O grupo apresentou um set ótimo, porém confuso
O Lollapalooza 2018 começou nesta última sexta-feira, 23, em São Paulo e já trouxe inúmeras novidades: uma banda dinamarquesa em solos brasileiros pela primeira vez, uma dupla comandando um gigantesco palco e um set que começou quente, esfriou e voltou a esquentar em menos de uma hora.
Por voltas das 15h20, fãs impacientes do Volbeat começaram a cantar e combinar qual música iria receber um grande mosh. Alguns minutos atrasados, os dinamarqueses entraram no palco Ônix e fizeram a sua tão esperada estreia. Pela primeira vez no país, a banda se surpreendeu com a legião de fãs que cantavam cada palavra de todas as músicas.
O setlist foi composto principalmente pelas faixas do disco Seal The Deal and Let’s Boogie (2016) como “The Devil’s Bleeding Crown” que abriu a apresentação e “Black Rose”, um grande sucesso que rendeu alguns recordes para o grupo nas paradas musicais da Billboard.
Outras faixas bem conhecidas pelos fãs se transformaram em um medley bem divertido. “Heaven Nor Hell”, “A Warrior’s Call” e “I Only Want to Be With You” alimentaram a animação e emoção do público que os assistia ao vivo pela primeira vez, algo que os fãs esperavam há muito tempo.
Com fortes influências no rockabilly, o Volbeat criou um som único e é admirado por muitos por esse mesmo motivo. Sendo assim, eles não poderiam deixar de lado a importância que grandes artistas como Elvis Presley e Johnny Cash tiveram na criação desse som. Entre brincadeiras onde o vocalista Michael Poulsen imitava os ídolos e tocava seu violão, eles aproveitaram para tocar “Sad Man’s Tongue”, faixa inspirada em Cash.
Após a formação de algumas rodas (uma se tornou realmente grande e chamou a atenção da banda), o Volbeat finalizou o seu incrível e animado set com “Still Counting” que logo na primeira nota arrepiou o público.
O Rock se manteve alerta no Lollapalooza com o show dos ingleses do Royal Blood no mesmo palco que recebeu Volbeat apenas uma hora antes. Apesar da antipatia durante nossa conversa um dia antes de sua apresentação no festival, o duo mostrou estar confortável e animado no palco em frente a milhares de pessoas.
Liderando o gigantesco palco Ônix com apenas um baixo e uma bateria, Mike Kerr e Ben Thatcher provaram que o Rock está caminhando na direção certa onde o passado tem seu valor mas não define o gênero.
Mesclando muito bem os seus dois discos de estúdio, Royal Blood (2014) e How Did We Get So Dark? (2017), a dupla contagiou o público com a sua paixão pelo bom Rock and Roll. Até mesmo aqueles que não conheciam a banda acabaram se divertindo e levando para casa um novo nome para adicionar na playlist do Spotify.
Apesar de ter sido o único dia que não esgotou seus ingressos, a sexta-feira acabou de forma surpreendente: milhares de pessoas em frente ao palco Budweiser aguardando a trilha sonora de sua infância e adolescência: Red Hot Chili Peppers.
Um pouco depois das nove, Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith e Josh Klinghoffer subiram ao palco com um instrumental que ambientou o público ao que seria um ótimo, porém confuso show.
Com altos e baixos, algo foi constante: Flea e Chad Smith foram as estrelas da noite. Flea, com sua incrível disposição, foi o porta-voz do grupo enquanto Kiedies manteve seu trabalho de apenas fornecer um vocal ao som entregue com maestria por Chad.
Josh talvez tenha sentido ciúmes de todo a atenção que a dupla sempre recebe, pois decidiu fazer algo muito corajoso: além de assumir os vocais, algo que é um costume em shows, o guitarrista arriscou um cover de “Menina Mulher de Pele Preta” de Jorge Ben Jor. O que foi um set animado com “Can’t Stop”, “Snow” e “Otherside”, Josh quebrou com a surpresa. A confusão do público foi instantânea, mas logo todos se emocionaram com a homenagem.
A culpa, porém, não foi apenas do guitarrista. Em seguida, a banda tocou “Sick Love” que manteve o ânimo do público bem baixo que foi recuperado apenas quando apresentaram “Nevermind”, faixa que tocaram na Argentina sexta-feira passada, 16, pela primera vez desde 1996.
Talvez a banda se aventurou demais na sequencia e escolheu jogar de modo seguro na segunda parte do show quando tocou “Californication”, “Hump De Bump”, “By The Way” e “Give It Away”, que encerrou a noite.
O Red Hot Chili Peppers trouxe um show confuso, porém manteve a fórmula de uma grande banda de sucesso. É claro que um grupo como esse não precisa estar sempre inovando para conquistar a atenção e o amor do público, mas algumas mudanças poderiam ser feitas, afinal, não sabemos por quanto tempo Flea aguentará duas horas pulando por aí. Talvez muito tempo, talvez não. Mas por enquanto, um show do Red Hot Chili Peppers é obrigatório àqueles que buscam uma noite de boa música e diversão.
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Setlist Red Hot Chili Peppers no Lollapalooza Brasil 2018 (23/03)
1. Intro Jam
2. “Can’t Stop”
3. “Snow”
4. “Otherside”
5. “Dark Necessities”
6. “Menina Mulher Da Pele Preta” (cover de Jorge Ben Jor cantada por Josh Klinghoffer)
7. “Sick Love”
8. “Nevemind”
9. “Californication”
10. “Aeroplance”
11. “Blood Sugar Sex Magik”
12. “Hump De Bump”
13. “The Adventures Of Rain Dance Maggie”
14. “Pea” (apenas um trecho)
15. “Higher Ground”
16. “Under The Bridge”
17. “By The Way”
BIS:
18. “Goodbye Angels”
19. “Give it Away”
Fotos por: Camila Cara e MRossi
