Na última quarta-feira, 16 de outubro de 2024, eu tive o prazer de assistir a 38ª apresentação de Sir Paul McCartney, mais conhecido como Beatle Paul, (ou Paulinho para os mais íntimos) no Brasil.

O show foi, como sempre, impressionante e emocionante, muito. Foi a sua 13ª apresentação em São Paulo, a 10ª apresentação no Allianz Parque, (há quem diga que Paul cumprimenta os funcionários do Allianz pelo nome, pergunta da família, dos filhos, etc, mas é claro que isso é só uma piada).

A apresentação começa pontualmente às 8:30 da noite, depois de um set de quase 1 hora do DJ Chris Holmes, que toca versões de músicas dos Beatles, remixes de lados B do Wings como “Love is Strange”, e “Temporary Secretary” do álbum McCartney II. Meia hora antes do show começar, é exibido um vídeo nos telões que passa por todas as fases da vida de Paul, aquecendo a plateia para o que está por vir: mais um show da tour Got Back, o terceiro que eu tive o imenso prazer de presenciar.

Nada no show é novidade, apenas a execução de “Now And Then”, a música “nova” dos Beatles, mais um momento super especial, mesmo pra quem já tinha visto o show. Na verdade, há muitos momentos especiais no show de quase 3 horas, especialmente porque dessa vez eu vi o show praticamente da grade, agradecimentos especiais à minha filha Laura, que insistiu para que chegássemos cedo e garantirmos um lugar bem na frente. Obrigado Laura!

O show desta terça começou com “Can’t Buy Me Love”, diferente do anterior que começou com “A Hard Days Night”, a seguir Paul intercala músicas de todas as fases de sua carreira, “Junior’s Farm” e “Letting Go” do Wings, a primeira o lado A do compacto de 74, e “Letting Go” do álbum Venus and Mars lançado em 76.

Na sequência, uma das melhores dos anos inicias dos Beatles, “All My Loving”, e a matadora “Got to Get You Into My Life” do álbum Revolver de 76, uma das minhas preferidas do show, (destaque para o naipe de metais, os Hot City Horns, que acompanham Paul desde 2018 – anteriormente os arranjos de metais eram feitos pelo tecladista Wix Wickens, que está com o Paul há mais de 35 anos).

Na sequência ele emenda “Come on to Me”, do álbum Egypt Station de 2018, “Let Me Roll It” (uma das minhas preferidas do Wings), do álbum mais importante da banda, o Band on the Run de 1973. A maravilhosa “Getting Better”, do álbum Sgt Peppers and Lonely Hearts Club Band de 1967, “Let ‘Em In”, do Wings at the Speed of Sound de 76, “My Valentine” dedicada à sua esposa Nancy Shevell, que estava assistindo ao show.

“Nineteen Hundred and Eighty Five” também do Band on the Run, e “Maybe I’m Amazed” do primeiro álbum solo McCartney, escrita para sua falecida primeira esposa, Linda, um dos pontos altos do show (nesse momento lágrimas já começam a escorrer nos rostos de alguns fãs, no meu também, of course).

Na sequência, a magnífica “I’ve Just Seen a Face” de Help de 1965, com ótimos backing vocals da banda que acompanha Paul há muitos anos, o fantástico baterista Abe Laboriel Jr. e os competentes Brian Ray (guitarra e baixo) e Rusty Anderson (guitarra). A partir daí os músicos vem pra frente do palco e, de forma acústica, tocam as duas primeiras gravações dos Beatles, “In Spite of all the Danger” e “Love me Do”.

“Dance Tonight” do álbum Memory Almost Full, lançada como single no aniversário de 65 anos de Paul em 2007, a perfeita “Blackbird” do Álbum Branco de 68 e a emocionante homenagem a John Lennon, “Here Today” do álbum Tug of War de 82, um dos melhores álbuns da carreira solo de Paul, produzido por George Martin. Mais lágrimas. 

Detalhe, já rolou mais de uma hora de show, e Paul, um senhor de 82 anos, ainda não tomou um gole d ‘água.

Agora Paul decide dar uma levantada na plateia, “Now and Then”, a música nova dos Beatles, lançada em 2023, a excelente “NEW”, do ótimo álbum de estúdio e homônimo de 2013, “Lady Madonna”, um dos pontos altos do show, lançada como single em 68. Na sequência a animada “JET” também do Band on the Run, “Being for the Benefit of Mr. Kite” do Sgt Peppers (sempre achei que essa música fosse do John Lennon), a homenagem a George Harrison, “Something” (mais lágrimas, óbvio), uma das músicas mais maravilhosas de todos os tempos. “O-Bla-Di, O-Bla-Da”, do Álbum Branco de 68 quebra o clima e anima o público, “Band on the Run” do álbum homônimo e “Get Back”, do Let it Be lançada em 1970. 

Já se passaram 2 horas de show e Paul ainda não tomou um copo d ‘água.

As 3 últimas dessa parte do show são de matar qualquer um de emoção, “Let it Be”, “Live and Let Die” lançada em 1973 na trilha do filme de James Bond, o 007, com o mesmo nome, com o já tradicional show de pirotecnia. E para encerrar a primeira parte do show, “Hey Jude” (lágrimas e mais lágrimas…). O show para por alguns (poucos) minutos, acho que Paul, depois de 2 horas, finalmente toma um copo d´água no camarim.

A banda volta para o bis, “I’ve Got a Feeling” do álbum Let it Be, e com direito a um dueto com John Lennon, é um dos pontos altos do show. “Day Tripper”, single de 1966 e um dos riffs mais perfeitos da história da guitarra, substitui “Birthday” tocada no dia anterior. Sgt Peppers (reprise) é perfeita para preparar os 50 mil presentes que o show, uma hora (infelizmente), tem que acabar.

Aí entra a mais pesada do show “Helter Skelter” (como ele ainda consegue cantar nesses tons tão altos depois de mais 2 horas e meia de show?????). Aí o final é pra matar qualquer um, uma das minhas preferidas “Golden Slumbers” do Abbey Road, seguidas de “Carry That Weight” e a sensacional “The End”, encerramento do show e encerramento da carreira dos Beatles, “and in the end the love you make is equal to the love… you make”. Lágrimas, lágrimas e mais lágrimas, as luzes se acendem, a gente tenta disfarçar a emoção, mas é difícil, os olhos já estão vermelhos. O que ameniza é que quando você olha em volta percebe que não são só os seus.

Paul McCartney é impressionante, pela energia, pela simpatia, pelo carisma, pela competência, pela elegância, pelo talento, pela musicalidade, mas principalmente pelo amor à sua música, ao seu público. E o público retribui, com muito carinho: é muito amor envolvido. Canções de uma carreira de mais de 60 anos, um homem que já conquistou tudo na vida, segue trazendo e mostrando o seu show, a sua arte, a sua música para seus fãs, só pode ter muito amor envolvido. Obrigado Paul, obrigado Bonus Track por trazer o Paul McCartney ao Brasil desde 1990 (eu estava lá!!!), obrigado, obrigado, obrigado. E, pelas palavras do próprio Paul McCartney: ATÉ A PRÓXIMA!

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