Em artigo recente para a Far Out, o redator Tyler Golsen refletiu sobre a temática religiosa ligada ao luto em dos clássicos do Nirvana, “Lithium”.
Kurt Cobain, que durante um breve período na adolescência se voltou para a religião como forma de atenuar o peso da realidade em que estava inserido, tornou-se um adulto cético e que não tinha grandes envolvimentos com o assunto, apesar do nome de sua banda fazer referência direta a um estado espiritual mencionado em algumas religiões indianas.
Em seu texto, Golsen reflete sobre a famosa citação de Karl Marx de que “a religião é o ópio das massas”, e relaciona a ideia da busca por algo maior como um modo de lidar com o luto e a perda e tentar fazer algum sentido daquilo que não tem explicação – tema que é abordado em “Lithium”.
Na canção, o narrador criado por Cobain passa por momentos de intensa solidão que o levam ao sarcasmo e à ironia, como é abordado no trecho “Estou tão feliz porque hoje encontrei meus amigos / Eles estão na minha cabeça”. Em momentos de desespero e colapso mental, o narrador tenta se convencer de que não vai quebrar (I’m not gonna crack) e busca conforto na religião “Acendo minhas velas em estado de transe porque encontrei Deus”.
O título da canção também faz referência a um medicamento estabilizador de humor, o lítio, traçando um paralelo com o que seria a religião – a busca por estabilidade e entorpecimento dos sentidos. Em seu artigo, Tyler Golsen relembra uma citação de Kurt para o escritor Michael Azerrad que dizia: “Eu sempre achei que algumas pessoas devem ter a religião em suas vidas… e está tudo bem. Se isso vai salvar alguém, ok. E a pessoa em [“Lithium”] precisava disso”. Leia a matéria completa em inglês.
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