Após o lançamento do álbum I Want Blood (2024), Jerry Cantrell chegou, pela primeira vez, com sua carreira solo no Brasil, e com uma performance de empolgar os fãs.
Desde o estouro do álbum Dirt em 1992, Cantrell veio com o Alice In Chains algumas vezes ao Brasil, sendo as vindas mais notórias do guitarrista e da banda para o Hollywood Rock em 1993 e o show no Rock in Rio em 2013.
A apresentação única, que aconteceu no dia 12 de novembro, teve presença considerada de público na Audio que quase ocupou inteiramente o espaço disponibilizado pela casa do evento.
A abertura da noite ficou a cargo da banda indie E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante a qual se apresentou com um repertório baseado em músicas instrumentais e teve o curto show passando batido por quem estava presente ou quem chegou após a apresentação do grupo.
Jerry Cantrell começou sem atrasos com a entrada de uma trilha de abertura sci-fi e iniciando os trabalhos com “Psychotic Break”, faixa de abertura de seu segundo registro solo, Degradation Trip (2002).
O público veio abaixo na segunda música da noite quando o guitarrista puxou o riff de introdução do hit do Alice In Chains, “Them Bones”, o qual contou com o vocal do guitarrista de apoio, Zach Throne, nas partes cantadas por Laney Staley, que faleceu em 2002.
Após a euforia de “Them Bones”, o baterista Roy Mayorga começou a introdução de bateria de “Vilified” para a execução do primeiro single de I Want Blood. Sem perder o pique, Throne já engatou o poderoso riff de “Off The Rails” e a performance da música teve uma ótima receptividade dos espectadores.
O carisma de Cantrell é um dos pontos altos da experiência proporcionado pelo show. Desde os tímidos agradecimentos ao final de cada música no começo da apresentação até o elogio do músico a camiseta de um fã mostraram a conexão gerada pelo evento.
A sintonia entre o público e o guitarrista foi tão grande a ponto dos fãs pedirem para Cantrell continuar a performance de “My Song” mesmo com seu instrumento desafinado. Após resolver o problema de afinação da sua guitarra, ele agradeceu o carinho e receptividade dos espectadores.
Canções do álbum Brighten (2021), como “Atone”, “Siren Song” e “Had to Know” marcaram uma outra dinâmica para o show com uma característica sonora mais voltada para o hard rock, mas sem perder o peso trazido por Jerry Cantrell e sua banda.
“Afterglow” e “I Want Blood” retomam a atmosfera pesada de riffs pegajosos e sujos, agora, com a energia crua proporcionada por “I Want Blood”, abriu-se caminho para um dos maiores clássicos dos anos 90 que viria a seguir… “Man In The Box”.
Duo vocal entre Jerry Cantrell e Zach Throne
Para as canções do Alice In Chains, Jerry Cantrell e Zach Throne, que ficou encarregado de substituir a inconfundível voz do finado Layne Staley, dividiram os vocais de forma eficaz e eficiente.
Na performance da icônica “Man In The Box”, que levou os fãs a loucura, embora a voz de Throne tenha ficado com som baixo e em segundo plano, o público o ajudou a dar intensidade necessária para a música enquanto Cantrell utilizou o característico o talkbox na introdução e cantou de forma segura quando exigido.
Já em “Would?”, a parceira voltou a engrenar com Jerry Cantrell cantando os versos e o guitarrista de apoio dando a energia e o peso que a voz de Staley dava para a canção nos refrãos.
Bis
Finalizando o setlist com a sombria balada “It Comes”, Cantrell e a banda voltaram ao palco para performar mais três músicas.
O bis começou com “Brighten”; continuou com “Sea of Sorrow”, a qual foi a surpresa da noite, e terminou hipnotizando o fãs a cantar “Rooster”.
Com o repertório do show baseado na promo das músicas de I Want Blood (seis ao todo – sendo o registro com mais canções no setlist) ao lado de sucessos da carreira solo de Cantrell e do Alice In Chains, a apresentação única em São Paulo evidencia a confiança do guitarrista e a coesão do seu mais novo trabalho de estúdio, o qual vai lhe render, em 2025, uma turnê norte-americana.
A primeira passagem da carreira solo de Jerry Cantrell no Brasil conquistou o público com um rock alto, sombrio e sujo e dando aula de presença de palco, mostrando sua força e importância no cenário musical.
Show inesquecível para quem ama a cena musical de Seattle e o grunge!
Confira o tracker com setlist do show de Jerry Cantrell em São Paulo:
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