Judas Priest supera público cansado e faz show impecável em São Paulo; resenha e fotos

A turnê de 50 anos de carreira do Judas Priest desembarcou em São Paulo na última quinta-feira, 15, e mostrou todo o poder de fogo da banda e a grandiosidade da lenda viva que é Rob Halford, mesmo diante de um público cansado e mais reservado.

O caos da capital paulista não poupou os headbangers que tentavam chegar ao Vibra, antigo Credicard Hall, e o trânsito atrasou muita gente – inclusive nossa redação, que não chegou a tempo de ver o primeiro show da noite, com a reunião tributo do Pantera (veja galeria de fotos aqui). Ambos os shows fazem parte da Metal Week, de shows paralelos antes do festival Knotfest, que acontece neste domingo, 18.

Apesar dos contratempos de um dia de semana, a casa estava com ótima lotação para receber o Judas Priest, mesmo com grupos de fãs do Pantera deixando a casa de shows antes da chegada dos headliners da noite.

A finalização da montagem do palco demorou consideravelmente. A hora prevista para início do show chegou e passou, mas os técnicos ainda trabalhavam na passagem de som e ajustes na decoração com tubos de gás, barris de material tóxico, placas de aviso de perigo e o brilhante crucifixo do Judas Priest, que ilumina público e plateia no show de luzes da banda.

Com quase minutos de atraso, “War Pigs”, do Black Sabbath, iniciou subitamente para anunciar a chegada do momento. Com Rob Halford, Ian Hill, Andy Sneap, Scott Travis e o integrante mais recente, Richie Faulkner, guitarrista no grupo desde 2011, a banda mostrou a energia que os manteve na estrada – com altos e baixos, brigas e reconciliações – pelos últimos 50 anos como uma das pedras fundamentais do heavy metal.

Judas Priest se apresenta no Vibra, em São Paulo. Crédito: Leca Suzuki

Aos 71 anos de idade, vestido com couro e lantejoulas, Rob Halford se mostra merecedor do título de “deus do metal” em cada momento. Mesmo que os movimentos não sejam tão ágeis como outrora, o vocalista impressiona com agudos certeiros e potentes o suficiente para machucar os tímpanos de quem está perto demais das caixas de som e explora o vibrato choroso e característico que o torna reconhecível em qualquer lugar, sabendo muito bem abaixar o tom com destreza impressionante.

Logo no começo da noite, o frontman cumprimentou a plateia de forma mais silenciosa, andando por todo o palco, e logo disse como estava feliz em retornar ao Brasil. O público se mostrava atento e pronto para os refrões grandiosos, mas talvez o cansaço da semana que chega ao fim e o dia útil que se aproximava não favoreceu a recepção da banda ao melhor estilo brasileiro, com os coros de “Priest, Priest!” ou os característicos “olês” perdendo força cedo demais em todas as tentativas.

Na canto do palco, Richie Faulkner é destaque pelo carisma ao interagir com os fãs, sempre pedindo por palmas e incentivando o público a cantar. De frente para a área PCD, reservada para atender o público de pessoas com deficiência e acompanhantes, o guitarrista percebeu os pedidos de um fã por uma palheta e parecia recusar o mimo, mas logo gesticulou que distribuiria uma palheta para cada pessoa naquela área reservada. E assim o fez, com três viagens de volta ao palco para buscar mais palhetas, parando por alguns instantes para garantir que o homem responsável ganhou a lembrança.

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“Firepower” e “Turbo Lover” foram os primeiros pontos altos da noite. Houve ainda um ótimo momento de interação do baterista Scott Travis antes de “Screaming For Vengeance”, que reforçou a alegria da banda de estar em solo brasileiro e, anunciou que Judas Priest completava 50 anos de metal. Também e falou sobre um tal “disco amarelo” lançado pela banda alguns anos atrás. “É um álbum muito bom”, disse com um sorriso bem humorado.

Com Halford em sua moto na reta final do show, os fãs mostraram a força escondida na trinca perfeita de “Hell Bent for Leather”, “Breaking the Law”, cujo refrão ficou por conta do público”, e “Living After Midnight”, encerrando uma noite de máximo profissionalismo e energia por parte do Judas Priest, que honra o próprio legado como poucas bandas seriam capazes após cinco décadas de existência.

Não fossem esses músicos meros mortais, 50 anos ainda seriam pouco para viver a verdadeira essência do metal, pois orgulho, amor e dedicação não faltam no Judas Priest.

Veja a galeria de fotos exclusiva de nossa colaboradora Leca Suzuki no slide abaixo. Para conferir a galeria de fotos completa, arraste para o lado (caso não consiga visualizar, clique aqui).