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Lou Reed

Lou Reed: Poesia inédita do músico é lançada em comemoração ao seu aniversário

O músico completaria 76 anos hoje, 02 de Março de 2018

“Nós somos as pessoas que permitem nossa própria destruição”. Essa é uma frase que carrega grande poder e levanta inúmeras discussões sobre temas atuais. Em frente ao aquecimento global, governantes que não nos representam, ataques à mídia mundial e outros desafios que enfrentamos hoje, a frase parece ter sido escrita apenas alguns dias atrás mas na verdade ela já existe há décadas. Um jovem poeta do underground novaiorquino a escreveu: Lou Reed.

Uma coleção de poesias nunca divulgados antes será publicada esse ano com algumas gravações do cantor e compositor se apresentando na igreja St Marks em Nova York em 1971. O livro foi intitulado Do Angels Need Haircuts? (Anjos precisam de cortes de cabelo? em tradução livre) e será lançado em Abril. A obra também traz trabalhos de sua viúva Laurie Anderson assim como introduções de cada poesia escritas pelo próprio Lou Reed.

Entre as 12 poesias e contos, apenas três deles já foram divulgados ao público de alguma forma. Dois deles como zines e um como uma música da banda Velvet Underground. Abaixo, é possível ler a tradução da poesia We Are The People (Nós somos as pessoas) publicado pela primeira vez no site do jornal britânico The Guardian nessa sexta-feira, 02, dia em que Lou Reed completaria 76 anos. O texto também está acompanhado de uma gravação feita na igreja.

“Nós somos as pessoas sem terra. Nós somos as pessoas sem tradição. Nós somos as pessoas que não sabem morrer em paz e de forma confortável. Nós somos os pensamentos de dor e tristeza. Finais de amanhã. Nós somos as mechas dos governantes e as piadas dos reis.

Nós somos as pessoas sem direito. Nós somos as pessoas que só conhecem mentiras e desespero. Nós somos as pessoas sem país, sem voz ou sem espelho. Nós somos o olhar de cristal através da densidade e vastidão de uma nação furiosa. Nós somos as vítimas de um manifesto não lido sobre a falta de intensidade e um pesado vazio.

Nós somos as pessoas sem tristeza que se movem além do orgulho nacional e da indiferença da paródia do instinto. Nós somos as pessoas que estão desesperadas além da emoção porque desafia o pensamento. Nós somos as pessoas que permitem nossa própria destruição e continuamos leais. Nós somos os insetos do pensamento alheio. Uma casualidade do dia, da noite, do espaço e do deus sem raça, nacionalidade ou religião. Nós somos as pessoas. As pessoas. As pessoas.”

Lou Reed faleceu em 2013 e é considerado um dos maiores compositores do século 20. Seu trabalho foi primeiramente destacado com o Velvet Underground ao lado de Nico (vocal), Sterling Morrison (guitarra), Angus MacAlise (bateria) que foi substituído por Maureen Tucker e Doug Yule (baixo) que mais tarde ocupou a posição de John Cale. Eles se tornaram um grupo essencial na história do Rock and Roll pelo seu som experimental que foi considerado vanguarda na década de 60.

Sua carreira solo que sucedeu a banda reforçou a importância do músico não apenas no gênero Rock mas também no mundo da literatura, tendo suas letras inspirado inúmeros poetas e escritores. Hits como “Perfect Day” e “Walk on the Wild Side” são considerados até hoje obras de arte. Ele gravou 20 discos incluindo Lulu, uma colaboração com o Metallica.

A poesia divulgada aqui foi escrita em algum momento durante o ano de 1970 quando ele saiu do Velvet Underground e foi trabalhar com seu pai em sua empresa de contabilidade. Após seis meses no trabalho, ele decidiu compor seu material solo.

As demais poesias que estarão presentes no livro não serão divulgados até sua publicação oficial. Segundo o The Guardian, os textos trazem temas de política, amor, sexo e uísque, nada surpreendente para os fãs de Lou Reed. Na época em que os escreveu, o músico era colega próximo de Patti Smith, outra famosa compositora e poeta. Smith apresentou o discurso da introdução ao Rock And Roll Hall Of Fame do músico em 2015 e declarou que “como poeta, ele deve ser considerado um artista solitário” e finalizou dizendo “Lou, obrigado por sua brutalidade e benevolência ao transformar sua poesia em música.”

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