suas páginas e sem contar a falta de retorno dos mesmos. Isso, claro, não nos impede de seguir fazendo o trabalho, que fica basicamente a cargo do nosso membro Joe.

No início era Lohy e Indy, mas com a chegada do Joe a gente pode se dedicar a outras coisas enquanto o Joe faz seu garimpo. Claro que a gente recebe material e ajuda de seguidores, mas não é muito, o trabalho é basicamente interno.

O preto já divulgou, pela última atualização, 190 nacionais e 201 internacionais. Talvez pareça pouco, talvez muito, mas contamos com o seu apoio para crescer ainda mais.

Na cena underground um dos temas que mais é questionado é: ter qualidade e profissionalismo pode acabar com o movimento?

O underground é um movimento muito forte baseado no conceito “Faça Você Mesmo” (tradução livre de “Do It Yourself”, ou DYI). Dentro desse movimento, este conceito não abrange apenas artistas, mas também fotógrafos, merchandising, casas de shows, equipe técnicas, sites, páginas de redes sociais e estúdio de gravação. Sendo estes, parte importante deste movimento e sempre ligados uns aos outros.

Atualmente, com a Internet e redes sociais a divulgação do trabalho de uma banda se tornou mais acessível para todos, desde o público até a imprensa. Porém, há uma questão que para muitos é difícil de entender ou acham que tal questão não faz parte do underground.

O profissionalismo no meio é algo cada vez mais encontrado, no entanto, ainda raro de ser visto em bandas menores.

As bandas ainda não sabem o que é um EPK (sigla para electronic press kit, ou kit de imprensa eletrônico, em português), e tão pouco como fazer um. Mesmo assim é fundamental ter algo assim. Um currículo do trabalho feito. Isso ajuda a banda, imprensa e produção.

Mesmo com toda a dificuldade conseguimos surpreender muitas pessoas: sejam seguidores ou músicos. E isso nos deixa muito honrados pelo caminho e amigos que fazemos.

Coletamos alguns depoimentos de amigos que divulgamos que dão suas opiniões a respeito da importância do Preto no Metal e do quadro Um Músico Por Dia:

Bruno Teixeira – Desalmado

“Eu acho fundamental ações que visem promover a diversidade da cultura preta. Estamos no rock desde sua fundação, mas somos sistematicamente apagados da sua história. Mais importante do que apontar os problemas são as ações e atitudes que tomamos. 

Iniciativas como Um Músico Por Dia são muito importantes para abrir espaço dentro de um cenário que nem sempre é amigável conosco, pois o racismo estrutural penetra todos os campos da nossa sociedade. Já foi muito pior, mas temos que continuar batalhando para esmagar o racismo. Para quem for ler isso, lembre-se que representatividade é importante, mas ela não pode ser vazia. Estamos num processo de aprendizado contínuo, mas não podemos perder o foco e buscar sempre conscientizar quem está à nossa volta sobre a importância da luta anti-racista.

Muita gente morreu para estarmos aqui hoje vivos e podendo fazer o que amamos. Seguiremos lutando o quanto for necessário para garantir o espaço de novas gerações de músicos negros dentro do metal e da cultura em geral. Um grande abraço ao coletivo Preto no Metal.”

Chaene da Gama – Black Pantera

“O Preto no Metal é um coletivo necessário não só pelo nome poderoso que carrega, mas também pelo o que ele representa. 

Estar no Um Músico Por Dia, ainda mais sendo integrante declaradamente antirracista/anti facho etc. Agrega e muito na divulgação de ideias e ideais tão pouco presentes no atual cenário que é sim muito reacionário.”

Clemente Nascimento – Inocentes

Um Músico Por Dia é uma das iniciativas mais importantes pro rock brasileiro. É colocar como missão de vida divulgar e propagar os músicos e a música underground. Parabéns Preto no Metal”

Hanna Paulino 

“É revigorante ver o Preto no Metal mostrar como a cena está pulsante, verdadeiramente viva e cheia de novos nomes surgindo… a exaltação dos que estão no baralho há tempos e divulgação dos que estão começando! É isso que fortalece!”

Natália Matos – Punho de Mahin 

“Preto No Metal” é uma das páginas que dão protagonismo para nós, pessoas pretas que se ramificam em diversas vertentes do rock.

A página Preto No Metal descobriu a Punho de Mahin assim que começamos a divulgar a banda no final de 2018/começo de 2019. Desde então, venho acompanhando as ações de divulgação e seu crescimento. 

Carinhosamente a chamo de Quilombo do Rock.”

Larissa Pires – Ethel e Neptune

“O quadro Um Músico Por Dia ajuda e muito na divulgação e reconhecimento de músicos pelo mundo. Exaltar não só bandas com integrante(s) preto(s), mas sim proporcionar um diálogo entre diversidade cultural, posicionamentos e os diversos estilos de sons, é o que enriquece esse quadro.”

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Link da última notícia sobre o Preto no Metal na mídia: G1 RS

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Categorias: Notícias Opinião

Jornalista musical há 8 anos, é editora do Wikimetal, onde une suas duas grandes paixões: música e escrita. Acredita que a música pesada merece estar em todos os lugares e busca tornar isso realidade. Slipknot, Evanescence e Bring Me The Horizon não podem faltar na sua playlist.