Jordan Rudess, que se apresenta no Brasil essa semana, conversou com o Wikimetal sobre sua jornada pessoal e profissional

Jordan Rudess é um tecladista extremamente técnico. O começo da carreira no Dixie Dregs o alçou a uma das bandas que mais transita entre gêneros. O Dream Theater. Que vai do clássico ao jazz, do metal ao progressivo. Tudo dentro de estruturas musicais extremamente complexas.

Rudess é formado em piano clássico, mas já fez participações com diversos artistas distintos uns dos outros. Jan Hammer, Enrique Iglesias e Paul Winter são alguns. Talvez o mais memorável deles seja David Bowie, que o convidou para participar do álbum Heathen, de 2002.

Um virtuoso, não só musicalmente quanto nas aspirações pessoais, Rudess não se conteve em apenas tocar novos instrumentos. Ele quis criar novos instrumentos, “sonhar e produzir o futuro da música”. Hoje, ele é presidente da empresa Wizdom Music, que desenvolve aplicativos para novas experiências musicais.

Com uma jornada pessoal tão única, o tecladista criou um show que passeia por todas essas inspirações. O From Bach to Rock chega ao Brasil nessa sexta, dia 7 de dezembro com show em São Paulo. Passando, também por Belo Horizonte (09/12) e Rio de Janeiro (10/12). Antes da maratona, Rudess conversou com o Wikimetal sobre sua jornada, dentro e fora dos palcos.

WIKIMETAL: Primeiro de tudo, queremos agradecer pela ótima música que você tem criado por tantos anos… Então, em nome de todos os fãs brasileiros, obrigado e bem-vindo ao Wikimetal!

Jordan Rudess: Obrigado! Estou muito ansioso em compartilhar meu show solo de piano, Bach to Rock, com os fãs brasileiro que sempre são muito solidários!

WM: A tour From Bach to Rock que você está trazendo ao Brasil é muito interessante para os fãs porque mostra diferentes estilos. Qual música que você tocará aqui que você considera a mais difícil e por quê?

JR: A “Chopin Ballade in G Minor” é mais desafiadora pra mim. É uma peça muito bonita, mas tecnicamente muito exigente. É necessário muito controle para tocá-la bem. Eu me foquei em apresentar a “Ballade” no ano passado e desde então tem sido um desafio toda a vez que a apresento.

WM: Durante a tour, você toca a clássica “Space Oddity” do fantástico David Bowie. O que você mais lembra de quando participou do álbum Heathen, do Bowie?

JR: Eu lembro de todas as histórias que David me contou antes de gravarmos cada música. Ele era um contador de histórias maravilhoso, muito verbal. Ele me levava em jornadas com as histórias, criando imagens que me inspiravam a tocar cada faixa. Foi uma honra fazer parte de um álbum do Bowie. Eu realmente amo honrar o talento dele a cada noite em que eu toco “Space Oddity”.

WM: Você tem usado a tecnologia como uma ferramenta importante e até criou uma empresa de software chamada Wizdom Music. Qual o seu papel principal na empresa e qual a última criação da Wizdom Music?

JR: Wizdom Music é a minha empresa. Eu sou o presidente. Eu trabalho com desenvolvedores do mundo todo para criar instrumentos de software. Wizdom Music me permite sonhar os instrumentos do futuro, trabalhar com desenvolvedores brilhantes. Trazer os instrumentos à vida e depois me divertir usando as criações nos shows. Meu app mais novo é o GeoShred, que eu usarei no concerto. É uma colaboração entre eu e MoForte, um time que eu conheci da Universidade de Stanford. É baseado em modelagem física, desenvolvido pelo Dr. Julius Smith, um dos meus parceiros. Está interessantemente mudando a história de como a música é feita na Índia. As pessoas estão descobrindo que é um jeito maravilhoso de expressar inflexões de tom avançadas.

WM: Que tipo de conselho você daria para um jovem fã que irá ao seu show no Brasil e pensa em começar uma carreira musical?

JR: Treino. Paciência. Persistência. Se você não ama treinar, se você vê o treino como trabalho, não pense em começar uma carreira na música. Se você ama a música e não a vê como trabalho, mas sim como uma paixão, vá em frente. Não entre no ramo pela fama e fortuna, porque essas coisas, mesmo que as consiga, não trarão felicidade. Felicidade só virá se você for verdadeiro consigo mesmo e seguir seu coração. Comprometer-se à excelência e ser uma boa pessoa que trata as outras com respeito e solidariedade. 

WM: Dois anos atrás, você prestou uma bela homenagem ao falecido Sir. George Martin. A que outro nome da história da música você gostaria de tocar em tributo?

JR: Elton John. Ele compôs músicas tão lindas. Eu definitivamente criaria um tributo musical para ele um dia.

WM: É justo dizer que o novo álbum do Dream Theater, Distance Over Time terá elementos de Images And Words? Se sim, em quais aspectos?

JR: Distance Over Time definitivamente volta ao nosso som raíz com riffs pesados, ótimos refrões e muitos elementos progressivos. Tenho certeza de que fãs do Images and Words ou de qualquer outro fã do DT se identificará com o novo álbum. Estamos muito ansiosos em compartilhá-lo com todo mundo.

No passado, vocês homenagearam grandes álbuns da história do rock tocando shows inteiros baseados em Master of Puppets e Number of the Beast, por exemplo. Vocês pretendem fazer de novo no futuro? Mais importante, no Brasil?

JR: No momento, não há planos para isso, mas nunca se sabe o que o futuro aguarda.

WM: Temos uma pergunta clássica que perguntamos a todos os nossos entrevistados. Imagine que você está ouvindo uma rádio ou um streaming e uma música começa a tocar. Uma música que te faz enlouquecer e a balançar a cabeça imediatamente. Não importa onde você está, você não consegue se segurar. Que música é essa e porquê?

JR: “Sabbath Bloody Sabbath”, do álbum de mesmo nome. Essa música sempre me pega. Eu a ouvia como uma ótima música de rebeldia adolescente. Riffs divertidos e atitude.

WM: Você tem alguma música “guilty pleasure”?

JR: Qualquer coisa do álbum Tapestry, da Carol King.

WM: Você pode, por favor, deixar uma última mensagem para os fãs do Wikimetal?

JR: Será ótimo voltar ao Brasil e, pela primeira vez, como solista! Mal posso esperar por compartilhar minha jornada musical com todos vocês e sentir a energia das pessoas! Eu também estou ansioso para que todos ouçam o próximo álbum do Dream Theater, que balançará o mundo de vocês… Vejo vocês em breve!

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