Depois de seis anos sem novos álbuns, o Metallica finalmente retornou ao estúdio. O resultado é 72 Seasons, décimo primeiro disco da carreira dos gigantes do thrash metal, um álbum puro na fórmula da banda, mas que também mostra um momento de equilíbrio na carreira do grupo.
Não tem jeito: a força e a (possível) fraqueza de 72 Seasons é trazer Metallica soando exatamente como se espera da banda. São letras fortes sobre fugas de si e batalhas da mente, riffs mais sombrios e solos característicos, com intensidade e peso de um metal de alta qualidade.
Para uma banda cujas viagens mais experimentais sempre causaram reações adversas no público, do metal comercial do The Black Album, os irônicos Load e Reload e o som conflituoso e quase juvenil de St. Anger, mergulhar com firmeza no próprio DNA pode parecer um passo seguro demais, mas também pode ser lido como o momento interno da banda.
“Mas agora, com esse álbum, e com certeza conforme envelhecemos, nós brigamos menos e menos e temos cada vez menos desentendimentos. Acho que fizemos esse disco sem nenhuma briga. Ninguém estava gritando ou berrando ou fazendo algo insano. Não houve nenhum policiamento e nem ‘vai ser do meu jeito’. Não teve nada disso”, contou Lars Ulrich sobre o projeto.
O próprio conceito do álbum parte de uma reflexão que só pode ser apreciada com a devida perspectiva conforme se envelhecem. As 72 estações do título são a categorização das primeiras fases de um ser humano até completar 18 anos de vida, segundo um livro sobre infância que James Hetfield estava lendo.
“Como você evolui, cresce, amadurece e desenvolve suas próprias ideias e identidade depois dessas primeiras 72 estações do ano? Algumas coisas são mais difíceis do que outras – você sabe, algumas coisas você não pode deixar de ver e elas estarão com você pelo resto de sua vida, e outras coisas você pode rebobinar a fita e fazer uma nova. Portanto, essa é a parte realmente interessante para mim, é como você é capaz de lidar com essas situações como adulto e maduro”, explicou o frontman.
O Metallica está mais velho e isso se reflete em tudo, desde a relação com os integrantes até o estado de espírito de cada um deles, a exemplo do desabafo de Hetfield no Brasil sobre tantas vezes duvidar da própria capacidade.
Mas, de alguma forma, a banda consegue falar desses temas de forma completamente coesa com a própria sonoridade e discografia, mergulhando na raiz do que define o som do Metallica nesse novo momento da vida e carreira, na busca dessa fonte eterna de energia e vitalidade que a música proporciona.
O disco 72 Seasons é a escolha do Wikimetal Recomenda desta semana exatamente por isso. Se esse apego à fórmula pura do Metallica é a maior força ou maior fraqueza da banda, não cabe a nos responder no momento, mas com certeza é um álbum merece ser ouvido.