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Para quem é de verdade e sente pulsando nas veias nunca é apenas uma fase, é algo que o acompanha para a vida toda”

Por Lucas, WikiBrother

A década de 80 foi uma época dos egos inflados, dos exageros, onde deuses voltaram a andar na terra no meio de mortais. Mas também foram tempos em que muita boa música foi produzida. A época que o rock foi até o topo da montanha russa. Parecia até que jamais iria sair de lá. Na corrida pelo sucesso, muitos caíram no meio do caminho e foram esquecidos, mas alguns chegaram lá.

O Hard Rock oitentista, também chamado de Glam Metal  – ou no Brasil pelo termo pejorativo “farofa” –  foi o estilo que estourou naqueles tempos. Dividindo as paradas de sucesso com nomes que nada tinha a ver com o rock. O momento onde o metal foi mais pop, e pop no sentido de mainstream.

É fácil olhar para trás hoje em dia e pensar apenas na pose, no visual exagerado das bandas da época, especialmente as do chamado Glam Metal. Se olharmos além do laquê, vemos como as músicas são de qualidade. Não foi só o visual de bandas como Poison, Cinderella, Motley Crue, Dokken e Quiet Riot que conquistou o mundo naquele momento, mas sim seu som energético e cheio de carisma. Talvez toda aquela excentricidade tenha coberto o talento que tinham.

Infelizmente algumas pessoas tratam todo o conceito de Glam como algo negativo ou sentem vergonha de admitir que gostam ou fazem parte disso. Como certa banda com nome de felino que estourou nos anos 90 e renega o seu passado não tão distante, quando era, ou queria ser uma representante do estilo.

Ainda assim, existem artistas que até hoje levantam a bandeira do Glam com orgulho.

Ratt é uma dessas bandas e que falaremos um pouco aqui, mais especificamente sobre seus primeiros anos. Na minha humilde opinião eles representam o que foi o Glam e o hard dos 80 e é a primeira coisa que me veem a cabeça quando penso no estilo.

Apostando num visual característico da época, um som vibrante, com os riffs de guitarra na escola do blues, vocais rasgados característicos e letras falando sobre romance e noitadas, estava feita a fórmula. Assim como outros, eles pegaram o que bandas como Aerosmith, Kiss, Van Halen e Led Zeppelin faziam antes – o som, o virtuosismo, os exageros e o sex appeal – e colocaram uma nova roupagem e mais energia.

A historia do Ratt começa em Hollywood, terra das oportunidades para quem queria crescer na vida com a música ou trabalhando no cinema. Firedome era a banda de Stephen Percy, futuro vocalista do Ratt. A banda acabou em 1974, Percy então montou o Crystal Pystal. O nome foi mudado depois para Buster Cherry, e então mudou para Mickey Ratt em 1976.

Outro membro futuro da banda, o guitarrista Robin Crosby durante esses anos foi membro de bandas como Metropolis, Xcalibur, Phenomenon e Secret Service.

O vai e vem de membros do Mickey Ratt foi grande, e com a formação sempre mudando eles gravaram algumas demos. Até sair em 1980 um single com “Dr. Rock / Drivin’ on E” que deu certo nome no começo da cena de shows em clubes de Los Angeles

Em 1981 o nome finalmente foi encurtado para Ratt e após algum tempo a formação se firmou com Robbin Crosby e Warren DeMartini nas guitarras, Juan Croucier no baixo, Bobby Blotzer na bateria, e Stephen Percy nos vocais.

Em 1983 eles assinam com o gravador independente Time Coast Music e lançam o EP chamado Ratt. O EP com nome da banda deu certo e chamou atenção para eles, que conseguiram um contrato com a Atlantic Records.

O processo de composição para o primeiro álbum começou imediatamente, e em março de 1984 sai Out of The Cellar. Aclamado pelo publico e crítica. O debut é o exemplo de ataque hard rock perfeito e certeiro. Foi um sucesso de vendas, atingindo a marca de três milhões de copias vendidas– platina tripla.

Produzido pelo novato Beau Hill que conseguiu tirar o melhor som da banda. Afinal, não bastaria estarem inspirados se não tivessem uma boa produção por trás não é mesmo? Porém, não foi um trabalho dos mais agradáveis, com Hill já alegando que batia de frente com a banda.

É só ouvir as faixas presentes para entender o porquê de ele ter marcado tanto e virado um símbolo do Glam Metal. A abertura com “Wanted Man”, “Back For More“ que foi regravada do EP, o maior hit “Round And Round” que ganhou clipe, “You’re in Trouble”, “Lack of Communication”, uma música boa atrás da outra.

Out Of The Cellar e o próprio nome da banda – Ratt – nos remetem a música “Rats In The Cellar”, do Aerosmith. Mostrando de onde vieram às influencias da banda.

A mulher na capa é a modelo Tawny Kitaen. Achou ela familiar? Pois já deve ter a visto em vários clipes do Whitesnake.

Talvez não tão famosa e com o devido reconhecimento nos dias de hoje e lotando arenas como alguns de seus parceiros da época, algo que aconteceria se o mundo fosse um lugar justo. Mas com uma qualidade inquestionável e que atingiu um status de Cult merecido. Eles foram o tipo de banda que chegou ao topo e caíram. Brigas internas e judiciais, loucuras diversas, e a falta de interesse do publico pode ter sido alguns fatores que fizeram o Ratt não ser mais o que era antes ou o que poderia ter sido.

Afinal, quanta coisa boa não esta no mainstream hoje em dia não é mesmo? Devemos parar com esse conceito que só o que esta fazendo sucesso é bom e deixar de lado o que não tem projeção da mídia. Pois é assim que a boa música morre, não pela falta de bons artistas, mas pela falta de apoio e interesse do publico.

Ratt é algo além de um produto de seu tempo. Algo além de uma lembrança guardada no armário que temos vergonha de colocar para fora. Algo que dizemos “foi apenas uma fase louca e tola da minha juventude”. Para quem é de verdade e sente pulsando nas veias nunca é apenas uma fase, é algo que o acompanha para a vida toda.

O Hair Metal, Glam, Hard Rock de bandas como Ratt pode ter sido algo que nunca vai estourar ou fazer sentido como foi nos anos 80. Somos transportados para aquela época de longos cabelos e roupas cheias de estilo ao ouvirmos suas músicas ou vemos em vídeo shows antigos da banda, assim como seus clipes. Mas é mais do que olhar de volta para o passado. É perceber como a qualidade da música falou mais alto, se transformando numa obra de arte atemporal que sobreviveu e sobrevivera enquanto houver quem estiver disposto a descobri-la.

*Este texto foi elaborado por um Wikimate e não necessariamente representa as opiniões dos autores do site.

Confira também o texto de Ricardo Batalha sobre o Ratt.

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Categorias: Opinião

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