O Mr.Big não é uma banda muito conhecida. Óbvio, possui uma boa quantidade de fãs, inclusive eu, mas não está entre as top 10 bandas de hard rock mais populares. Mundialmente conhecidos pela balada “To Be With You”, o grupo fez a sua estreia com o álbum que leva seu nome, em 1989.
Às vezes ignorado por uma parcela dos fãs, o registro está entre os melhores, não apenas da discografia da banda, mas também do hard rock/glam metal. Enquanto o grupo ficou conhecido por suas baladas românticas, aqui podemos ver um Mr.Big muito mais voltado para algo rápido e até mais pesado.
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Iniciando com uma música pedrada, “Addicted To That Rush” a dupla de cordas Billy Sheehan (baixo) e Paul Gilbert (guitarra) entregam riffs velozes e de extrema técnica, sendo esta uma pequena prévia do que viria a seguir. A banda é uma daquelas que conta com todos os integrantes bastante talentosos, sabendo exatamente o que e como fazer.
Eric Martin também demonstra a sua qualidade vocal, atingindo notas altas e mantendo-as durante toda a faixa. A música é um exemplo da abordagem um tanto quanto diferente que eles tiveram no início da carreira, com elementos mais voltados ao glam metal, podendo ser percebido, também, na forma como a banda se vestia.
Seguindo no mesmo ritmo acelerado, “Wind Me Up” vem em seguida, um dos grandes destaques do registro. Com a bateria potente de Pat Torpey e um refrão cativante, eles trazem mais uma de suas faixas bem trabalhadas, mas ainda assim, melódica, e esse é um grande diferencial da banda.
Os membros possuem alta qualidade técnica, mas performam de maneira a não deixar que as músicas sejam chatas ou entediantes, além de serem bastante melódicas.
“Merciless” vai pelo mesmo caminho, com boas linhas de baixo. A faixa é dançante e conta, também, com os instrumentos bem alinhados, de maneira que ela soa completamente harmoniosa.
“Had Enough” é outra balada do registro. Ela é potente e sofrida, com momentos mais suaves, mas quando entram no refrão, tomam uma forma completamente diferente.
“Blame It On My Youth” antecede “Take A Walk”, que é um tanto quanto sem graça e, talvez, não houvesse tanta necessidade de fazer parte do álbum. “Big Love” é igualmente emocionante à outra balada já citada. Aqui, Martin é o grande destaque, com a sua voz no ponto ideal e certeira, em especial, na ponte que antecede os últimos refrões.
Mudando a levada que o álbum tinha, “How Can You Do What You Do” é uma faixa mais semelhante com o que a banda faria em anos seguintes.
Mas agora sim, a melhor balada de Mr.Big: “Anything For You”. Além da letra, é possível perceber toda a dor dela, muito por conta da forma como Martin a executa. Com elementos menos rebuscados, a faixa é mais simples, mas ainda mantendo potência.
Prestes a finalizar o registro “Rock & Roll Over” volta a velocidade que o álbum estava tendo, mas não de maneira totalmente frenética como as primeiras músicas possuem. As guitarras são bem executadas, juntamente com a bateria.
O cover de “30 Days In The Hole”, originalmente da banda Humble Pie, é o responsável por encerrar o trabalho, da mesma maneira como começou: com alta qualidade. Um dos pontos interessantes sobre a faixa são os backing vocals, que trazem como se fosse um preenchimento maior do som, elevando também a sua qualidade.
Este primeiro trabalho do Mr.Big está, definitivamente, entre os melhores de sua discografia, mas muitas vezes passa despercebido. Em comparação aos outros registros mais “clássicos” da banda, este é o que fez menos sucesso, mas isso não faz sentido.
As músicas possuem a mesma qualidade e técnica que consagrou o Mr.Big, e os tornou uma das melhores bandas de hard rock do mundo, em minha opinião. Algo que impressiona na banda, é a precisão com que os instrumentos são tocados e neste registro podemos perceber que eles não se apoiam nas baladas para ter sucesso.
Outra questão que vale a pena ser observada, é como a dupla de cordas conversa entre si. É possível perceber a presença do baixo nas músicas, de maneira que ele não é algo que sirva apenas de plano de fundo ao restante das faixas. É um elemento que se faz presente e cria todo um diferencial. Isso, aliado a bateria, cria um “setor dos graves” muito poderoso.
Eric Martin possui uma das vozes mais icônicas e facilmente reconhecíveis da música. Ele conseguia atingir notas bastante altas e mantê-las com facilidade. Ainda que neste álbum não haja tantos desses momentos, é algo que o grupo desenvolveria em anos seguintes.
Mesmo que com menos baladas do que alguns de seus outros trabalhos, este é definitivamente um ótimo álbum, e um dos melhores de estreia da história do rock.
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