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Kool Metal Fest

Kool Metal Fest. Crédito: DIvulgação

Kool Metal Fest 2024 resiste ao carnaval

O festival aconteceu no dia 11 no Carioca Club em São Paulo

Texto por Marcelo Gomes

A edição de 2024 do Kool Metal Fest realizada no último domingo, 11, trouxe várias atrações especiais. Dentre elas, o Vio-Lence, Exhorder, Ratos De Porão, Damn Youth, Escalpo, Cerberus Attack e Santa Muerte. E mesmo em pleno feriado de carnaval, o público compareceu em peso ao Carioca Club em São Paulo para prestigiar o festival.

Quando o Santa Muerte começou, a casa ainda estava bem vazia. O trio apresentou músicas do EP Psychollic e “Personal Hell”, faixa nova que fará parte do novo álbum da banda. Logo em seguida, foi a vez do Cerberus Attack. A banda vem despontando como uma das mais queridas da nova geração do thrash metal nacional. Prova disso é que o quarteto conseguiu uma roda logo na primeira música com seu thrash competente. Jhon França (vocal/guitarra) reclamou um pouco do retorno mas nada que interferisse na apresentação da banda que foi muito bem recebida. Se despediram com um trecho de “Detroit Rock City” do Kiss.

O Escalpo veio a seguir apresentando um som com uma pegada mais hardcore e com várias críticas sociais. A casa já tinha aumentado consideravelmente seu público. Apesar de uma apresentação cheia de energia, não conseguiram agitar muito a galera. Já com o Damn Youth, as coisas foram bem diferentes. Se com o Escalpo, o público permaneceu apático, no show do quarteto cearense o mosh pit comeu solto desde a primeira música. O vocalista Elton Luiz chegou a colocar o microfone para os fãs cantarem algumas vezes. Certamente, um dos nomes promissores da nova geração que ouviremos falar no futuro. 

O Ratos de Porão veio para promover um massacre sonoro. Assim que as cortinas se abriram, João Gordo e companhia começaram com  “Satanic Bullshit” e “Bad Trip”, duas faixas do álbum Just Another Crime que está comemorando 30 anos. A recepção foi calorosa e continuaram com “Amazônia Nunca Mais”  e “Farsa Nacionalista”. A apresentação do quarteto seguiu passeando por toda sua discografia. Faixas como “Morte Ao Rei”, “Ignorância”, “Aglomeração”, “Crianças Sem Futuro”, além de clássicos absolutos como “Crucificados Pelo Sistema”,  “Descanse Em Paz” que foi dedicada ao ex-baixista Jabá que faleceu recentemente foram tocadas.

A desgraceira parecia não ter fim, Gordo que está prestes a fazer 60 anos continua com uma voz poderosa e a banda mantém a pegada dos tempos de ouro. Já que o fim de semana era de carnaval, fazem um sambinha antes de tocarem “Aids Pop Repressão”, “Beber Até Morrer” e encerrarem com “Crise Geral”. O show foi excelente e depois de 40 anos, o Ratos mostra porquê ainda é o principal expoente do estilo no Brasil.

Era chegada a hora da estreia do Exhorder no Brasil. Ainda com as cortinas fechadas dão início com a clássica “Slaughter In Vatican” e lá para o meio da música, o vocalista/guitarrista Kyle Thomas teve que trocar sua guitarra mas voltou a tempo de encerrá-la. Thomas faz questão de dizer que é a primeira vez da banda na América do Sul e anuncia “Legions Of Death”. Dessa vez, o problema foi com a guitarra de Waldemar Sorychta que ficou ausente por quase toda música.

O público não parecia muito empolgado apesar do belo trabalho que os músicos faziam no palco. Apesar disso, após a execução de “My Time”,  os fãs ovacionaram a banda. Além do material mais antigo, tocaram duas novas, “Year Of The Goat” e “Forever And Beyond Despair”, singles do álbum “Defectum Omnium” que será lançado no dia 8 de março. As faixas foram bem recebidas e mantêm bem a essência da banda. Mais uma vez,  a banda foi ovacionada e Kyle aproveitou para agradecer e dizer que tinha muita influência do punk antes de anunciar que estavam chegando ao fim do show. A apresentação não estaria completa sem os clássicos “Exhorder” e “Desecrator” que encerraram com brutalidade a estréia dos americanos no Brasil.

Próximo das 20h30, já era possível ouvir um baita som da guitarra que vinha do breve soundcheck que o Vio-Lence fazia. O que chamou mais a atenção foi ouvir trechos de “Diary Of A Madman”, de Ozzy Osbourne, que demonstrava a devoção que a seguir foi comprovada. De posse de sua Jackson, edição especial do Randy Rhoads, o guitarrista Phil Demmel começa os riffs de “Eternal Darkness”. Se o público ficou contido na apresentação do Exhorder, o que se viu no show do Vio-lence foi uma verdadeira demonstração do poder do underground. Rodas insanas e stage divings a todo momento mostraram o quanto os fãs estavam esperando por esse momento. E não foi diferente em “Serial Killer” e “Phobophobia”. Após dois anos, o Vio-lence estava de volta e mesmo desfalcado de um segundo guitarrista, a banda não deveu nada com o som brutal de Phil Demmel enquanto o vocalista Sean Killian comandava a festa.

O clima estava tão amistoso que um fã chegou a fazer backing vocal em “Kill On Command”. A dobradinha em “I Profit” e “Calling The Coroner” incendiou ainda mais a pista que parecia um verdadeiro pandemônio na terra.  O show dos caras não tem alívio e mantiveram o caos que foi instaurado desde os primeiros riffs da apresentação em “Officer Nice” e “Upon Their Cross”.  O vocalista não poupou elogios aos fãs brasileiros e preparou uma grande surpresa. Convidou o Kyle Thomas do Exhorder e fizeram uma versão pesada de “California Uber Alles” do Dead Kennedys. O público parecia não acreditar, era pura energia. Fecharam a noite com “World In A World” com todos clamando por mais uma, mas infelizmente foi a última.  O show do Vio-Lence é uma experiência visceral que transcende os limites do palco numa celebração intensa com o público. A apresentação marcou a despedida de Phil Demmel, que agora faz parte da banda do Kerry King, que certamente ficará na memória de todos por muito tempo.

Em pleno feriado de carnaval, o Kool Metal Fest conseguiu manter a chama do metal acesa. Reuniu excelentes bandas e tiveram uma organização impecável. Os shows rolaram dentro dos horários previstos e contaram com uma ótima estrutura para todas as bandas. Receita infalível para o sucesso que fazem a mais de 20 anos.

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