Joey Armstrong, baterista da banda de punk SWMRS e filho de Billie Joe, vocalista do Green Day, foi acusado de abuso sexual por sua ex-namorada, a cantora Lydia Night, do grupo, também punk, The Regrettes.

As acusações contra o músico foram a público um dia após sua banda se posicionar contra abusos que outros grupos estão sendo acusados e dar apoio às vítimas. Segundo Lydia, esse posicionamento “inacreditavelmente hipócrita” a incentivou a contar sua história.

Em uma publicação no Instagram, Lydia conta que começou um relacionamento com Joey quando tinha 16 anos, e ele 22. Ela revela que o baterista pedia sempre para manter o namoro em segredo até ela completar a maioridade. Lydia concordou pois se sentiu pressionada sexualmente por ele, que sempre se mantinha “no controle da situação”.

Lydia contou sua história em detalhes, desde quando se conheceram até conversas que tiveram alguns dias atrás. Joey entrou em contato com Lydia pelo Instagram convidando a Regrettes para tocar com o SWMRS, grupo que ela já era fã. “Eu percebi que era a única integrante da banda que Joey seguia, mas na época não dei bola. Ele sabia que eu tinha 16 anos e ele tinha 22.”

“Tivemos várias conversas em que ele dizia algo como ‘Eu quero fazer isso no seu ritmo’ e ‘Eu não quero fazer sexo até você ter 18 anos’, mas depois agia de maneiras completamente contraditórias, me pressionando em situações sexuais.”

Na publicação, ela conta alguns detalhes sobre como Joey se aproveitava dela e exigia que ela fizesse muitas coisas que ela não queria e não se sentia confortável em fazer, mas ele não se importava. Joey insistia até ela sentir que não tinha outra opção, ela conta.

Quando Lydia percebeu que estava em um relacionamento tóxico, terminou com ele. Ela tinha apenas 18 anos, idade que teoricamente Joey estaria confortável em contar para os amigos e a família sobre o relacionamento, e conta que ficou evidente que ele estava a enganando quando ele mudou as “regras” que havia ditado durante todo o relacionamento.

“Ele agora disse: ‘Não vamos nos prender a um prazo exato’. Essa conversa foi realmente reveladora. Sua linha do tempo e a promessa de um relacionamento ‘real’ foram as coisas que me impressionaram, mas quando chegamos mais perto do que ele chamaria de linha de chegada, era evidente que isso foi uma besteira o tempo todo. Eu sabia que tinha acabado e decidi terminar.”

Lydia ainda sofre com as lembranças e, como um processo de cura, ela buscou a terapia e chegou a conversar com Joey sobre o ocorrido, porém ele a interrompeu o tempo todo. “Mas pareceu que ele entendeu depois o que eu estava dizendo e se desculpou”.

Quando a banda divulgou um comunicado se posicionando como feministas e contra abusos, Lydia se surpreendeu. Uma semana antes disso, Joey enviou uma carta para ela, porém sem citar o abuso, a diferença de idade, a posição de poder dele ou nada do que aconteceu. Confusa, ela não retornou. Logo após a banda divulgar o comunicado, Joey foi cobrar uma resposta dela em uma tentativa de descobrir o que ela iria fazer depois de ler o comunicado.

Lydia finaliza a publicação agradecendo a força de pessoas que denunciam abusos e dividem suas histórias. “Sua força foi a única coisa que me confortou e me deu coragem de divulgar isso”, ela escreveu. Lydia faz um ponto importante alertando que um relacionamento consensual pode ultrapassar a linha do saudável, se tornando tóxico e abusivo.

“Eu reconheço meu privilégio como uma mulher branca com uma plataforma que traz atenção para minha declaração. Eu quero que as pessoas que não estão em minha posição saibam que eu estou com vocês e espero que isso possa levar algum conforto, você escolhendo divulgar sua história ou não. Você é importante.”

Até o momento desta publicação, o baterista não se pronunciou sobre o assunto. ATUALIZAÇÃO: o músico divulgou uma declaração no dia 22 de julho. Clique aqui para ler a publicação na íntegra.

Se você identificou sua história no relato de Lydia Night, ou conhece alguém que está passando por uma situação parecida de abuso, procure ajuda. Ligue gratuitamente para o 180, a Central de Atendimento à Mulher, converse com seus amigos, sua família, quem quer que você se sinta confortável em falar.

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Jornalista musical há 8 anos, é editora do Wikimetal, onde une suas duas grandes paixões: música e escrita. Acredita que a música pesada merece estar em todos os lugares e busca tornar isso realidade. Slipknot, Evanescence e Bring Me The Horizon não podem faltar na sua playlist.