Texto por Eric Campi e Erica Y Roumieh
O Natal já passou, as ceias já foram devoradas e agora toda a nossa atenção está direcionada ao novo ano que se aproxima. Com isso, chega aquele momento de reflexão e análise de tudo o que aconteceu em 2019. Todas nossas conquistas, falhas, lutas e amores são avaliados e claro que aqui no Wikimetal não é diferente.
A redação se reuniu para discutir sobre os melhores lançamentos do rock e do heavy metal do ano e separou os 40 melhores álbuns para os leitores. Do mais clássico ao mais novo, a lista carrega novidades e clichês dos gêneros, mas todos selecionados com o apego à música boa. Então sente, coloque seu fone e curta a lista dos melhores de 2019 – que até ganharam uma playlist no Spotify e Deezer.
40. Ray Alder – What The Water Wants
Ray Alder, mais conhecido como o vocalista do Fates Warning, decidiu se aventurar em uma carreira solo no ano de 2019. Segundo ele, a ideia veio em um momento em que os integrantes do grupo estavam ocupados com a turnê e outros projetos paralelos como o Awaken The Guardian do Jim Matheos. “Eu fiz uma pausa enquanto isso. Eu não estava fazendo nada (…) então eu pensei: ‘Tudo bem, talvez seja a hora de fazer alguma coisa’”, ele disse durante uma entrevista. Ele ainda conta que sua intenção era criar algo diferente da banda: “Queria destacar o que posso fazer vocalmente. Há muitas harmonias. Existem algumas músicas com oito faixas vocais. Eu estava mesmo me divertindo com isso.” E de fato se divertiu, sua alegria transpareceu no trabalho.
39. Queensrÿche – The Verdict
Com um senso de revolta política com o estado do mundo, o Queensrÿche voltou com The Verdict. O disco é a aposta da banda em uma modernização do som, sem deixar de lado nenhum dos elementos clássicos da banda. Mostra, também, como o vocalista Todd La Torre já estabeleceu seu lugar na banda de maneira marcante. É o Queensrÿche clássico mas, de alguma maneira, maior e mais ousado.
38. I Prevail – Trauma
Trauma, o novo disco do I Prevail, tem tudo para agradar aos fãs de metalcore: músicas com momentos pesados, tensão crescente e refrões grudentos. Mas, aqui, a banda experimenta com diferentes subgêneros do rock e do metal unindo-os com elementos de hip-hop, música eletrônica e trap. O I Prevail tenta, e consegue, quebrar barreiras de gênero e traz um metal com cara de moderno, mostrando todo o talento dos integrantes.
37. In Flames – I, The Mask
Por mais que o In Flames tenha acalmado com o tempo, em I, The Mask, a banda ainda é capaz de entregar uma brutalidade satisfatória. Além dos guturais característicos, o disco apresenta muitos vocais limpos de diversas camadas. Entre os destaques, está a acústica “Follow Me”, que lembra um pouco o Mastodon.
36. Fontaines DC – Dogrel
Fontaines DC é uma banda de post-punk que traz uma certa inocência de antes do punk. Mais do que se revoltar com os problemas do mundo, em Dogrel a banda lamenta a cultura do medo. A mistura das letras impressionistas com o clima irlandês, de noites em pubs, coloca o disco numa ótima sessão dupla com uma leitura de James Joyce.
35. The Darkness – Easter Is Cancelled
Segundo o baixista Frankie Pullain, o disco Easter Is Cancelled examina “a brutalidade do homem contra o homem, a dicotomia em que as pessoas vivem. As músicas definem a existência humana através de uma parábola – o lento ciclo da morte e o eventual e glorioso renascimento do rock and roll”. Com um humor afiado e colocando o som com uma certa importância divina, o The Darkness entrega um dos melhores discos de rock do ano.
34. Bad Religion – Age Of Unreason
Como tem feito pela carreira, em Age Of Unreason, o Bad Religion trata de assuntos sociais e políticos. “A banda sempre se colocou em favor de valores iluminadores”, disse o guitarrista Brett Gurewitz. “Hoje, os valores da verdade, liberdade, qualidade, tolerância e ciências estão em perigo. Esse disco é a nossa resposta”. Como mais um bom representante do punk, o disco atira nos conceitos da pós-verdade, no racismo e na ideologia da era-Trump.
