Lucifer enfeitiça São Paulo com essência do rock n’ roll; resenha e fotos do show

Sob as luzes vermelhas e candelabros do Fabrique Club, a banda Lucifer estreou em solo brasileiro com um show impecável no último sábado, 03, em São Paulo, parte da turnê de divulgação do mais recente lançamento da banda, o disco Lucifer IV, de 2021.

O ambiente intimista e rústico da casa de shows foi palco perfeito para a performance com requinte clássico de uma banda relativamente jovem, com menos de uma década de existência, apesar dos integrantes já experientes, com destaque para o casal Johanna Sadonis, ex-vocalista da extinta The Oath, e Nicke Andersson, conhecido pelo trabalho nas bandas The Hellacopters e Entombed.

Após a abertura das bandas brasileiras Grindhouse Hotel e Mattilha, Lucifer entrou no palco com uma mistura de heavy rock e doom em uma sonoridade setentista, mas ainda própria e original, Lucifer evoca sentimentos que parecem perdidos no rock atualmente, do som ao vivo que supera o estúdio ao flerte com o pânico moral ao cantar as delícias e tragédias de paixões tão intensas que poderiam condenar a mulher dona de sentimentos tão voluptuosos às fogueiras inquisitoriais.

Sob a liderança consistente da vocalista Johanna Sadonis, o show do Lucifer reverbera a sonoridade setentista dos quatro discos já lançados pela banda, mas ganha nova intensidade e propósito com o som alto da bateria de Nicke Anderson, a dinâmica dos cativantes guitarristas Martin Nordin e Linus Björklund ao lado do discreto Harald Göthblad no baixo.

No palco, o foco está na música: Johanna se apoia no microfone e deixa a magia da própria presença se espalhar naturalmente, de um jeito despreocupado que apenas rockstars cientes da próprio magnetismo poderiam, enquanto nenhum integrante tem destaque da iluminação, que favorece quase exclusivamente o letreiro com o nome da banda em vermelho ao fundo.

Os dois guitarristas ainda possuem momentos de maior proeminência nos solos, mas o baixista prefere manter um trabalho contínuo e sério perdido em seu próprio mundo musical, ao passo que Nicke Andersson quase não dá aos fãs a chance de vê-lo: nos poucos momentos fora da bateria, o músico do The Hellacopters foi breve ao cumprimentar a plateia em gesto de gratidão pelo carinho recebido.

Com a casa de shows cheia e muitos casais na plateia, o grupo foi bem recebido com muitos gritos de “Lucifer, Lucifer” nos intervalos entre as canções, mesmo diante da característica mais introspectiva do público presente, que deixava as demonstrações de afeto para os aplausos e chifrinhos no ar ao final de cada música.

Do disco Lucifer IV, lançado em 2021, os singles “Crucifix (I Burn For You)” e “Bring Me His Head” foram cantados com crescente ânimo, com Johanna arriscando deixar os fãs da primeira fila cantarem o refrão da última. Mas os pontos altos da noite ficaram na balada “Dreamer” e no aguardado encore.

Lucifer ainda se apresenta em São Paulo em uma data extra anunciada como “um show secreto” pela cantora ao sair do palco. O show acontece na próxima terça-feira, 06 de dezembro, com ingressos limitados na La Iglesia.

Veja a galeria de fotos exclusiva de nossa colaboradora Jéssica Marinho no slide abaixo. Para conferir a galeria de fotos completa, arraste para o lado (caso não consiga visualizar, clique aqui).