Jann Wenner, co-fundador da icônica revista Rolling Stone, foi deposto do Rock & Roll Hall Of Fame após entrevista controversa concedida ao The New York Times, no último sábado, dia 16 de setembro. A entrevista foi concedida para promover seu novo livro, intitulado The Masters, que reúne seleção de entrevistados ao longo de sua trajetória a frente da Rolling Stone.

O cerne da polêmica reside na justificativa dada pelo jornalista para a seleção dos entrevistados em seu novo livro. Ao explicar a ausência de mulheres e artistas negros nas páginas da obra, Wenner alegou critérios específicos que, segundo ele, somente os homens brancos atendiam. Suas palavras geraram um intenso debate sobre representatividade e inclusão no mundo da música.

David Marchese, o perspicaz entrevistador do The New York Times, sondou Wenner sobre os sete temas que sustentam as páginas de seu mais recente livro. Ele questionou Jann sobre a ausência de artistas negros e mulheres em seu zeitgeist.

Segundo o entrevistador, isso levanta uma questão intrigante: como é possível que Janis Joplin, Joni Mitchell, Stevie Nicks, Stevie Wonder e tantos outros nomes notáveis não tenham encontrado espaço nesse contexto? Diante disso, é pertinente indagar: qual é a raiz mais profunda que explica a escolha dos entrevistados e a não inclusão de outros?

Ao responder sobre a ausência de artistas negros e mulheres, Wenner argumentou que nenhum possuía “nível intelectual suficiente articulado”:

“Quando me referi ao zeitgeist, estava me referindo aos artistas negros, não às mulheres, certo? Só para deixar isso bem claro. A seleção não foi deliberada. Foi algo intuitivo ao longo dos anos; simplesmente se encaixou dessa forma. As pessoas tinham que atender a alguns critérios, mas era apenas meu interesse pessoal e meu amor por elas. Com relação às mulheres, nenhuma delas era suficientemente articulada nesse nível intelectual”.

Para completar Wenner seguiu comparando os artistas negros e mulheres como “nível abaixo” dos artistas brancos citados em seu livro:

“Não é que eles não sejam gênios criativos. Não é que sejam inarticulados, embora você possa ter uma conversa profunda com Grace Slick ou Janis Joplin. Por favor, fique à vontade. Sabe, Joni não era uma filósofa do rock ‘n’ roll. Na minha opinião, ela não passou nesse teste. Não por seu trabalho, não por outras entrevistas que ela fez. As pessoas que entrevistei eram o tipo de filósofos do rock. De artistas negros – você sabe, Stevie Wonder, gênio, certo? Acho que quando você usa uma palavra tão ampla como “mestres”, a culpa é do uso dessa palavra. Talvez Marvin Gaye ou Curtis Mayfield? Quero dizer, eles simplesmente não se articulavam nesse nível.”

Ao desconsiderar figuras como Grace Slick, Janis Joplin e Joni Mitchell como não suficientemente “articuladas” para o cenário do rock’n’roll, Wenner evidenciou uma controversa. Sua declaração sobre músicos negros, incluindo ícones como Stevie Wonder, Marvin Gaye e Curtis Mayfield, também suscitou críticas contundentes pela comunidade artística.

A Rolling Stone, em resposta, fez questão de dissociar-se das declarações de Wenner. Enfatizou que o jornalista não possui vínculos com a revista há vários anos. De forma categórica, o veículo assegurou que as palavras de Wenner não representam os valores da revista, cujo propósito é contar histórias que abracem a diversidade de vozes no universo da música.

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