Opus V é um novo nome no metal progressivo nacional – e um que você ouvirá em breve, caso ainda não tenha visto o logo prateado anunciando a banda como abertura de grandes nomes internacionais em turnê pelo Brasil, de Sons of Apollo à Symphony X.

Apesar de co-fundada pelo tecladista Dio Lima há 11 anos, quando surgiram as composições que formariam o álbum Universe of Truths, demorou quase uma década para o projeto tomar forma e lançar o primeiro disco, em 2020.

Foi em janeiro de 2021, porém, que Opus V se firmou com a formação atual: além de Dio, agora a banda inicia uma nova fase de independência com a chegada de Lucas Araujo (guitarra) e Miguel Muniz (bateria), em janeiro do último ano, para se firmar ao lado de Tiago Moreira (baixo) e Paulo H. Lima (vocalista), selecionado em um processo seletivo realizado em forma de reality show pela banda.

Com a pandemia, a estreia da Opus V nos palcos só aconteceu este ano – e abrindo o show do Angra no Espaço Leste, em São Paulo. Com os atrasos da noite, o grupo subiu ao palco às 20h45 para iniciar um set intenso, guiado pelos vocais poderosos e carisma de Paulo, e teve uma ótima recepção da plateia presente. 

A aparente timidez do guitarrista Lucas, que trocava olhares com os colegas em cena e não interagia tanto com o público, não impediu os solos bem executados, mas foi explicada ao descobrirmos que aquele se tratava, afinal, do primeiro show da banda, uma informação surpreendente para a qualidade geral da apresentação, que mostrou um grupo pronto para alcançar novos horizontes. 

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Com a banda na estrada, com o novo single “A New Empire Rise” lançado e novidades a caminho, o Wikimetal conversou com Dio Lima sobre essa estreia, as influências e processo criativo da banda. 

WM: Conhecemos a banda pelo show de abertura do Angra no Espaço Leste, foi uma surpresa saber que foi o primeiro de vocês. Como foi estrear abrindo para uma banda tão importante do metal nacional?

DL: Foi surreal! Exatamente por esses dois motivos, ter a oportunidade de mostrar nosso trabalho para um grande público e de estar no mesmo palco de uma de nossas referências musicais, nessa turnê icônica dos 20 anos do álbum Rebirth.

WM: E foi muito cansativo pra você fazer double duty, já que ele está em turnê com Angra também?

DL: Não vou mentir que foi uma das turnês mais intensas que já tive, como já noticiado oficialmente pelo Angra, o show no Espaço Leste teve um atraso devido às mais de 20 horas de viagem que a equipe teve de fazer no trajeto Vila Velha/São Paulo. Nesse dia em especial, eu me adiantei e voltei de avião com os músicos, pois tinha preocupação de não dar tempo de organizar a passagem de som da OPUS V, mas no final deu tudo certo e conseguimos entregar os dois shows para o público que foi compreensivo e nos deu a energia que precisávamos naquele momento.

WM: Mesmo tendo estreado recentemente nos palcos, vocês já estão confirmados como show de abertura de Myrath, Symphony X e outras bandas fortes. O que vocês querem mostrar ao ter a chance de atingir esses novos públicos?

DL: Todas essas bandas fazem parte do nicho que estamos inseridos, que é o metal progressivo, ao abrirmos para essas bandas temos a oportunidade de tocar para o público alvo, nos dando a chance de mostrar toda nossa virtuosidade e complexidade que fazem parte do estilo, tendo assim mais chances de reverter em novos fãs e seguidores do nosso trabalho.

WM: Opus V tem músicos em diferentes momentos da carreira e da vida, se pensarmos que o baterista Miguel tem apenas 16 anos! Ter músicos de diferentes idades e bagagens musicais traz elementos novos para o som de vocês?

DL: Com certeza! É algo que eu gosto de explorar e eles sempre me trazem algo novo para inserir. O Miguel apesar da pouca idade tem as mesmas influências que a gente, graças ao pai que o apresentou a bateristas como Mike Portnoy e Joey Jordison, além de ele ser um prodígio no instrumento, se adaptando rápido a todo tipo de composição.

WM: Nós reparamos nas diferentes influências dos músicos da Opus V, de música japonesa ao jazz e Slipknot, passando por vários subgêneros no caminho. Como isso influencia o trabalho da banda enquanto conjunto?

DL: Em nosso novo single “A New Empire Rise” isso fica bem evidente, pois tivemos a oportunidade de fazer algo do zero e o processo todo foi bem natural, então a cada parte que eu compunha deixava momentos para dar voz a essa diversidade musical, lembro em especial do solo do Lucas, onde eu apenas comentei, “Faz algo bem doido aí dessas músicas que você toca” (risos) e ele me entregou algo que nem precisei de uma segunda opção.

WM: E o single “A New Empire Rise” fala do surgimento de um novo império após a exposição do ego e hipocrisia de algo ou alguém. Qual a inspiração para a faixa?

DL: A música e a letra foram compostas em um momento que precisávamos tomar uma direção: manter os velhos vícios ou partir para algo novo. Isso causou traumas e rupturas na banda, o que fez surgir a letra em resposta a outra musica que tivemos que deletar nesse processo de renovação.

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