É dia de Celebrar e torcer para que outras reuniões como essa aconteçam novamente, afinal The Song Remains The Same, THANK GOD!”
por Nando Machado
Londres, 12 de Outubro de 2012
Num dia ensolarado atípico para o outono de Londres, recebi um email de meu contato da Warner Music dizendo, Nando, você quer ir na pré estréia do filme Celebration Day? Na mesma hora respondi que sim, lógico que sim. No dia anterior tinha lido na Time Out que Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones estariam presentes no evento que aconteceria no Hammersmith Apollo, ou seja, será que eu realmente iria num dos venues mais lendários da história do Rock e ainda veria de perto os Deuses do Rock? O Led Zeppelin reunido de novo?
Só o fato de ir ao Hammersmith Apollo (antigo Odeon), já seria sensacional. Um lugar com tanta história, onde os Beatles se apresentaram mais de 38 vezes em 2 anos, Rolling Stones, The Who, Queen, Rush. O primeiro show do Kiss na Inglaterra aconteceu lá, o Motörhead gravou No Sleep Till Hammersmith, Thin Lizzy gravou o lendário disco ao vivo Live and Dangerous, David Bowie fez o filme Ziggy Stardust, o Iron Maiden gravou 5 músicas que entraram para o Live After Death, o Whitesnake gravou o vivo Live…In the Heart of the City, Black Sabbath, Venom, o lendário show tributo ao povo do Camboja com Paul McCartney, Queen e tantos outros. Um dos primeiros shows de Randy Rhoads com Ozzy, e um dos últimos shows do Metallica com Cliff Burton também. A lista é grande.
Bom, esse foi o local escolhido para a premiere, uma casa para 4 mil pessoas onde foi montada uma estrutura de cinema e um som de excepcional qualidade. Já na entrada o simpático Jimmy Page atendia as equipes de TV, Robert Plant e John Paul Jones também estavam muito alegres. Sabem da importância que tem para a história da música e sabem o lugar da história que o Led Zeppelin ocupa. Subindo as escadas do Hammersmith, um bar todo decorado com o logo do Led vendia todo tipo de bebida alcoólica que ajudava a animar os convidados que estavam presentes. Pontualmente às 21:00, o diretor do filme Dick Carruthers sobiu ao palco para apresentar o excelente trabalho que realizou em 10 de dezembro de 2007 e chamou ao palco 3 senhores de meia idade que aparentavam estar muito felizes. Page, Plant e Paul Jones agradeceram muito os aplausos e disseram como foi divertido para eles se juntar ao grande Jason Bonham e ensaiar durante 7 semanas para fazer aquele show, um tributo ao grande executivo da Atlantic Record, Ahmet Ertegun. Uma demonstração de carinho e respeito a um homem de gravadora? Talvez um dos grandes responsáveis pelo sucesso do Led Zeppelin. Impressionante pensar isso hoje em dia, que uma das maiores bandas de todos os tempos se reuniria unicamente para prestar tributo a um executivo de gravadora. O filme não fazia parte dos planos da banda, aconteceu por acaso, como explicou a banda antes do início da apresentação.
O show da O2 Arena, pelo que se pôde ver no filme, foi uma noite memorável. Esse show, quando foi anunciado, bateu vários recordes, foi o show em que o maior número de pessoas tentou comprar ingresso em todos os tempos. 10 milhões de pessoas no mundo todo tentaram comprar ingressos, e realmente valia a pena, só o Led Zeppelin é capaz de fazer isso com as pessoas, e os felizardos que conseguiram se deram muito bem.
A história da banda já é única por si só. Uma banda que começou com músicos já experientes, ingleses que dominaram a América antes mesmo de fazer sucesso na Inglaterra. Uma mistura de ritmos e influências que de certa forma inventou o Heavy Metal e ao mesmo tempo tocavam mandolim e música Folk com influências de música celta, etc. Uma banda que elevou a musicalidade do Rock a níveis inéditos, quatro gênios que escreviam, compunham, tocavam e quebravam quartos como ninguém. Uma banda que tinha o maior baterista da história que quando morreu nunca mais foi substituído. O fato de Bonzo nunca ter sido substituído mostra a lealdade e o respeito que cada integrante tinha um pelo outro, apesar de todas as propostas bilionárias para voltarem, nunca pensaram só na grana e até hoje não pensam em voltar, isso mostra também o tipo de banda que é o Led Zeppelin.
Assistir a Celebration Day no Hammersmith Odeon foi realmente emocionante, respirando o mesmo ar que Page, Plant e Paul Jones mais ainda. O filme é maravilhoso, o diretor conseguiu captar a emoção dos 3, que juntamente com o impecável Jason Bonham, contagiaram a todos os presentes que aplaudiam, gritavam, cantavam juntos, como se estivessem na O2 Arena em novembro de 2007. Conversei com vários deles, todos tentaram comprar tickets, alguns, mais velhos, já tinham visto a banda, Knebworth, Earls Court, Madison Square Garden, Olympia de Paris, como devia ser legal ser jovem nos anos 70. Todos que já viram o Led ao vivo eram unânimes, nunca existiu uma banda que fizesse um show como eles. Ao vivo eram imbatíveis, e ainda são. Celebration Day mostra isso, uma banda com uma história impressionante, com músicas que vão ficar pra sempre na memória de qualquer amante de boa música, e é um verdadeiro desfile, Good Times, Bad Times, Ramble On, Black Dog, Immigrant Song, Kashmir, Since I’ve Been Loving You, No Quarter, Whole Lotta Love, Stairway To Heaven, Nobody’s Fault But Mine, The Song Remains the Same, Dazed and Confused e várias outras. O encerramento? Simplesmente Rock and Roll.
Na saída, tentei chegar perto dos 3 quando eles deixavam o Hammersmith e dei de cara com Paul McCartney, que ficou até o final, sinal de respeito. Até um Beatle reconhece a importância do Led. Se os Beatles elevaram o nível e deram outra cara para o Rock nos anos 60, o Led Zep fez isso nos anos 70.
Eles vão voltar? Não. Eles podem se reunir novamente? Talvez, espero que sim. Mas graças a Deus, ou melhor, aos Deuses (Page, Plant, Paul Jones e Bonzo) temos o I, o II, o III, o IV, o Houses of the Holy, o Physical Graffiti, o Presence, o In Through the Out Door, o Coda e agora esse grande show ao vivo, Celebration Day. É dia de Celebrar, com um Blu Ray ou com um DVD ou com o CD ao vivo e torcer para que outras reuniões como essa aconteçam novamente, The Song Remains The Same, THANK GOD!