Enquanto processos contra Marilyn Manson por violência doméstica, abuso emocional e sexual e tráfico humano, entre outros, correm na justiça, a revista Rolling Stone realizou uma investigação de nove meses sobre os supostos crimes cometidos por Brian Warner, nome de nascença do músico, com 55 fontes entrevistadas.
Na longa reportagem “Marilyn Manson: o monstro se escondendo em plena luz do dia”, em tradução livre, o comportamento de Warner é classificado como um abusador em série pelas supostas vítimas, que teriam todas sido abordadas da mesma maneira antes do início dos abusos físicos, sexuais e emocionais – muitos dos quais eram narrados pelo próprio cantor em entrevistas, letras de músicas, clipes e na autobiografia Long Hard Road Out of Hell, escrita ao lado de Neil Strauss.
Veja abaixo os principais tópicos levantados pela revista.
Violência contra mulheres
Com informações dos processos movidos contra Warner e relatos de pessoas próximas ao músico desde o começo da banda Marilyn Manson and the Spooky Kids, na fase inicial da carreira do músico, a investigação traçou um histórico de abusos contra as mulheres desde antes da fama, a começar pela violência física e verbal cometida contra a própria mãe, Barbara, e perseguição contra as primeiras namoradas.
Mais uma vez, esses fatos foram revelados pelo próprio músico na autobiografia e confirmados por pessoas próximas, mas a imprensa especializada sempre levaram esse tipo de declaração com parte de uma persona pública exagerada e pensada para causar choque, ao invés de condenar o discurso misógino da banda: desde os primeiros shows, Warner agredia mulheres no palco como forma de show teatral e produzia pornografia das fãs com as quais se relacionava nos bastidores, colecionando material gráfico e perturbador de dezenas de mulheres.
LEIA TAMBÉM: Marilyn Manson reza ao lado de Justin Bieber e Kanye West em culto do rapper
Os relacionamentos começavam de maneira consensual, com Warner usando “love bombing” (bombardeio de amor, em português) para conquistar a confiança das novas conquistas. Depois de pouco tempo, afirmam as vítimas, o músico declarava que estava apaixonado e logo as convidava para morar com ele, afastando gradualmente as vítimas de amigos e familiares. Os abusos começavam a partir desse ponto, desde manipulação emocional, privação de sono e alimentação, uso forçado de drogas, agressões físicas, ameaças de morte e estupros.
Racismo
Além da misoginia, a matéria também deu ênfase aos supostos comportamentos racistas por parte de Brian Warner, desde o uso de injúrias raciais no vocabulário cotidiano até a obsessão por parafernalha nazista, com símbolos de suásticas e supostamente armas reais usadas pelo exército alemão na Segunda Guerra.
De acordo com os relatos de supostas vítimas na documentação dos processos contra Warner e entrevistas, esses objetos nazistas eram usados para torturar mulheres durante abusos sexuais e brigas. Vale lembrar que o cantor tem o logo de Marilyn Manson tatuado no peito em forma de suástica, além de outros desenhos com prováveis referências nazistas.
LEIA TAMBÉM: “Eu estou orgulhosa dessas mulheres”, diz Rose McGowan, ex-namorada de Marilyn Manson
Abusos de poder
Em vários relatos, Brian Warner supostamente abusava do poder adquirido com a fama para silenciar vítimas, como narra uma mulher na documentação do processo contra o cantor por estupro.
De acordo com a descrição do processo, Warner ameaçou assassiná-la e informou que não seria preso pelo crime porque “ela era uma ‘ninguém’ e ele era uma celebridade com contatos na polícia”.
Os abusos de poder não se resumiam apenas às mulheres ao seu redor, como apontam funcionários, ex-colegas e incidentes públicos. Mais de uma vez, Warner agrediu colegas de banda com violência e pessoas envolvidas na gravação de clipes e turnês. “Muitos de seus associados, incluindo seus funcionários, dizem que Warner tentou apagá-los por meio de intimidação”, diz a reportagem.
O posicionamento de Marilyn Manson
A defesa de Marilyn Manson nega todas as acusações, sem exceção. Brian Warner alegou inocência em todos os processos judiciais abertos até o momento, informando que todos os relacionamentos foram consensuais. Alguns parceiros musicais do músico foram entrevistados pela revista e negaram ter testemunhado atos de ordem violenta ou abusiva por parte de Warner, inclusive uma ex-namorada do cantor.
LEIA TAMBÉM: Phoebe Bridgers revela que Marilyn Manson a contou que tinha um “quarto do estupro”