33. Employed to Serve – Eternal Forward Motion
O grupo britânico sempre fez questão de explorar temáticas pessoais como depressão, ansiedade e outras doenças que afetam os integrantes. Por que? Eles querem conscientizar as pessoas de problemas psicológicos e, claro, fazer boa música com isso. Com influências diversas como Deftones e Jamie Lenman, o Employed To Serve – nome que já entrega bastante sobre essa ideia de espalhar a palavra e servir como um apoio às pessoas – traz riffs fortes e guturais e um vocal que você é capaz de sentir dando um tapa na sua cara. O disco é pesado e interpreta um papel importantíssimo no ano de 2019.
32. Weezer – Weezer (Black Album)
O Black Album do Weezer traz um lado mais sombrio da banda sem deixar de lado o clima de “eu não me importo” que o vocalista Rivers Cuomo sustenta tão bem. Trata de temas como a miséria de Los Angeles, drogas, festas e solidão. Mas também sobre apocalipse zumbi e economia (com refrões em espanhol). É um disco divertido e louco, como deve ser um trabalho da banda.
31. Candlemass – The Door to Doom
O décimo segundo álbum do Candlemass marca o retorno do vocalista Johan Längqvist após mais de três décadas afastado. O cantor, que gravou apenas o disco de estreia da banda, foi o grande destaque de The Door to Doom. A mudança reativou a criatividade do grupo e entregou um disco sólido e já se torna um clássico do heavy metal. Para quem ficou na dúvida sobre ouvir o trabalho, Tony Iommi aparece em “Astorolus – The Great Octopus” com um riff incrível, mostrando seu selo de aprovação. É um disco imperdível.
30. Jinjer – Macro
A incrível banda Jinjer lançou em 2019 seu terceiro álbum de estúdio e uma continuação do EP Micro, também divulgado esse ano. Até aqui eles já mereceram a nossa atenção. O grupo sempre buscou unir o heavy metal com outros estilos musicais, provando que todos eles conversam entre si. Um outro destaque inegável é a vocalista Tatiana Shmailyuk. Ela mostra que não há limites para sua voz com seus guturais que dançam muito bem com seu vocal mais limpo. Letras fortes com temáticas reais e pesadas recheiam o disco e suas belas harmonias que aparecem em momentos inusitados para um disco de uma banda de metal. Macro é uma experiência criativa.
29. Gatecreeper – Deserted
Essa não seria uma lista de melhores do metal se não houvesse o estranho e, muitas vezes, bizarro death metal. O Gatecreeper lançou seu primeiro trabalho em 2016 e deve ser uma das bandas mais novas do gênero, mas isso não quer dizer que eles não têm talento. O vocal, o baixo, a bateria, a guitarra… Tudo é executado com excelência, se destacando mais que muitas bandas mais clássicas. Deserted é uma estrada asfaltada pelos norte-americanos e cada música traz uma parada especial. Com elementos pesados e às vezes até eletrônicos, eles apresentam uma interpretação diferente do que o death metal pode ser.
28. Rotting Christ – The Heretics
O Rotting Christ não tem medo de soar extremo demais para o mercado da música. Com 10 faixas, o disco compacto estende uma atmosfera gótica por toda a extensão, com ecos, sinos e cânticos religiosos. A aura trabalha para satirizar religiões ao mesmo tempo em que cita filosofias como a de John Milton em Paraíso Perdido: “Aqueles capazes de te fazer acreditar em absurdos, são capazes de te fazer cometer atrocidades”.
27. The Devil Wears Prada – The Act
O The Devil Wears Prada aposta, aqui, em um som minimalista. Inspirada por artistas como, veja só, Billie Eilish, a banda investe na experimentação e na ambientação das músicas. Como disse o vocalista Mike Hranica, a intenção era produzir uma “arte que te segura pelo o que não está lá. Não pelo o que está”. É um distanciamento do que a banda fez nos últimos dez anos, mas uma roupagem nova muito bem-vinda.
26. Liam Gallagher – Why Me? Why Not.
Você já sabe o que esperar de um disco do Liam Gallagher mesmo antes de ouvir. Ele segue o caminho oposto ao de seu irmão Noel e ex-parceiro de Oasis, que tentou experimentar e diminuir as limitações de seu som. O pop-rock meio indie aparece aqui com força total, o rock é mais rock e o pop é mais pop do que o disco antecessor. Sem dúvidas um agrado aos fãs do cantor.
25. Papa Roach – Who Do You Trust?
No álbum anterior do Papa Roach, o vocalista Jacob Shadixx queria provar que era um bom vocalista de rock pesado. Em Who Do You Trust, ele quer provar ser um bom vocalista, ponto final. É como se a banda pegasse todas suas influências, fizesse uma música com cada uma delas, elevando-as ao extremo. Da vibe meio Imagine Dragons de “Elevate”, ao punk sujo de “I Suffer Well” e ao Rage Against The Machine em “Renegade Music”. Um disco que lida com os problemas do mundo e os internos.
