Aconteceu na última quarta-feira, 12, o Popload Festival 2022. Conhecido por ser um queridinho do público indie, o festival já trouxe ao longo de sua história nomes como The XX, Tame Impala, Patti Smith e Iggy Pop.
Agora em sua oitava edição – e a primeira desde o início da pandemia – o evento investiu em uma line-up mista com Jack White, Pixies e Fresno + Pitty para os fãs de rock e Jup do Bairro, Perotá Chingó, Cat Power e Chet Faker para o público mais alternativo.
Depois de anos ambientado no Memorial da América Latina, o Popload apostou em uma nova localização para o seu retorno e acertou em cheio. O festival aconteceu no Centro Esportivo Tietê, onde em 2023 os fãs de Paramore irão presenciar o retorno da banda ao Brasil. Arborizado e não muito grande, o espaço acomodou bem as 14,5 mil pessoas que prestigiaram o evento, com variedade de banheiros com encanamento, boa qualidade de som e palco alto que era visível mesmo nos locais mais afastados.
O dia de festival abriu com um desconforto causado pela organização do evento, que cortou o som da cantora Jup do Bairro de maneira desrespeitosa antes que a artista finalizasse sua apresentação. Em suas redes sociais, Jup desabafou sobre o descaso cometido contra ela e sua banda e desmentiu alegações de atraso ou tempo estendido de set, indicando que falhas técnicas e atrasos haviam ocorrido por parte da organização do festival e não de sua equipe. A T4F e o Popload Festival ainda não se pronunciaram sobre o ocorrido.
Quem chegou depois não presenciou outros acontecimentos como esse. Os fãs de indie folk curtiram shows calmos de Cat Power e Perotá Chingó, enquanto Chet Faker agradou os que curtem música eletrônica. Os grandes destaques da line-up, porém, ficaram por conta das bandas de rock e rock alternativo, que levantaram o ânimo da galera.
Incluídos na line-up de última hora para substituir os britânicos do Years & Years, a Fresno conseguiu mesmo assim reunir um pequeno público de fãs e trouxe muito rock para o Popload Festival, apesar de sua plateia ainda estar meio morna. Com som alto e bem calibrado, o grupo gaúcho mesclou sucessos antigos com canções mais recentes, apostando no punk e hardcore em faixas como “Quebre As Correntes” e “FUDEU!”, uma faixa de protesto contra o governo atual.
Para cantar a delicada “Cada Acidente”, a banda chamou ao palco a cantora Lio, do trio de indie folk Tuyo, e encerrou o show convidando Pitty ao palco para as últimas três músicas. A artista baiana sofreu com microfone baixo nos primeiros minutos de “Na Sua Estante”, que quebrou um pouco o clima elétrico do show, mas é uma grande conhecida do público. Ela se juntou a Lucas Fresno nos vocais de “Casa Assombrada” e a setlist se encerrou com “Máscara”, que botou toda a plateia para pular, bater cabeça e cantar alto.
O grande destaque da noite ficou por conta de Jack White, que fez um show eletrizante e agitado com músicas de um de seus álbuns mais recentes, Fear Of The Dawn (2022), e alguns poucos sucessos do Raconteurs e The White Stripes, incluindo “Seven Nation Army” para fechar a performance.
Todo trabalhado na cor azul, desde a iluminação do palco até seu cabelo, o músico fez sua entrada vestindo um casaco esportivo também na cor azul-marinho com “Brasil” escrito nas costas. Falando rápido e de modo às vezes difícil de compreender, Jack White interagiu com o público que o esperou pela maior parte do dia e se animou ao vê-lo correr de um lado para o outro, tocando sua guitarra com muita destreza e habilidade e criando uma atmosfera contagiante com sua banda.
Depois da energia de Jack White, os veteranos do Pixies pareceram uma escolha não muito adequada para encerrar o festival, mas os fãs não se importaram. Como é de costume, a banda tocou uma setlist longa, com cerca de 20 músicas, sem parar para interagir com a plateia ou conversar, mas era nítido que muitos tinham ido ao festival apenas para vê-los. O público cantava a maioria das letras e dançava em seus lugares, muitos cercados de amigos, sentindo o gosto de nostalgia da banda que embala a trilha sonora de muitas vidas desde 1986.
Em sua oitava edição, o Popload Festival 2022 acertou na diversidade de artistas e se mostrou capaz de reter público até o final da noite, mas falhou enormemente no desrespeito com a única artista preta e trans em sua line-up. Até o momento, a organização do evento ainda não prestou um esclarecimento sobre o ocorrido.