Um ano após a trágica morte do lendário baterista do Rush, Neil Peart, família e amigos do músico se reuniram em entrevista com a Rolling Stone para relembrar e homenagear seu legado e insistente batalha contra o câncer.
Em 2016, Peart foi diagnosticado com gioblastoma, um câncer cerebral agressivo que deu ao músico uma previsão de 12-18 meses de vida. Sua esposa, Carrie Nuttal, afirmou que percebeu uma mudança de comportamento do marido, que não conseguia completar seus caças palavras nem falar direito, no entanto, presumiu inicialmente que Neil estava apenas deprimido.
Apesar do trágico ultimato, amigos afirmam que os últimos anos de Peart foram encarados por ele com “força e estoicismo”, o fazendo viver todo dia como se fosse o último, andando de moto ou ao lado de sua filha, Olivia, desde a turnê final do Rush, em 2015. “De noite, ele vinha para casa e cozinhava jantar para a família. Ele estava vivendo a vida dele exatamente do jeito que ele queria pela primeira vez em décadas, provavelmente. Era muito doce, uma época feliz… então os Deuses, ou o que você queira chamar, levou tudo embora.”
Com isso, Peart pediu para seus amigos e colegas de banda que deixassem sua doença em segredo, para não se tornar tópico de discussão. “Ele só queria estar no controle daquilo. A última coisa no mundo que ele iria querer eram pessoas na calçada dele cantando ‘Closer to the Heart’ ou algo do tipo. Isso era um grande medo dele. Ele não queria aquela atenção nenhuma. E era definitivamente díficil mentir para as pessoas ou omitir ou desviar de alguma forma. Era muito díficil.”
“Ele não queria gastar o tempo restante dele falando sobre m*rdas como essa”, conta Geddy Lee. “Ele queria se divertir com a gente. E ele queria falar sobre coisas reais até o final.”
Amigos próximos também contam que um dos passatempos do artista era revisitar lembranças do Rush, como conta Lifeson. “Minha aposta é que ele estava apenas revisitando alguma das coisas que ele conquistou, em termos de música, de qualquer forma. E eu acho que ele estava um pouco surpresa em como tudo deu certo. Eu acho que isso acontece, você meio que esquece. Era ineressante vê-lo sorrir e se sentir muito bem sobre isso. E quando ele ainda podia nos escrever, ele escrevia sobre como ele estava revisitando algumas das nossas músicas antigas e como elas ainda se destacavam para ele.”
Peart acabou surpreendendo todas as previsões e vivendo três anos a mais do que seu diagnóstico inicial, além de se manter lucido até semanas antes de sua morte. Além do mais, em sua festa de aniversário em setembro de 2019, amigso contam que ele que encabeçou a festa e continuava a andar de moto com a ajuda dos colegas.
Por fim, o legado de Peart estava entre os tópicos de reflexão do músico, e mesmo não tendo tocando bateria após a turnê final do Rush, ele encorajou sua filha Olivia a começar a tocar, montando um kit de bateria para ela na sala, assim como seus pais haviam feito para ele. “Neil imediatamente disse, ‘Ela tem aquilo'”, relembra Nuttal. “Ela realmente tinha o que ele tinha. E é claro, aquilo o animou… ele fez um grande esforço para que ela não ficasse intimidada por ele. Ele não sentava lá e ficava a encarando durante as aulas dela. Ele ficava fora de vida, mas ele estava escutando.”
Leia aqui a emocionante entrevista completa para a Rolling Stone.