24. Mark Morton – Anesthetic
Mark Morton, guitarrista do Lamb of God, estreia seu álbum solo com diversas participações especiais. Cada uma delas define o caminho em que a música vai se embrenhar. É uma ótima demonstração das habilidades do guitarrista, tanto no instrumento quanto na escrita. Passando por Jacob Shadixx e Myles Kennedy, o grande destaque é “Cross Off”, que conta com o falecido vocalista do Linkin Park, Chester Bennington, no auge dos screamos e com uma fúria nunca antes vista.
23. Refused – War Music
O Refused voltou com um som totalmente politizado. Um som punk, com pop dançante, que demonstra a qualidade de escrita da banda. Em comunicado, disseram: “No atual momento, nós que acreditamos na distribuição igualitária de riqueza, numa democracia direta, igualitária e ecológica, nós que usamos pronomes de gênero neutro como solidariedade, responsabilidade moral, interseccionalidade e luta de classes, nós que acreditamos no marxismo, estamos de costas, encostados na parede, cercados de inimigos. Nossos movimentos estão sendo proibidos e nossos direitos violados. Está claro há algum tempo: o sol está se pondo sobre nossas crenças.”
22. Alter Bridge – Walk the Sky
Walk The Sky traz 14 novas faixas, incluindo os singles “Dying Light” e “In The Deep”, que completam uma retrospectiva de carreira da banda. Cada faixa traz elementos de músicas anteriores para criar algo novo. Como disse o guitarrista Mark Tremonti, o disco “é meio que um filme de John Carpenter. Tem uma vibe old-school de synth wave”
21. Dream Theater – Distance Over Time
O novo disco do Dream Theater, Distance Over Time, aproxima o som da banda mais ao metal do que ao progressivo, obviamente sem esquecer que eles são os grandes mestres desse gênero. É um disco mais curto que o normal, totalmente coeso, modernizando o som da banda ao mesmo tempo em que se volta para as raízes.
20. Within Temptation – Resist
Resist, o sucessor de Hydra (2014), traz participações especiais de Jacoby Shaddix (Papa Roach), Anders Fridén (In Flames) e Jasper Steverlinck (Arid). É mais um exemplo da modernidade do metal, tomando novos passos e arriscando a fim de alcançar novos patamares da música pesada, incluindo influências do eletrônico que combina com a abordagem futurista do álbum.
19. Scott Stapp – The Space Between the Shadows
Scott Stapp, a inconfundível voz do Creed, lançou um profundo álbum solo, Gone Too Soon. Como o nome indica, o trabalho é uma homenagem a dois artistas, e amigos, que partiram cedo demais: os gênios Chris Cornell e Chester Bennington. O trabalho é como uma reflexão sobre a vida e memórias, assim como os caminhos que um ser-humano poderia trilhar se não houvesse uma mudança em sua vida.
18. Opeth – In Cauda Venenum
O novo trabalho do Opeth é complexo e energético. É um disco agressivo, cru, honesto e rebelde. Mas, ao mesmo tempo, possui um senso espiritual de liberdade, de uma banda que poderia se manter repetindo o mesmo som, mas que está sempre em busca da verdade na procura de novas influências.
17. Sabaton – The Great War
The Great War é um disco engajante a animado. Com um senso de heroísmo percorrendo todas as faixas, o álbum se foca na história das guerras de trincheiras. Cada música mostra um ponto de vista diferente da guerra. É como se cada uma dela fosse crescendo em um hino de força de coragem, capaz de suscitar sentimentos bélicos e de unidade no ouvinte.
16. Lacuna Coil – Black Anima
Peso e escuridão são palavras comuns quando estamos falando de metal, mas o Lacuna Coil sempre foi uma banda fora da curva. Com seu som mais pop e puxado para o metal alternativo, o grupo sempre apresentou algo diferente. Agora, em Black Anima, o diferente é exatamente o contrário daquilo que sempre apresentou. Com quase 20 anos de estrada, o Lacuna Coil decidiu mostrar seu lado sombrio. “Acho que é um álbum completo. Temos algumas músicas realmente pesadas, outras mais cativantes e outras que são mais introspectivos e tristes”, eles disseram em uma entrevista. E de fato, eles trazem diversas camadas do metal, mas sem perder sua identidade. Em Black Anima, o Lacuna Coil mostrou amadurecimento e mal podemos esperar para assistir tudo isso ao vivo em 2020.
