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Melyra

Melyra fala sobre abrir show do Arch Enemy, novo disco e cena nacional

Banda carioca conversou com o Wikimetal em entrevista exclusiva

Heavy metal sempre foi um dos gêneros mais dominados por homens, mas nos últimos tempos mulheres têm provado que há espaço para nós nesse mundo de riffs pesados e bate cabeça. Um exemplo disso é o grupo carioca Melyra formado por Drika Martins (bateria), Fe Schenker (guitarra e backing vocal), Nena Accioly (baixo e guturais), Roberta Tesch (guitarra e backing vocal) e Verônica Vox (voz).

Em outubro de 2018, a banda lançou seu primeiro disco de estúdio Saving You From Reality, mas apesar de terem acabado de estrear seu trabalho, elas já tem conquistado fãs por todos os lugares. Melyra foi responsável por abrir o show do Arch Enemy no Rio de Janeiro em sua último passagem ao Brasil e participou do disco em tributo aos 25 anos de carreira de Edu Falaschi, ex-vocalista do Angra.

Agora, Melyra está divulgando o novo trabalho e no meio da loucura de apresentações ao vivo, a banda tirou um tempo para conversar com o Wikimetal. Leia nossa entrevista na íntegra logo abaixo e em seguida, ouça o disco Saving You From Reality.

Wikimetal: Vocês podem contar um pouco sobre a jornada de vocês até agora?

Fe Schenker: Nós somos uma banda de heavy metal formada em 2012, aqui no Rio de Janeiro. Começamos despretensiosamente, mas com o tempo e entrosamento nossas primeiras composições foram surgindo já no ano seguinte. Em 2014, gravamos nosso primeiro registro, o EP Catch Me If You Can, que conta com seis faixas autorais. Nosso EP nos trouxe muitas coisas boas! No ano de 2015, fizemos muitos shows legais, incluindo o festival Rio Novo Rock, que rola mensalmente no Imperator, e a abertura do show do Arch Enemy, no Circo Voador, ambas casas muito tradicionais aqui da nossa cidade. Também pudemos viajar pra outros estados e apresentar nosso som! Fomos pra São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Em 2016, participamos também do projeto A New Lease of Life, um álbum de tributo ao cantor Edu Falaschi. Pra esse trabalho, gravamos uma versão da música “Living and Drifting”, do Almah, que foi muito bem recebida pelos fãs do cantor. Logo depois, decidimos dar uma pausa nos shows pra focar em compor um novo disco. Depois de muito trabalho, em outubro desse ano, lançamos nosso primeiro álbum, o Saving You From Reality, que conta com 10 faixas autorais. O primeiro single, “Dead Light”, ganhou um lyric video e nossa atual música de trabalho, “My Delirium”, tem um web clipe lançado.

WM: Como é o processo criativo da banda?

Beta Tesch: O processo criativo é bem natural e divertido, porém com certas responsabilidades. As ideias costumam vir de todas nós. Às vezes as composições já começam de casa, tem vezes que elas surgem no trabalho, no metrô, enfim, não importa onde estivermos, se sair alguma coisa a gente grava, manda no grupo do WhatsApp e leva pro estúdio para começar a aprimorar. Com aquelas ideias a gente vai construindo as músicas de acordo com o nosso cronograma, por isso eu digo que surge de uma forma natural, mas temos que ter responsabilidades pra conseguir construir um álbum.

WM: Vocês acabaram de lançar seu disco de estreia, como foi a experiência?

Nena Accioly: Foi e está sendo a melhor possível! Ver todo mundo curtindo e ouvindo tem sido gratificante demais! O Saving You From Reality foi um CD pensado e elaborado com o maior carinho e dedicação que existem. Cada passo, cada riff, letras e melodias além de carregarem a identidade da banda, carregam um pouco da essência de cada uma de nós! Felicidade é pouco para definir o sentimento atual em relação a esse CD, então a experiência tem sido fantástica! E olha que é só o começo! 

WM: O disco carrega algum tema ou vocês pensaram em fazer algo mais livre? 

Ve Voxx: Digamos que foi livre na hora de compor e que, de uma forma, tomou a direção para algo mais profundo, instigante e desafiador. Tanto letras e melodia tocam no íntimo de cada um, tornando-se algo forte. Transmitindo e traduzindo, por vários pontos de vista emoções e atitudes. Com isso Saving You From Reality cumpre sua proposta: o de fugir da realidade. 

WM: Vocês acham que bandas nacionais de heavy metal têm espaço aqui no Brasil? Como é a recepção do público para a Melyra?

