A trajetória musical de Leandro Caçoilo, vocalista do Viper, começou ainda na adolescência e teve passagem por diversas bandas, inclusive uma de metal cristão no final da década de 1990. Em entrevista ao podcast Colisão, o cantor relembrou essa fase da carreira e desabafou sobre preconceito. 

Após passar pela Sacred Sinner, o cantor foi aprovado na Eterna, banda católica com a qual gravou quatro álbuns de estúdio e um ao vivo. “Fiquei 10 anos e foi a banda que me impulsionou para a cena metal. Foi uma época muito especial do metal nacional, de 1999 a 2005, a galera ia no BMU [Brasil Metal Union], fiz quase todos”, contou. “Foi muito legal, uma época muito especial. Depois disso, fui passando por diversas bandas até chegar no Viper”. 

Quando entrou na banda, Caçoilo era “católico não praticante”, mas se tornou mais frequente na igreja ao abraçar o projeto. “Fazer parte de uma banda cristã, você tem que viver isso, não pode ser mentira. E foi uma época muito especial, eu fui conhecendo muitas coisas boas e também muitas coisas ruins”, explicou. “Esse foi um dos motivos de eu não ser mais cristão hoje em dia. (…) Em qualquer igreja, qualquer religião, tem o lado bom e o ruim”. 

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O vocalista contou que a banda sofria preconceito de algumas alas religiosas por tocar heavy metal. “A gente ia fazer o trabalho sujo, que é pescar em águas mais profundas. Mesmo assim, não tinha apoio de muitas pessoas, isso foi matando minha fé de certa forma, porque você via o lado ruim das pessoas”, confessou. “Fui desencanando, falei ‘Eu não preciso falar de Deus para ajudar as pessoas, posso jogar um lado positivo em vez de fechar o seu jeito de interpretar uma palavra’. (…) Vi muitas coisas que não gostei”. 

Infelizmente, esse preconceito não era apenas por parte de pessoas da igreja, mas chegou também ao cenário do metal. ‘Tem até um episódio engraçado no BMU com a banda de black metal chamada Ocultan, a gente tocou em um dia diferente que eles e eles incitaram a galera a falar ‘Ei, Eterna, vai tomar no **’. Ficou meio marcado isso na época”, narrou Caçoilo. “Eu não estou nem aí, sinto muito. A gente tocou do mesmo jeito e fomos headliner no dia”.

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