15. The Raconteurs – Help Us Stranger
Help Us Stranger é o trabalho mais criativo de Jack White desde o fim do The White Stripes. Com uma musicalidade que parece emular o passado com efeitos empoeirados de vinil, a banda se transporta para momentos do mundo mais descomplicados, com certa nostalgia e quebra de barreiras musicais. Como esperado, há uma firmeza nas guitarras, nos arranjos de épocas passadas e na melodia.
14. Korn – The Nothing
O novo disco do Korn, The Nothing, foi gravado numa das fases mais difíceis do vocalista Jonathan Davis, após a morte de sua esposa. O décimo terceiro disco, coincidentemente, é o mais assombrado da banda. Ouvi-lo como um álbum completo é uma experiência assustadora, tensa, com gritos de tristeza e raiva que reverberam pelos ouvidos por muito tempo. É um processo de terapia para o cantor, que libera seus fantasmas mais escondidos numa espécie de exorcismo sonoro.
13. Hellyeah – Welcome Home
O último trabalho do baterista Vinnie Paul, gravado inteiramente por ele, apresenta-se como uma homenagem ao artista. O que começou como um tributo a Dimebag Darrell, irmão do baterista, tornou-se uma forma de celebrar sua carreira. O som da banda traz um senso de inspiração e agradecimento por todo o disco. Ao mesmo tempo, apresenta um metal que equilibra bem os aspectos mais agradáveis ao rádio com verdadeiros hinos do metal.
12. While She Sleeps – SO WHAT?
So What? é aquele tipo de álbum que poderia ser inteiro lançado como single. É uma música mais poderosa que a outra, mostrando um metalcore potente, com influência da música eletrônica e do nu metal. Ainda que tenha partes que parecem terem sido tiradas de uma música de EDM, os riffs rasgados e a vibe hardcore continua ali, como no single “Anti-Social”. Mais um experimento de novas direções para o metal atual.
11. Bad Wolves – N.A.T.I.O.N.
Depois de estourar com o cover de “Zombie”, do The Cranberries, o Bad Wolves se provou uma banda a ser acompanhada de perto. Em N.A.T.I.O.N., a banda mostra que quer usar o máximo de influências do rock e do metal que pode, mesmo que isso os leve para longe do “peso”, tão querido pelos fãs. Tem metalcore, nu-metal, hardcore, pop… tudo numa mistura perfeita e energética. A matilha de lobos continua crescendo enquanto o Bad Wolves continua mostrando ser uma das grandes revelações do momento.
10. Bring Me The Horizon – amo
O Bring Me The Horizon fez aqui um dos melhores discos do ano. Essa afirmação pode irritar muita gente, uma vez que a banda que no início trazia muito do death metal, foi pra direção totalmente oposta. Amo é praticamente um disco conceitual sobre o amor (o título do disco é mesmo o verbo “amar” em português. O BMTH mostra a originalidade de ideias e qualidade da escrita, apostando em diversas direções e, mesmo assim, fazendo um álbum coeso. “Mantra”, por exemplo, é um hino do metalcore atual, com influências da música eletrônica. “Wonderful Life” faz Dani Filth, do Cradle of Filth, participar de uma faixa nu-metal. Já “Why You Got Kick Me When I’m Down?” é rap puro. O pop encontra-se em peso aqui, mesmo que os guturais de Oli Sykes apareçam eventualmente. O disco é um passo adiante para a banda, que evolui o som com muita criatividade e desprendimento.
9. Rival Sons – Feral Roots
O novo álbum do Rival Sons, Feral Roots, foi escrito pelo guitarrista Scott Holiday e pelo vocalista Jay Buchanam numa cabana no Tennessee, entre dois lagos. Essa é a ambientação perfeita para o álbum, que traz uma releitura do hard rock e blues-rock, com influências que vão de Led Zeppelin a Black Sabbath. E o melhor usar delas sem copiar, no auge do que o hard-rock moderno pode apresentar. Uma psicodelia com cara de algo puramente norte-americano.
8. Lindemann – F&M
Um disco solo do vocalista Till Lindemann, cantado em alemão, poderia soar demais como o Rammstein. Mas, logo se percebe no que os trabalhos se diferem: Peter Tagtgren. As composições meio robóticas, o senso sombrio e o piano grandiloquente do sueco se encaixam perfeitamente aqui e se mostram presentes em todo o disco. F & M, no final das contas, mostra-se o oposto do que parece em primeira vista. Apesar das letras em alemão, deve agradar uma audiência mais ampla, uma vez que transborda gêneros musicais e mantém uma unidade justamente na excentricidade criativa do duo Lindemann/Tagtgren. E mostra que a loucura de Lindemann, mesmo em dose dupla em 2019, nunca é demais.
