Texto por: Raissa Lorena Carvalho Soares

O que acontece na Bahia depois do Carnaval? Contrariando as expectativas de quem enxerga o estado sob a ótica televisiva, o fim das comemorações carnavalescas anunciam o início das movimentações anuais da cena do rock. Foi com esse sentimento que o Point do Rock 2025 entregou mais uma grande edição no último fim de semana (15).

O Início de um novo tempo: Point do Rock 2025

O evento, que teve início no começo dos anos 2000, acontece na cidade de Vitória da Conquista (BA) e tem como principal objetivo promover à cena local a experiência de organização e estrutura normalmente presentes em festivais de música mais “comerciais” e/ou em grandes shows realizados no eixo Rio-São Paulo.

No Point do Rock 2025, a equipe de produção realizou um sonho antigo: trazer para o evento bandas de renome nacional. E assim o fez. Matanza Ritual e Ratos de Porão batizaram essa nova fase do evento e, em troca, foram presenteados com um público extasiado. 

Admirável pela diversidade de gênero e de faixa etária, a plateia do Point do Rock fez o Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima tremer e esteve em coro com as bandas a cada música, até o último segundo dos shows.

O Aniversário de João Gordo: uma celebração inesperada

Como se o destino quisesse fazer festa, algumas boas coincidências marcaram os dois dias de evento. A primeira delas foi o aniversariante do mês: João Gordo (vocalista do Ratos de Porão). O artista comemorou seus 61 anos de vida um dia antes do Point e fez cada mosh formado parecer um verdadeiro desejo de parabéns.

Ninguém ficou em casa vendo TV

O aniversariante era o João Gordo, mas no show do Matanza foi o público conquistense quem ganhou um presente. Eis aqui a nossa segunda boa coincidência: a banda fechou o domingo de Point do Rock com o seu primeiro show de 2025. E o que parecia muito bom ficou ainda melhor com o gostinho de ouvir, em primeira mão, músicas do mais novo disco do Matanza Ritual, A vingança é meu motor. O pré-save do álbum já está disponível nas principais plataformas de música e está com o lançamento marcado para o dia 21/03.

Destaque aqui para a presença estrondosa de Jimmy London, que fez o palco parecer pequeno e a plateia ficar ensandecida. A força expurgadora das letras do Matanza garantiu, a quem se entregou ao show, um início de semana muito mais leve. 

Desculpa, Jimmy… mas de mau o show não teve nada e, ainda assim, foi bom demais.

Aos filhos da casa, que orgulho!

A grade do Point do Rock 2025 contou ainda com 8 atrações formadas por bandas locais, que já são conhecidas do público e admiradas pelo papel que exercem de movimentar e construir a cena do rock no interior baiano. Honrando o objetivo principal do evento, cada uma delas trouxe para o show o seu melhor, divertindo e enchendo a galera de orgulho.

Entre covers de alta qualidade e músicas autorais, quem escolheu ser full-time no evento pôde curtir sons do Charlie Brown Jr., Linkin Park, Angra, Metallica e até participar da gravação de um clipe. A banda Dona Iracema, fundadora do caatincore iracemático, aproveitou a presença de uma plateia dedicada para gravar o videoclipe da canção “Casa do Caralho”, faixa encontrada no último trabalho da banda, Rojão 12×1.

Em respeito aos dois dias incríveis de evento, segue a lista completa das atrações presentes na grade do Point do Rock 2025: Princípio Ativo, Black Lis, Points Of Authority, Outra Conduta, Ratos de Porão, Ladrões de Vinil, Fire, Menino de Lata, Dona Iracema e Matanza Ritual.

O compromisso social do Point do Rock

Com uma equipe de produção formada por pessoas que já tiveram bandas de rock e que, um dia, já foram jovens adolescentes em busca de um espaço acessível que acolhesse seus gostos e preferências, o Point do Rock garantiu, por mais um ano, a entrada social (1kg de alimento não perecível que será direcionado para projetos atuantes na cidade). 

O resultado? Um evento transformador e com potencial para renovar as expectativas das gerações envolvidas com um gênero musical que não sobrevive apenas de shows internacionais no Allianz Parque ou dos festivais nas grandes capitais. O rock nacional depende também de todo o movimento que ocorre no interior do país, mesmo com recursos limitados.

Vida longa ao Point do Rock e que venha a edição de 2026!

Confira as fotos tiradas pela nossa colaboradora Larissa Carinhanha:

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