Linkin Park realizou seu retorno histórico ao Brasil com dois shows inesquecíveis de lançamento de seu novo álbum, From Zero, nos últimos dias 15 e 16, lotando o Allianz Parque em ambas as datas.

A banda liderada por Mike Shinoda está em turnê pela primeira vez desde a morte do lendário vocalista Chester Bennington, em 2017, e escolheu São Paulo para marcar seu recomeço com o primeiro disco desde então, apresentando a nova vocalista, Emily Armstrong, e o baterista Colin Brittain.

Não precisa ser reforçado que um vocalista como Chester é insubstituível e o Linkin Park tinha isso em mente ao optar por um retorno, decidindo recomeçar literalmente do zero e apresentar uma nova lineup e novas músicas em seu novo projeto. A chegada de Emily agradou uns e fez outros torcerem o nariz, mas a escolha de uma vocalista mulher é a maior demonstração que o Linkin Park poderia fazer em prol de mostrar que eles querem ser, de fato, uma nova banda.

Uma nova banda, porém, com truques antigos e com muito respeito pelo próprio legado. Na noite de sábado eles entregaram um set de 2h com uma chuva de hits e provaram por a+b o motivo de serem, inegavelmente, a maior banda da geração. A setlist inteira se sustenta facilmente com a quantidade admirável de singles que fizeram história ao longo dos anos 2000, como “In The End”, “Numb”, “What I’ve Done”, entre muitos outros. Destaca-se, como sempre, o carisma de Mike Shinoda e a maneira como ele sabe comandar a plateia.

A primeira hora de show foi marcada por falhas técnicas no som que pareceram afetar o desempenho de Armstrong. Era difícil ouvir a voz da vocalista nas primeiras faixas devido ao volume baixo do microfone e em vários momentos ela jogou pra galera versos inteiros de sucessos como “Crawling” e “The Catalyst”, aparentando dificuldade em se ouvir. Por outro lado, é nas novas faixas que ela brilha incontestavelmente. “Two Faced” e “The Emptiness Machine”, ambas lançadas recentemente, já estavam na boca do público e foram recebidas com o mesmo entusiasmo dos sucessos mais antigos. 

Nos momentos de screamo, a frontwoman se saiu mais bem sucedida com seus vocais naturalmente rasgados que nas partes melódicas, que eram uma marca registrada de Bennington e um desafio para qualquer outro vocalista. No momento pós-interlúdio, porém, a banda pareceu voltar ao palco com todos os problemas corrigidos e mais confiante. A última hora de apresentação foi uma verdadeira porrada, com músicas mais eletrizantes, mas também com belíssimas demonstrações vocais de Emily em faixas mais calmas, como uma versão ao piano de “Lost” e a nova “Over Each Other”.

Em comparação à setlist de sexta, São Paulo perdeu “Lying From You” e “Lost In The Echo”, mas ganhou dois verdadeiros presentes com “Points of Authority” e “A Place For My Head”, ambas do álbum Hybrid Theory (2000). Toda a experiência do show, incluindo o mix de músicas novas e antigas, é extremamente catártica pra quem acompanha o Linkin Park desde seu início. A ausência de Bennington — e também do guitarrista Brad Delson, que optou por não sair em turnê — é inevitavelmente sentida em vários momentos, mas a emoção e a euforia de poder ver um dos maiores nomes da música dos anos 2000 se reinventando e buscando um recomeço também é um grande privilégio. E a nova formação com certeza dá conta do recado.

Linkin Park se despede do Brasil deixando duas noites históricas na memória dos fãs brasileiros, que já podem aguardar ansiosos o retorno em novembro de 2025 e também respirar tranquilos: eles continuam sendo a maior banda da geração.

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