7. Baroness – Gold & Grey
É difícil ouvir um disco do Baroness e tentar dissecá-lo. Suas diversas camadas são o grande apelo no som dos caras, mas dificulta a tentativa de rotulá-los. Talvez seja exatamente essa a intenção do grupo, afinal eles arriscam o DYI (do it yourself ou faça você mesmo) no metal. Gold & Grey é uma metamorfose constante. No disco, o grupo explora temáticas pesadas, grande parte inspirada na perda dos integrantes Allen Blickle (bateria) e Matt Maggioni (baixo), mas a vocalista Gina Gleason trouxe a mudança de ares que eles precisavam. Com uma bagagem enorme, o grupo conseguiu se reinventar sem perder sua essência. Gold & Grey é uma grande mistura de post-rock, space rock, grunge e hard rock, e o Baroness entregou com perfeição.
6. Fever 333 – STRENGTH IN NUMB333RS
A princípio, o Fever 333 era comparado com uma mistura de Linkin Park e Rage Against the Machine. As influências estão lá: o rap unido ao metal e ao hardcore com letras extremamente políticas e sociais. É basicamente uma trilha-sonora para uma revolução. O disco tem claramente o propósito de unir minorias (negros, mexicanos, mulheres, LGBTQ+), mostrando como juntos, tem o poder de fazer o mundo um lugar mais amigável e com melhores condições a todos. Tudo isso com muito screamo e energia.
5. The Who – WHO
A espera foi longa, mas finalmente chegou. 13 anos desde seu último disco, o The Who é o clichê de “a espera valeu a pena”. Atemporal, Who consegue entregar o som clássicos dos britânicos sem hesitar por um segundo, mas ao mesmo tempo, carregado de um ar moderno. O disco tem seus momentos The Who Sell Out, outros Tommy e definitivamente muitos momentos Quadrophenia, mas nada disso parece batido. Em nenhum momento enxergamos “mais do mesmo”, o que estressa o talento e a divindade dos caras. Se tivermos que esperar mais 13 anos para um próximo trabalho, ou pior, esse for o último da carreira, eles terão se despedido da melhor forma possível.
4. Killswitch Engage – Atonement
Atonement é um disco muito pessoal para o vocalista Jesse Leach, que passou por uma separação e uma cirurgia nas cordas vocais que poderiam impossibilitá-lo de continuar cantando. É também, o melhor trabalho dele como vocalista, que atinge, aqui, o nível de um dos melhores do metalcore. É um álbum brutal e ao mesmo tempo melódico, lidando com temas pesados como a depressão. É definitivamente um disco de superação, tanto tematicamente quanto na prática.
3. Tool – Fear Inoculum
O Tool foi forjado nos anos 90, ao lado do pós-grunge do nu-metal. Mas, a banda de metal progressivo sustentou décadas de carreira com precisão técnica e psicodelia. Em Fear Inoculum, disco que demorou 13 anos para ser lançado, a banda abraça temas como dor, luto, desejo e transgressão. Isso sem perder o senso de humor meio bizarro que, aqui, traz uma pitada de auto-consciência pela importância que a banda se deu com toda a demora para lançar o álbum. É um disco mais maduro, que mistura filosofia de Jung com memes e zoeiras. É tudo o que o fã de Tool queria.
2. Slipknot – We Are Not Your Kind
Com 20 anos de carreira, o Slipknot sempre fez com que angústia parecesse atraente e no novo disco não foi diferente. We Are Not Your Kind era um dos mais aguardados do ano, especialmente depois da declaração de Corey Taylor que ele seria tão pesado quanto Iowa (2001), o trabalho que colocou os caras no mapa do metal mainstream – uma conquista que poucas bandas alcançaram. Cru, forte e coerente, o trabalho mostra a maturidade e o alçada dos caras. Taylor e sua angústia são evidentes no disco e essa é a beleza. O vocalista transforma sua dor sombria em algo poderoso, apresentando as faixas mais multifacetadas da carreira.
1. Rammstein – Rammstein
Dez anos após o último lançamento, os alemães do Rammstein escolheram 2019 para ser o ano de seu retorno. O auto-intitulado é uma grande bomba atômica no seu país de origem. Entre riffs poderosos, clipes polêmicos e canções intensas, o disco é político, social e histórico. É uma pena que a poesia de Till Lindemann se perde na tradução do alemão ao português, mas a habilidade do grupo de transmiti-la na melodia é algo de se admirar. O som é o clássico Rammstein que tanto amamos, mas a força e o poder que carrega faz deles o melhor disco de 2019, segundo a redação do Wikimetal.