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Rafael Bittencourt

Rafael Bittencourt. Crédito: Reprodução/Facebook

Rafael Bittencourt lidera Exército da Esperança em luta pela união e empatia; ouça “Dar as Mãos”

Música criada na quarentena tem MC Guimê, Toni Garrido, Carlinhos Brown, Luana Camarah e mais

Em tempos de crise, qual a responsabilidade do artista? Com participação de mais de 20 músicos, o Exército da Esperança, liderado por Rafael Bittencourt, coloca em prática o entendimento da importância da classe artística como ferramenta de transformação social em “Dar As Mãos”, hino de esperança criado no contexto da pandemia de COVID-19 para hastear a bandeira da esperança nos corações aflitos.

Em entrevista ao Wikimetal, o guitarrista se juntou à convidada Luana Camarah para contar os bastidores da criação da música, inspirada por “We Are The Champions”, do Queen, e “We Are The World”, de Michael Jackson, e projetos em conjunto dos maiores nomes da música mundial, como o histórico festival Live Aid, de 1985.

“Eu adorava projetos que uniam os artistas para algum propósito. Gosto de juntar as pessoas, de agregar, sempre tive vontade de fazer algo assim e achei que agora fosse a hora”, explicou Bittencourt. A música nasceu no momento mais rígido da pandemia, impossibilitando o encontro com a maior parte dos envolvidos.

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Além da satisfação pelo desafio profissional e de logística para alocar todas as participações, existe também a alegria de unir amigos pessoais na empreitada que mistura diversos estilos de forma orgânica, com ênfase e harmonia para cada talento. Com assinatura de MC Guimê ao lado do fundador do Angra na composição, a faixa tem Toni Garrido, Carlinhos Brown, Família Lima, Alírio Netto, Marcello Pompeu e cantores mirins do The Voice Kids.

“É uma oportunidade de tocar o coração das pessoas, tentando iluminar a falta de esperança, o desespero, o pânico, a dor de ter perdido pessoas e levar o otimismo e a esperança”, contou o guitarrista. “Imaginei um cordão humano sendo construído”.

Para Luana, além da chance de “ser um canal para levar esperança”, o projeto também serviu de alento até mesmo aos artistas, diante das rigorosas restrições que a pandemia impôs ao fazer artístico. “Todo mundo está carente, nossa classe também está carente, estamos acostumados com as pessoas e isso ajuda a gente a sanar através da música”, observou.

Rafael Bittencourt, Toni Garrido e MC Guimê em estúdio. Crédito: Reprodução/Facebook

Responsabilidade artística

O passeio sem amarras por estilos musicais para além do rock e metal marca a carreira de Bittencourt e Luana, mas nem sempre o público compreende a importância do intercâmbio entre diferentes gêneros. “Tem uma parte do público que é um pouquinho mais conservadora. Tem uma parte do público roqueiro que se auto segrega, gosta de se sentir segregado. Hoje o rock não é segregado, já é o ritmo dos avós”, analisou o músico. “Mas o roqueiro ainda gosta de se sentir segregado para se sentir especial”.

Apesar dessa visão mais limitada de alguns, Bittencourt defende a quebra de protocolos. “O artista tem responsabilidade social de educar um pouco o público, quebrar preconceitos para que a humanidade se renove”, continuou.

Exército sem guerra

Apesar da criação no contexto da pandemia, o projeto traz uma mensagem política que extrapola a crise sanitária, com ênfase na importância da construção de pontes em frente às segregações que enfraquecem. A palavra “exército” parece deslocada no contexto de esperança e houve receio da possível conotação fascista da escolha, mas Rafael tinha o propósito de transformar o significado do termo, com a figura de uma “mobilização para o bem” em causas urgentes, nas áreas da cultura, educação, combate à violência e proteção do meio ambiente.

“Uma das coisas que eu gostaria de combater é a cisão do poder do povo brasileiro, que acontece com a polarização”, explicou Bittencourt. “Todas as mudanças vão depender da união do povo brasileiro, não é esperando que o governo vá fazer, é o povo entendendo as prioridades e se unindo”.

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Luana Camarah. Crédito: Reprodução/Youtube

Depois da pandemia

O futuro ainda parece incerto, mas a letra de “Dar As Mãos” reflete as expectativas de uma renovação na sociedade após tamanho sofrimento coletivo, com um mundo renovado quando algum grau de normalidade for possível novamente. Muita gente se esquece, mas os dilemas pessoais dos artistas refletem histórias de pessoas nas mais diferentes áreas.

Luana Camarah, por exemplo, se aproximou da família nesse período após 22 anos de dedicação aos palcos. “Esse foi o ano que mais fiquei próxima da minha mãe e do meu pai”, contou. “Espero isso das pessoas, que a gente tenha mais empatia e amor pelo próximo”.

Algo semelhante aconteceu com Bittencourt, que retomou o contato com colegas do ensino médio. “A gente vivia numa vida tão frenética, que você passava mais tempo com as pessoas que não são aquelas com quem mais quer estar”, pontuou. “Você revê os laços. Se você vai estender a mão, tem que ser para quem você realmente confia e quer estar perto, porque o entregar de mãos pode passar o vírus”.

Após o lançamento do single, disponível nas plataformas digitais e com clipe no YouTube, o guitarrista não descarta a possibilidade de uma live beneficente com o Exército da Esperança. “Acho que ainda tem potencial de ajudar muitas pessoas”, concluiu.

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