Mal começou o ano, e os paulistanos receberam um show muito aguardado pelos fãs de death metal clássico: a banda Left To Die.

Formada por músicos renomados, a banda presta um tributo impecável ao Death, a lendária criação de Chuck Schuldiner, focando especialmente nos dois primeiros álbuns que moldaram o gênero: Scream Bloody Gore e Leprosy.

Com um setlist de 15 petardos que percorreu esses dois marcos históricos, o show foi um verdadeiro culto à brutalidade, técnica e paixão pelo metal extremo. A apresentação aconteceu no Fabrique Club, em São Paulo, e recebeu um público sedento por música extrema.

O Left To Die é composto por uma formação de peso: Terry Butler no baixo, que além de ter tocado no Death, também é conhecido por seu trabalho no Obituary; Matt Harvey (Exhumed) assumindo os vocais e a guitarra, encarando com maestria o desafio de honrar o legado de Schuldiner; Rick Rozz, outro ex-integrante do Death, na guitarra, trazendo aquela sonoridade clássica dos primeiros álbuns; e Gus Rios, baterista veterano que já tocou no Malevolent Creation, trazendo precisão e agressividade ao kit.

Juntos, os quatro entregaram uma performance que foi mais do que uma simples homenagem – foi uma apresentação que capturou a essência visceral do Death em sua forma mais pura.

Pontualmente às 19:30, ecoou a introdução “E5150” do álbum Mob Rules do Black Sabbath, trazendo uma atmosfera distópica que soava como a trilha sonora do apocalipse. Nada mais apropriado para o momento.

O show começou de forma avassaladora com “Leprosy”, faixa-título do segundo álbum do Death, imediatamente incendiando os fãs. A energia do público foi instantânea – mosh pits começaram a se formar já nos primeiros riffs. Em seguida, a sequência de “Born Dead” e “Forgotten Past” manteve o caos, com Rick Rozz e Matt Harvey entregando solos alucinantes e pesados que arrancaram gritos e mais rodas.

A performance de “Infernal Death”, uma das faixas mais primitivas e brutais do álbum “Scream Bloody Gore”, foi um dos momentos mais intensos da noite, com Gus Rios destruindo sua bateria sem piedade.

A banda demonstrou um entrosamento impecável ao longo de toda a apresentação. Terry Butler, com sua presença sólida no baixo, foi a espinha dorsal do som, garantindo uma base rítmica avassaladora. Os vocais de Matt Harvey foram entregues com paixão e respeito, mantendo o espírito das músicas intacto.

A performance de faixas como “Sacrificial” e “Open Casket” mostrou como o Left To Die consegue equilibrar brutalidade e técnica, enquanto “Primitive Ways” e “Choke on It” fizeram da pista um pandemônio da Terra.

Quando o show parecia que já havia atingido seu ápice, a banda trouxe clássicos como “Regurgitated Guts” e “Left to Die”, culminando em um final de setlist arrebatador.

Durante a execução de “Zombie Ritual”, a correia da guitarra de Matt se soltou, e ele tocou a música toda com a guitarra apoiada na perna. A execução desse clássico foi especialmente memorável, com o público cantando cada verso e agitando sem parar.

Ao final da apresentação, os músicos deixaram o palco sob uma chuva de aplausos e gritos de “mais uma!”, o que já indicava que a noite ainda não tinha acabado.

No encore, o público foi agraciado com dois hinos absolutos do death metal: “Scream Bloody Gore” e “Pull the Plug”. A reação foi explosiva, com fãs se jogando no mosh pit e berrando os refrões a plenos pulmões.

“Pull the Plug”, em particular, foi um dos momentos mais emocionantes da noite, com todos os presentes cantando em uníssono e erguendo os punhos no ar. Mas o público ainda queria mais. Pediram “Evil Dead” e foram prontamente atendidos para um encerramento apoteótico, consolidando o show como uma celebração perfeita do legado do Death e consideração aos fãs.

O show do Left To Die no Fabrique Club foi muito mais do que um tributo – foi uma imersão nostálgica para os fãs de death metal. A banda mostrou um respeito profundo pelo material original, enquanto adicionava sua própria energia e personalidade à performance. Para quem esteve lá, foi uma noite inesquecível, um mergulho na história do metal extremo e uma reafirmação de que o legado de Chuck Schuldiner continua mais vivo do que nunca e foi honrado de maneira digna.

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