Ícone do site Wikimetal
Moonspell

Moonspell. Crédito: Rui Vasco

Moonspell inicia turnê brasileira em Porto Alegre comemorando 30 anos da banda

Foi em um Sexta-Feira Santa de lua cheia que Porto Alegre marcou a primeira data da turnê Latin America Fullmoon do Moonspell no Brasil

Texto por Patrícia C. Figueiredo

Os portugueses do Moonspell chegaram ao Brasil após terem passado por um grande número de países da América do Sul em março e trouxeram um setlist um pouco mais longo do que o que os fãs latinos viram até agora. O repertório prestigia toda a história da banda, que está comemorando seus 30 anos com a turnê. 

Na abertura, a banda Pain of Soul de Blumenau pontualmente aqueceu o público ainda tímido que chegava aos poucos no Bar Opinião. A banda de gothic metal existe desde 2000 e curiosamente tem apenas dois álbuns lançados. Digo curiosamente porque ao ver a banda ao vivo é fácil se impressionar com as melodias melancólicas, as guitarras pesadas e melódicas e a potência da voz de Daniele, que vai de tons mais graves até o lírico tão apreciado do estilo. A banda ainda conta com o gutural do guitarrista Mailon para completar os elementos que fazem da Pain of Soul uma banda que vale a pena escutar e descobrir. O público presente pareceu ter usado a oportunidade para isso mesmo, pois mesmo tendo sido uma plateia calma, aplaudiu com gosto os catarinenses. 

Cerca de meia hora depois foi a vez dos chilenos do Weight of Emptiness tomarem o palco. No palco, Juan Acevedo e Alejandro Bravo nas guitarras, Mario Urra no baixo e Maurício Basso na bateria já provam que a banda tem as linhas do death, do doom e do black metal. O som pesado e melódico mas com grandes influências do metal progressivo contagia em pouco tempo. O vocalista Alejandro Ruiz faz uma entrada dramática ao som da melodia mística da introdução “Mütrümtun (The Calling)”, aparecendo com uma capa preta, encapuzado e com metade do rosto pintado de preto.

Tendo prendido a atenção do público bem rápido, não perderam tempo em entregar ao público o peso de músicas como “Defrosting” e “Wolves” do álbum Withered Paradogma, lançado este ano, e a homônima “Weight of Emptiness”, do álbum de estreia Anfractuous Moments for Redemption. Alejandro chegou a falar um pouco de inglês, mas percebeu que o espanhol era mais bem vindo pelo público que o incentivou a falar o próprio idioma. Inclusive, a banda inteira demonstrou muito carisma com o público, interagindo com a plateia várias vezes e sendo retribuída por muitas cabeças batendo e punhos no ar ao longo do show. O show da Weight of Emptiness não deixa dúvidas do porquê é uma das bandas de metal em ascensão na América Latina.

Após um breve intervalo, quase que pontualmente às 21h, começa a tocar “Mr. Crowley” de Ozzy Osbourne, música que também foi gravada pelo Moonspell e é o sinal de que o show há de começar. No palco sobem Hugo Ribeiro (bateria), Pedro Paixão (teclado e guitarra), Ricardo Amorim (guitarra), Aires Pereira (baixo) e Fernando Ribeiro (voz). Os lobos chegaram e foram muito bem recepcionados pelo público. “The Greater Good” abriu o show, mas foi em seguida, com a sequência de “Extinct” e “Opium” que a plateia começou a pular e cantar junto e seguiu assim até “In and Above Men” e “From Lowering Skies”, ambas do álbum Antidote, tido como o melhor da banda. Logo mais uma das adições do prometido setlist exclusivo para o Brasil: “Em nome do medo”, do álbum 1755

Durante o show, pudemos ver toda aquela dinâmica que o Moonspell tem. Pedro saindo do teclado, pegando a guitarra e depois voltando ao primeiro posto; Fernando enfeitiçando com seu vocal tão apurado quanto nos álbuns; Aires, Ricardo e Hugo quebrando tudo. A banda tem uma sintonia incrível que envolve do início ao fim. “Breathe (Until We Are No More)” e “Scorpions Flower” foram músicas que também empolgaram bastante, sendo sucedidas pelas duas outras adições da noite que foram “In Tremor Dei” e “Todos Os Santos”.

Talvez estas não tenham sido páreas para uma das mais aguardadas da noite: “Vampiria”, com as luzes do palco todas em vermelho, criou aquele clima obscuro que tanto atrai na banda, e logo depois Alma Mater, para quem ainda não tinha batido cabeça nem pulado entender que essa era a hora. Fernando não deixou de apresentar esta música como sendo o resultado de um processo que a banda passou no início da carreira, quando se sentiam sozinhos e enfrentaram a solidão e até mesmo inveja por questão do som da banda, comentando que muitos deixaram de falar com eles e lhes viraram as costas, e que por isso era muito “confortante ver todas essas almas e todas essas caras bonitas” no show. Mais tarde, o vocalista também comentou sobre as bandas brasileiras que tocam muito na Europa, como o Sepultura e Krisiun, ressaltando a importância de apoiarmos o metal extremo, e ainda soltou um ‘é nóis”. 

Um show de quase duas horas e que eu tenho certeza de que ninguém viu o tempo passar foi encerrado com “Wolfshade” e, claro, “Fullmoon Madness”, que não podia faltar. O feitiço desta noite nada ortodoxa e de lua cheia estava completo, o Moonspell satisfez as expectativas de um público que aguardou ansiosamente para vê-los e que não esquecerá desse show tão cedo.

Sair da versão mobile