Fe Schenker: Essa é uma pergunta complicada de responder! Existe um cenário alternativo com mídias de nicho e um monte de bandas de metal no Brasil que consegue fazer shows e ganhar espaço sim. Eu vejo a gente nesse cenário. O que falta é espaço em mídias e eventos maiores, pra que o grande público do gênero, que não necessariamente pesquisa bandas mais recentes ou frequenta eventos menores, possa conhecer e acompanhar o trabalho. Por exemplo, muitos dos nossos fãs nos conheceram por causa da abertura pro Arch Enemy, no Circo Voador. É esse tipo de espaço que as bandas precisam pra crescer ainda mais. Em geral, a Melyra é muito bem recebida pelo público. Recebemos muitas críticas positivas e elogios nos nossos shows e pela internet também! Estamos muito felizes com isso e queremos conquistar mais a cada passo. 

WM: Escutamos por aqui que a situação de apresentações ao vivo no Rio de Janeiro não está das melhores, principalmente com as internacionais. É verdade?

Drika Martins: Bem, a cena está viva para quem não está morto. Dificuldades sempre tiveram no meio underground e da música independente, por isso, é importante que as bandas sempre se movimentem e não esperem as coisas simplesmente acontecerem.

WM: Eu acho muito importante falar do papel da música nos assuntos atuais, principalmente com todo esse separatismo que tem rolado. Como vocês enxergam tudo isso? 

Beta Tesch: A música é realmente muito importante nos assuntos atuais, poder falar o que sentimos e dar nossa opinião através da arte é algo divino. Mesmo sabendo que nem todo mundo vai se identificar com nossa arte, a gente tem a liberdade de fazer, as pessoas gostando ou não. E pra aquelas que gostam e se identificam com nosso trabalho é ótimo porque se sentem representados por um artista que através da arte, fala e explica o que eles não conseguem transmitir, é como se a gente pudesse dar voz às pessoas. Com o single “Dead Light”, por exemplo, eu já tive o prazer de ouvir uma pessoa falando “obrigada”, pois aquilo era tudo o que ela precisava ouvir e ninguém falava. Isso é gratificante demais e extremamente importante para a sociedade em geral.

WM: Vocês abriram pro Arch Enemy, outra banda foda com um vocal feminino, e participaram do projeto tributo a Edu Falaschi. O que vocês podem nos contar sobre essas experiências?

Fe Schenker: Ambas foram experiências fantásticas pra nós! O tributo ao Edu foi um grande desafio! Foi difícil escolher uma música que conseguiríamos por a nossa identidade e ao mesmo tempo que fosse relevante pros fãs dele. Escolhemos a “Living and Drifting” e conseguimos fazer exatamente o que queríamos com ela, colocamos a nossa cara e agradamos os nossos fãs e os fãs do Edu. A abertura pro Arch Enemy foi super inesperada! É uma banda que eu gosto muito mas nunca nos imaginei abrindo por conta do nosso som ser muito diferente do deles. O que aconteceu foi que, o produtor do Circo Voador estava buscando uma banda pra abrir o evento e nos viu em um zine de pequena circulação que estava na casa de uma amiga dele. O mais curioso é que na nossa entrevista pra o zine perguntaram quais as bandas com mulheres que nós gostávamos e, entre muitas outras, citamos o Arch Enemy. Na hora que recebemos, vimos que o redator escolheu algumas bandas das que falamos (provavelmente as mais conhecidas) e colocou como influências! (risos). Quando o produtor do Circo viu aquilo, gostou do nosso visual e chamou a gente pra abrir! Nós ficamos muito surpresas e muito felizes ao mesmo tempo! Infelizmente não conseguimos conversar com o pessoal da banda, mas foi um evento que nos rendeu muita coisa! Além de fãs, foi muito bom pra nós entendermos uma estrutura de backstage de um evento desses além da experiência de tocar num dos melhores palcos da cidade. 

WM: Quais são suas maiores influências musicais?

Ve Voxx: São muitas, desde Helloween, Metallica, Iron Maiden, Judas Priest, Lacuna Coil, Black Sabbath, Led Zeppelin, até música clássica (risos), entre outras. Na hora de compor essas influências aparecem em lindos detalhes de viradas, solos, dobras, timbres e voz, valorizando cada vez mais essas influências. 

WM: Quais são os planos agora?

Drika Martins: Tentar dominar o mundo, brincadeira. Fazer muitos shows, MUITOS! Conhecer bandas novas, tocar em lugares novos com o intuito de divulgação do nosso novo trabalho, o álbum Saving You From Reality.

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