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Mulher tocando instrumento

Mulher tocando instrumento. Crédito: Imagem de Freepik

Pesquisa mostra desigualdade de gênero na música

Relatório informa que musicistas mulheres sofrem mais discriminação e assédio

Pesquisa publicada na quarta, 27, mostra grande desigualdade de gênero na música no Reino Unido.

A pesquisa foi realizada pela Help Musicians e Musician’s Union com apoio do Women in CTRL, e utilizou como base as respostas de 2.526 musicistas que se identificaram como mulheres – de um total de 6.000 músicos.

Os resultados discrepantes comprovam que ainda há muitas questões que as mulheres enfrentam na carreira que as deixam em desvantagem em relação aos homens.

Discriminação de gênero e assédio sexual

O relatório aponta que 51% das mulheres sofreram discriminação trabalhando com música, algo relatado por apenas 6% de músicos homens, ou seja, mulheres têm oito vezes mais probabilidade de serem discriminadas nesse contexto.

Os resultados também mostraram que 33% das mulheres já sofreram assédio sexual enquanto trabalhavam e 25% já testemunharam isso acontecer com colegas de trabalho.

Além da discriminação e do assédio já serem situações graves, 60% das mulheres consideram que essas situações são barreiras para continuar ou progredir na carreira musical.

Desigualdade em cargos e gêneros musicais 

Por mais que haja muitas mulheres trabalhando na indústria musical, quando se trata de algumas funções, elas ainda têm pouco espaço.

Cerca de 79% trabalha como musicista, ou seja, se apresenta, toca instrumentos, etc.

No entanto, mulheres representam somente 29% dos DJs, 24% dos produtores e apenas 15% são engenheiras de som ao vivo e 12% engenheiras de estúdio.

Com relação aos gêneros musicais, as mulheres são maioria na música clássica, sendo 59%. Também tem um certo equilíbrio no teatro musical, em que elas ocupam 46% das funções.

Porém, nos outros gêneros há discrepância entre homens e mulheres, principalmente no rap (no Reino Unido), com as mulheres sendo apenas 8%.

Diferença de salário entre homens e mulheres

A pesquisa trouxe dados de renda média anual e o resultado foi de £19.850 para musicistas mulheres, em comparação com £21.750 para os homens, o que gera uma diferença de quase um décimo.

Entre os que ganham £70 mil ou mais por ano com música, apenas 19% são mulheres. 

Fora a problemática da disparidade salarial, as mulheres são mais qualificadas em termos de educação, mais de 14% possuem licenciatura em música e 15% tem alguma pós-graduação na área, porém na prática isso não causa efeito nos salários.

Empecilhos à progressão na carreira

Não bastasse a diferença salarial, ainda existem outras questões estruturais que dificultam o desenvolvimento da carreira de mulheres na música.

Os principais fatores que interferem no âmbito profissional são os compromissos familiares e domésticos.

Um exemplo simples é o fato de que mulheres musicistas têm mais responsabilidades de cuidados primários (28% em comparação com 20% de outros gêneros) e 22% se declaram como as principais cuidadoras de uma criança.

Sendo assim, as mulheres enfrentam problemas como horários de trabalho inconciliáveis e dificuldade de encontrar alguém ou alguma empresa de cuidados para crianças ou adultos incapazes.

Idade e longevidade de carreira

Considerando que as mulheres recebem salários menores, elas também enfrentam mais dificuldades financeiras.

27% das entrevistadas responderam que não ganham o suficientes para se sustentarem, em comparação com 20% dos músicos homens.

Esse fator afeta não somente de maneira inicial, mas a longo prazo, já que para piorar, a visibilidade das mulheres na música tende a diminuir com a idade. 

De acordo com o relatório, 47% das mulheres musicistas têm entre 16 e 55 anos, porém apenas 26% têm mais de 54 anos de idade. 

Contribuição da pesquisa no combate a desigualdade de gênero na música

Ao NME, Sarah Woods, diretora executiva da Help Musicians e Music Minds Matter disse que o relatório mostrou que há muito a ser feito para que haja equidade de gênero na área musical.

Ela também espera que os dados da pesquisa encorajem a indústria a colaborar cada vez mais para diminuir as barreiras baseadas em gênero.

Nadia Khan, fundadora da Women in CTRL, declarou que os dados do censo quanto a discriminação, assédio e desigualdade salarial são alarmantes.

Khan enfatizou que medidas precisam ser tomadas e esse é o momento oportuno para a indústria se comprometer com mudanças que evitem os mesmos dados antes do próximo censo.

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